Guardo na memória o dia da final da Copa de 1970. Estávamos mudando de apartamento e meu pai disse aos funcionários do caminhão de mudanças que parassem o trabalho para assistirmos o duelo entre Brasil e Itália – que valia o tricampeonato mundial e a posse definitiva da Taça Jules Rimet
Eu tinha apenas seis anos de idade, mas me lembro bem. Principalmente quando o Rei Pelé, com uma cabeçada mortal, abriu o placar e nos deu a certeza de que nada seria capaz de deter a Seleção Brasileira naquele dia.
Sete anos mais tarde, me recordo de assistir, ao lado de meu pai, também pela TV, a despedida de Pelé, atuando pelo NY Cosmos. E ao gol que, ironicamente, marcou contra seu amado Santos, numa cobrança de falta (o último de sua carreira). Foi o jogo do “Love, Love, Love” que o genial Caetano Veloso imortalizou numa de suas canções.
Infelizmente, quando exercia a função de repórter esportivo, não consegui entrevistar Pelé. O máximo que pude foi vê-lo no paddock de Interlagos numa das corridas de Fórmula 1 que cobri. Mas quando tentei me aproximar, ele sumiu em meio ao séquito de fãs que o rodeava.
Pelé fez parte da minha vida, da vida de todos os brasileiros, de todos os amantes do futebol no planeta. A notícia de sua morte me foi dada por meu filho, que comigo também partilha a paixão pela bola. Com uma tristeza digna da perda que sofremos.
Foi ídolo do meu pai, meu e do meu filho. Cada um a seu tempo, do seu jeito. Quem mais seria capaz, senão um rei, de despertar um sentimento de tal magnitude? Vá em paz, descanse e volte um dia, se for o caso.
Obrigado, Pelé. Reverenciaremos sua memória para sempre.