Acabou o amor (por Erica Matos)

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Existem relacionamentos que duram uma vida, outros duram o suficiente para escrever uma bonita história, alguns duram muito pouco e tem aqueles que são empurrados com a barriga, que levam ao desgaste, gerando sentimentos desagradáveis e final infeliz.

Quando Fred chegou ao Fluminense, em 2009, começou um relacionamento com o Fluminense e com a torcida.

Em 2009, tivemos um dos anos mais marcantes no futebol, que desafiamos a matemática e fomos juntos, até o fim, acreditando e apoiando contra um desastre que parecia certo mas foi milagrosamente evitado.

Fred, neste cenário, foi de suma importância e não tem como esquecer o jogo no Couto Pereira, onde vimos garra, coragem destemida e sangue nos seus olhos.

A partir de então, foi consagrado como o líder do Fluminense, que passou a ser o Time de Guerreiros, onde disse uma frase, verídica e que mostrava que ele realmente estava em sintonia com o clube (à época): “Nunca vi torcida igual ou parecida. Nem no Brasil, nem em qualquer outro lugar do mundo.”

O ano de 2010 foi lindo para nós, tricolores; porém, um ano de dificuldades físicas para o Fred. As lesões o deixaram fora de partidas decisivas do tricampeonato. Mas nem por isso foi desmerecido como capitão, onde ergueu a taça do esperado título, ainda que seus gols tivessem escasseado nas últimas dez rodadas, que decidiram a competição.

Veio 2011, um bom ano do Frederico com o Fluminense. Como esquecer dos dois gols na ultima rodada da fase de grupos da Libertadores, onde tínhamos 8% de chances de classificação contra o Argentinos Juniors? Sim, Fred foi protagonista e levou o time até as oitavas-de-final.O campeonato brasileiro daquele ano também foi ótimo para o atacante, onde marcou 22 gols marcados em 25 jogos do campeonato, levando o Flu até a Libertadores de 2012, sem sufocos, ainda que o tetra não tenha vindo.

Chegamos a 2012, O ano para o capitão tricolor. Um ano atípico para o Fluminense e um ano de extrema felicidade para o protagonista do tetracampeonato. Título estadual de lavada e brasileiro por antecipação.

Começaram os procedimentos de aterrissagem.

O ano de 2013 foi o terror para os tricolores. Porém, onde Fred garantiu sua vaga na Copa do Mundo, através de suas boas atuações na Copa das Confederações. Nunca irei esquecer da cena, na final contra a Espanha, onde via cariocas, paulistas, mineiros, gaúchos, dentre os demais torcedores do Brasil, que estavam nas arquibancadas do Maracanã, gritarem “O Fred vai te pegar!”.

Foi uma cena um tanto engraçada ver corinthianos com máscaras do Fred dentro do estádio.

O gol “deitado”, contra os espanhóis, mostrou ao mundo que ele era jogador de um Time de Guerreiros.

Infelizmente, o Fred da Copa das Confederações ficou lá, naquele último jogo.

Infelizmente, cumpriu, junto com seus colegas de elenco, uma campanha rumo à Segunda Divisão. Independente dos erros do Flamengo e da Portuguesa, a verdade é que nossa campanha foi de rebaixamento.

Como em todo casamento, relacionamento, ou coisa do gênero, existem barreiras a ultrapassar. No caso Fred & Fluminense não foi diferente.

Citarei um exemplo: sabe quando o casal enfrenta problemas e a sogra se mete, defendendo uma das partes?

Então, ao longo desses anos que citei, Fred teve um protetor – o que pagou seu salario, que o adotou como queridinho e fez com que o sucesso subisse à cabeça – e ele então passou a se achar dono do Fluminense, com uma segurança exacerbada, sem as devidas intervenções de quem dirige – ou deveria dirigir – o clube.

O filho mimado da Patrocinadora passou a ter uma postura arrogante, descompromissada com o time e agarrada aos cifrões que ganha nas Laranjeiras.

Este ano de 2014, vimos um jogador apático, que muitos afirmavam no início da temporada estar se guardando para a Copa do Mundo. Confesso que até torci mais para a seleção este ano, pelo fato de ter um jogador nosso lá, além da Copa estar sendo no Brasil, é claro.

O que vimos? Um Fred apático, que levou o justo apelido de “cone”.

Em um parâmetro Seleção/Fluminense, mostrou coerência: o mesmo que foi aplaudido de pé na final da Copa das Confederações tornou-se motivo de piada e teve uma partida marcada por um tal de 7 x 1. Antes disso, já falava em deixar o clube, tinha ofendido torcedores e outros petiscos mais.

Voltou com o rabinho entre as pernas para Laranjeiras. O Flu estava com um time arrumado, que encantou por três semanas a torcida e toda a imprensa esportiva brasileira, até mesmo nossos velhos inimigos. A partir da volta do Fred aos campos, conscidentemente ou não, o time começou a desandar e a ficar sem equilíbrio, nos levando a partidas vexatórias neste ano.

Fred teve atitudes ridículas para um capitão.

Ameaçou não entrar em campo por causa de protestos da torcida.

Dentre outros, o mais marcante e a gota d’água, sua entrevista após o vexame contra o Chapecoense, onde fomos goleados por 4 x 1 em pleno Maracanã para um time sem treinador e com seis jogadores dispensados em função da ameaça de rebaixamento – lá, disse que a torcida fez um péssimo papel ao gritar “olé” para o próprio time e exigiu apoio.

Como assim?

Ele queria aplausos depois deste ano vexatório?

Após uma partida perdida para um time cuja folha de pagamento inteira poderia ser quitada com metade de seu salário? E levando de quatro?

Infelizmente o casamento chegou ao fim.

Se ele vai sair (como andam dizendo), não sabemos.

O que sei é que é melhor sair com alguma dignidade – pois muito dela já foi perdida diante da torcida, que mal grita seu nome – do que arrastar-se em um casamento que já foi e já deu o que tinha que dar.

O Fred de 2009 e 2012 merece ser aplaudido de pé e marcou seu nome na história do clube.

O Fred de 2013 e 2014 é simplesmente lamentável.

O Fluminense é grande demais pra ter jogador que se acha dono do time. Nem Castilho, o jogador que mais defendeu nossa caminsa na história, cujo aniversário passou nesta quinta-feira, ousou agir desse jeito – pelo contrário, aliás.

Não somos reféns de um capitão que outrora foi importantíssimo, mas que hoje só pensa em poder, vaidade e dinheiro.

OBS: há quem transforme seus 15 gols neste Brasileiro como uma espécie de “resposta” aos críticos. Com mais de 10 milhões de reais recebidos em 2014, cada gol foi muito bem pago para o sétimo lugar onde estamos.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @erica_matos

Imagem: google

8 Comments

  1. Boas colocações. No entanto, creio que o Fred ainda pode jogar no Fluminense, pois nunca o vi tirando o pé ou se escondendo. Neste ano, com a preparação adequada, jogou quase todas as partidas. Um time para ser grande, precisa de ídolos para a maioria da torcida e creio, que o Fred e Conca ainda são. Não vamos cair no conto da Flapress que gostaria imensamente que o Fred fosse jogador do Flamengo. Reformulemos o elenco em 2015 com critério . O que falta é ordem e disciplina nas Laranjeiras. ST

    1. Fernando,

      Não tiro os méritos do Fred por ser ele, um talentoso jogador, porém, não concordo com quem o compare e/ou o coloque no mesmo patamar de Dario Conca.
      Conca é ídolo, Fred é talentoso.
      Um ídolo não se faz por um campeonato ganho, e sim, pelo que faz pelo time e por sua torcida, durante toda a sua trajetória.

  2. Discordo, o time enganou nas primeiras rodads, ñ esqueçam do vexame contra o Vitória nas primeiras rodadas do campeonato, esse Cristovão é dos pioresvtecnicos da história dobFluminense, pelo menos q eu me kembre,njá q acompanho mesmo desde 64 qdo criança pedia a para meunpai comprar onJornal dos Sports a cada jogo do meu clube tinha meus 9 anos e já era doudompir futebol e ia com meus tios ver o Fluminense jogar, Edsom Borracha no gol, Jorge Vitótio, Denolson Rei Zulu Altair, Amiriso q saudade

    1. José,

      O jogo citado, contra o Vitória, perdemos sem vexame. O time foi aplaudido, pois lutou com garra.

      Os vexames começaram a vir, de verdade, depois da copa do mundo.

      ST

  3. Vocês têm todo o direito de externar suas opiniões;contudo não têm o direito de falar por toda a torcida,que,na sua grande maioria,tem no Fred um grande ídolo e não concorda com as críticas colocadas.Em 2013 tivemos uma campanha decepcionante EXATAMENTE PELA AUSÊNCIA do nosso capitão e goleador,POR CONTUSÃO.Suas atitudes,ao CONTRÁRIO,foram de verdadeiro capitão,contra parcela das TOs (os “mulambetes”) que agrediu nossos jogadores.O Fred sempre deu sangue, sempre foi guerreiro e coerente.MITO.

    1. Favor não distorcer a realidade. Os cronistas do PANORAMA expressam suas opiniões livremente, com pleno direito. Falar por toda a torcida do Fluminense é uma petulância à qual não nos propomos. ST

    2. Desculpe, mas com que autoridade você afirma que a grande maioria da torcida apoia o Fred? Tenha santa paciência. A Erica externou a opinião dela, que por sinal, eu concordo. Você não concorda com ela? Legal. Só não venha com este papo de “a grande maioria” isso ou aquilo, pois sua opinião não tem nenhum embasamento quer garanta isso.

      1. A admin. do PANORAMA, já colocou muito bem a posição que temos enquanto cronistas.

        Fiz um texto, traçando um parâmetro da trajetória do Fred.
        Discordar é um direito de quem lê.

        P.S:. Depois do ocorrido no domingo, com a artilharia imposta, reitero o meu ponto de vista em relação ao “ainda capitão”.

        ST

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