Anteontem, sete anos completados da semifinal da Libertadores de 2008 entre Fluminense versus Boca Juniors, no Maracanã.
Melhor dizendo, aquele Maracanã, aqueles 84.632 presentes, aquela entrada do time, aquela recepção da torcida, aquela união, aquele anel, e aqueles sinalizadores. Quem viu, viu. Quem não viu, nos ouvirá contar até que a morte nos cale.
Como não lembrar da soberba argentina? Pareceram debochar do nosso empate no jogo de ida. Sim: foi uma vitória empatar com eles em Buenos Aires.
Nosso sentimento era o mais contido possível entre os dois jogos. Não podíamos cantar vitória antes da hora. Estávamos enfrentando um clube que foi campeão da Libertadores algumas vezes. Nós nunca tínhamos ido a uma final.
Em contrapartida, o que ouvimos da parte “de lá”, foi justamente o contrário. Disseram que não importava o resultado em Buenos Aires: o Boca ganharia no Rio de Janeiro.
O menosprezo dos próprios jogadores do Boca em relação ao Fluminense chegava a enojar. O atacante Palermo falou para quem quisesse ouvir que o Boca ganharia os dois jogos, com certeza. Seu colega, Riquelme, disse: “Palermo quer a artilharia e vai fazer cinco gols no Fluminense”.
Eles já pensavam no jogo do fim do ano contra o Manchester, onde pensavam em encontrar o compatriota Tévez no Japão.
No início de 2008, Riquelme foi sondado pela possibilidade de defender o Tricolor e disse: “Fluminense? Quem é o Fluminense?” Sim. Se ele por alguma infelicidade não nos conhecia, passou a saber de forma marcante naquele ano.
Era muita soberba para um time só. E como se não bastasse o desprezo dos “hermanos’, tivemos que aguentar a imprensa brasileira e seus veículos de comunicação diminuírem o Fluminense, dizendo que “não daria” para o Tricolor carioca, pois não tínhamos tradição. Lamentável.
Naquela quarta-feira, 04 de junho de 2007, aconteceu o suave milagre. Os vivos saíram de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos e suas tumbas. Escorria gente pelas paredes do Maracanã. Todos com sede e fome de um milagre: a eliminação do Boca, façanha que, dentre todos os times brasileiros, apenas o Santos de Pelé havia realizado.
Tivemos um primeiro tempo sem gols. No segundo, Palermo de cabeça fez o primeiro dos cinco que pretendia marcar no confronto.
Washington executou a cobrança de falta perfeitamente e empatou o jogo.
O Boca se viu obrigado a tentar gols, cedeu espaço e num contra-ataque, acharam o argentino mais amado do Brasil, Dario Conca. Ele, jogador que nunca combinou com a soberba do time do Boca, fez um lindo gol e o Maracanã explodiu de emoção.
Aos 47 do segundo tempo, Dodô fechou o caixão num toque de classe. Olhei para o lado, vi meu pai urrar. Ele não gritou, ele urrou! Cheguei a ter medo de que ele passasse mal. Mas o Fluminense é bom demais e passamos foi muito bem. Estávamos na final da competição das Américas.
Muito vivemos e muito viveremos. Haja o que houver, décadas passarão e lembraremos com nostalgia daquele Fluminense versus Boca, na libertadores em que o Tricolor calou o coração da Argentina.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @erica_matos
Imagem: google
Doce lembrança! Não parece que já se passaram tanto tempo. Campanha majestosa do nosso amado Tricolor. Foi de arrepiar as emoções que passamos e sentimos. O título não veio por detalhe, virá um dia, com as bênçãos de João de Deus.
Foi a perca do título mais injusto dos últimos 100 anos. A ferida ainda está aberta, mas, “quem espera sempre alcança”.
Saudações Tricolores.
Ótima lembrança Erica, digna de aplausos.