… mesmo que não seja essa a intenção.

– E o Fluminense, vai ganhar hoje? – perguntou meu amigo Robson, também tricolor.

– Vai! Vai passar feito um rolo compressor!

– Fala isso com o padre!

O padre da minha comunidade é flamenguista. Óbvio que eu não falaria aquilo para ele – não apenas por sua condição eclesial, mas porque eu nem sei como ele reagiria.

Aí pensei em como a linha entre a chamada brincadeira saudável e o convite à inimizade ou à agressão pode ser fina.

Eu não costumo fazer brincadeiras com meus amigos, colegas e parentes que torcem para outros times.

Primeiro porque evito até chamar esses próximos por seus apelidos, a não ser que não tenha outro jeito, imagine só mexer com seus times do coração; depois, não tenho saco para lidar com o famoso “Fator Impedimento”, afinal, para uma parcela futebolisticamente atrasada (e grande) da população brasileira, essa é a questão que pode comprovar ou não se uma mulher entende mesmo de futebol… pfff. E, como eu me exaspero com muita facilidade, seria um tremendo prejuízo.

Mas é claro que não parte só destes efeitos. Ponha aí também a chance de entrar numa confusão daquelas, correndo até o risco de levar uma taca por um motivo bem fútil, convenhamos.

É evidente que são visões distintas. Você, que está lendo estas linhas, pode ser chegado a tirar um sarro total com a cara daqueles que são de outras torcidas, e isso é aceitável até certo ponto. Tudo vem da ideia de que o oponente tem mais é que ser esculachado.

Só não me venha com essa conversa mole de que “o mundo está ficando chato”, por favor. O que acontece é que o ódio sempre existiu, mas agora a turma está achando mais meios para liberar sua demanda maligna com toda a força. E o esporte também serve de canal para isso, como escrevi anteriormente.

Então, não participar da zoeira se tornou parte da minha conduta. Se estou certa ou não, não sei, mas pode ser que essa atitude tenha me livrado de um monte de problemas – em especial com as pessoas que prezo.

Panorama Tricolor

Imagem: dan