Acertos, erros e balelas (por Crys Bruno)

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Oi, pessoal.

Finalmente o Fluminense estreou 2016. No geral, eu gostei. Mais ainda do segundo tempo da equipe, onde o gesso da tática do Eduardo foi quebrado e o time mais solto e mais técnico dominou os 30 minutos finais da partida, quase virando o placar.

Não precisamos lembrar que é início de temporada e a falta de ritmo e a perna pesada dificultam a parte técnica. Ainda assim, entre acertos e equívocos, deu para ver muita coisa, como:

– Richarlison e Felipe Amorim sabem jogar futebol.

– Pierre e Marcos Jr destoam. Não têm bola para serem titulares desse Fluminense. Pierre é bom no desarme, mas, com a bola no pé, é um desastre. Ali, na cabeça de área desse futebol moderno, mesmo um primeiro volante tem que ter um passe vertical bom. Pierre erra até passe lateral… Entendo que ele é posicionado a proteger a dupla de zaga, no 4-1-4-1, mas isso, num esquema que compacta oito jogadores atrás da linha da bola, possibilita você usar um jogador mais técnico marcador na posição. Prefiro o Cícero fazendo esse papel.

– Já o Marcos Jr é esforçado, corre, corre, corre, é de razoável para bom se precisar de um toque para finalizar, mas seu passe e drible são muito aquém. Perde fácil sua vaga para qualquer um dos recém-contratados do América-MG. Que Lucescu (Mircea Lucescu, treinador do Shakhtar) não me leia…

– Diego Souza não deve ser o segundo atacante, sobrando na linha de quatro. Esse jogador tem que ser veloz ou ágil porque, em tese, o outro será o imóvel Fred. Faria essa linha com Diego e Cícero por dentro. Deixaria um dos pontas nas costas do lateral adversário porque, como sabemos, embora o computador não mostre, o adversário não nos atacará pela direita e esquerda ao mesmo tempo. Futebol só tem uma bola.

– Falando no 4-1-4-1… essa segunda linha de quatro é irritante. Muito porque recuam os dois atacantes velozes. Um erro estrondoso, espantoso, mas dentro da escola brasileira da retranca. Fico lembrando dos “embates” nos anos oitenta entre a escola do Claudio Coutinho e Zagalo versus a última resistência da nossa escola de futebol, que tinha Telê, Evaristo de Macedo, Carlos Alberto Silva… Venceu a retranca de Rubens Minelli, Ênio Andrade e Lazaroni. Eduardo Baptista não foge à regra, embora seja melhor que seus antecessores porque, além de escalar o jogador dentro da característica que a posição pede, gosta de quem joga bola.

– Henrique é titularíssimo e para ontem. Também Igor Nogueira, como já falava ano passado, porque o vi na Copinha. É mais sério e completo zagueiro que Marlon. A inexperiência é um revés, mas tem que ser o primeiro reserva.

– Se Jonathan conseguir ter o mínimo de condição física… Ele é mais completo que Wellington Silva, que continua marcando mal e cruzando pior ainda. Ou foi a tal perna pesada?

– Danielzinho tomou conta do meio-campo contra os fortões do Shakhtar, que incluía um Dunga do Dunga: o brucutu Fred. Foi um deleite. Me lembrou aqueles baixinhos do Barcelona colocando os fortões na roda em 2010. Rá! Na minha escalação, seria titular sem pestanejar, porque recuaria o Diego para fazer a cabeça-de-área com Cícero, sacando Pierre. Sou adepta do futebol moderno.

– Não quero ver o Fluminense jogando um futebol de Sport, com todo respeito ao Campeão Brasileiro de 87. Por que falo isso? O atual elenco do Flu não fica a dever aos considerados melhores times do país. Se ficar, a diferença é mínima. Por isso, não pode e nem precisa jogar como um Atlético de Madrid contra o Barcelona ou Real, ou o Chipre contra a Alemanha. Ou como um Crystal Palace contra o Manchester City. Desenhado?

– E, hoje à noite, tem mais Fluzão na SporTV, contra o Internacional. Ganha umazinha, vai!

:: TOQUES RÁPIDOS ::

– É uma pena o Ronaldinho ter vindo para o Fluminense com quatro anos de atraso. Seria um delírio ele dar certo, sendo campeão. A Flapress que o odeia por ter dado uma banana para o Flamengo, colocando o Real Madrid da Globo na justiça, e odeia o Fluminense por razões óbvias e históricas, morderia os cotovelos por anos. Mas ele cansou dessa rotina. Uma pena.

– Magnata continua sendo o melhor finalizador do elenco junto com Fred. Rá!

– Falando em Fred… já está contundido? Credo. A “sorte” é que além de centroavante e principal goleador do time, ele é “coordenador técnico” e “conselheiro administrativo”. Com esse acúmulo de funções é “natural” que a panturrilha dê creque.

– A se confirmar troca entre Nem e Marcos Jr, será um caso raro de reforço em dose dupla numa única transação. Vai ser um negócio da China.

– Falando em China… como não bastasse a Europa contratar nossos melhorzinhos, a China passou a contratar até a nossa raspa de tacho. Vai nos sobrar só Diguinhos? Piedade, senhor!

– Conforme informação do jornal italiano Corrielo Dello Sport, Leandro Castán está entre Palmeiras e Fluminense, num retorno ao país por empréstimo de seis meses. O zagueiro da Roma, ex-Corinthians, poderá fazer companhia a Gérson no voo Roma-Rio de Janeiro.

– Bem-vindo de volta, Gérson. Que, em 2016, nenhum técnico escale um dos mais talentosos segundo volantes do Brasil de ponta-direita ou segundo atacante. Amém.

– Joga a Liga, Presidente!

– POR FIM, MAS NÃO MENOS IMPORTANTE…  E aumentam as balelas…

O futebol brasileiro, ou melhor, a sua administração, está tão bizarra que descobri, dia desse, que criaram um departamento de análise de rendimento (rá!). Funciona assim: através de um programa de computador, um profissional “naturalmente” formado em Educação Física, vai dizer se “fulano” tem jogado bem ou mal. Precisam de um programa de computador para isso? Acabo de descobrir que, nós, torcedores, somos gênios.

Seria cômico se não fosse trágico. É trágico. Por algumas razões e destacarei apenas duas: os números não leem a atuação do jogador de futebol como captam a atuação de um jogador de Vôlei, Basquete, Rúgbi… O futebol é mais complexo porque não é só ação com a bola.

Outro fator e o mais pernicioso, prejudicial, é dar embasamento a contratações e dispensas decididas por acertos ou discórdias entre dirigentes e agentes dos atletas. Dois exemplos que, pelo noticiário esportivo, nós vimos no Flu, foram os casos da contratação do Wellington Paulista e dispensa do Vinícius.

Por isso tudo, desconsiderarei qualquer análise de rendimento (nome bonito que arrumaram…) de “neguinho”, “branquinho”, “amarelinho”, “vermelhinho”, com base em estatísticas, cada vez mais, daqui para frente, rabiscando seus nomes de quaisquer boas credenciais. Ainda mais em ano de eleição no nosso Fluminense. Não forcem!

Aumentam as balelas e quem sofre somos nós, torcedores, com cada vez menos qualidade e mais “Diguinhos” e “Lucas Gomes”. Sofrerão também nossos clubes porque a nova geração já não quer saber muito de assistir nossas peladas, preferindo o Playstation e os grandes da Europa.

Parabéns aos envolvidos.

Abraços.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem: taringa.net

PANORAMA 2016 2

4 Comments

  1. Show, mais uma vez! Vamos contratar o Aldo para ensinar o Wellington Silva a cruzar. Chegar na linha de funda, ele até chega com facilidade. Cruel mesmo, é o cruzamento.

  2. Tirando o Daniel no lugar de Pierre o resto eu concordo.
    O Baixinho Daniel não nasceu para isto.
    Poderíamos usar o Marlon ou o Marlon Freitas na frente da zaga pois os dois sabem jogar muito mais que o Pierre e também marcam.

  3. Sempre excelente, Crys. Concordo com você quando enaltece Daniel, Richarlisson e Felipe Amorim. Vi o mesmo que você, embora seja cedo para reconhecê-los como prontos. De qualquer forma, destoaram positivamente dos demais, sobretudo o Daniel. Me pareceu ser muito íntimo da bola. Richarlisson fez jogada de craque e mostrou personalidade. Felipe Amorim sabe tratar a bola. Só acho que WS ainda é melhor que Jonathan. Acho-o pesado, lento, pouco efetivo quando vai à frente. Parabéns!

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