Pra que isso, Abel? (por Jorge Corpas)

Após uma semana muito intensa, com vários momentos impactantes no nosso Fluminense, chegamos a mais uma semifinal do Carioca.

No caso em questão, o Clássico Vovô, que não perdemos há dez jogos.

Iríamos encarar um adversário em um momento de reconstrução. E, claro, todo o favoritismo é do nosso Fluminense, mesmo com o emocional abalado que não servirá de desculpa se não superamos o adversário num momento tão fragilizado.

A torcida ainda abalada e reconstruindo o emocional, já que o principal objetivo do primeiro semestre não foi atingido: não conseguimos classificar na fase de grupos da Libertadores.

Bom, a pergunta era se os eventos da semana passada conseguiriam tirar definitivamente o Fluminense dos trilhos.

Comandado pelo nosso ilustre treinador Abel Braga, um cara que sou muito agradecido e muito fã, treinador que mostra muito respeito, gratidão e amor ao nosso Fluminense.

Agora, Abel, muito além de ser fiel aos seus princípios e convicções, tem mostrado uma teimosia imensa que chega perto da prepotência.

Ao insistir neste esquema de 3-4-3 (e suas variações) e levar a campo um time titular muito questionado e que, no pior de tudo, não se justifica pelos resultados, além de claramente não ser aprovado por grande parte da torcida, que apesar de não ter dado dois treinos e não ter assinados cheques, financia através do sócio, do sócio torcedor, da presença nos estádios ou através de compra de produtos licenciados, o mantendo entre os maiores do país.

Abel, mais uma vez opta por colocar um time com três zagueiros que se juntam a dois volantes que se mantém distantes da linha de ataque, deixando um buraco enorme para que qualquer adversário possa se aproveitar e que deixa nosso time sem jogadores de criação e sem verticalidade. Com isso, sem jogadas de ataque, ficamos num esquema 3-4-0-3.

Como falei acima este esquema não se justifica, visto que até o momento o time chamado de titular não consegue sair de campo vitorioso e que, salvo engano, só fez um ou dois gols na temporada.

A escalação exige mudanças quase sempre após os 20 minutos do segundo tempo, para alterar o esquema e fazer o time jogar.

Contra o Botafogo, as alterações realizadas no segundo tempo foram Yago no lugar do Calegari – substituição que muito me agradou, de muito mais mobilidade, acho que podemos ter um caso parecido com o do Caio Henrique -, Nonato no lugar de Martinelli – dando uma injeção de fôlego no meio campo – e Ganso no lugar do David Braz – a meu ver foi o ponto crucial para o Fluminense mudar a história do jogo, já que Ganso faz as jogadas se verticalizarem.

Com as mudanças o Fluminense dominou o meio campo e tomou conta do jogo, chegando ao gol com uma triangulação dos jogadores que entraram no jogo e a finalização de Arias, o melhor em campo, não somente pelo gol, mas pela entrega em campo. Lamento muito que não conseguiremos ver LH e Árias juntos incendiando os jogos.

Com a vitória consumada, vem como cereja do bolo a coletiva do Abel, que ao ser questionado pelos repórteres sobre a falta de criatividade do time respondeu que os resultados são positivos, com 13 vitórias em 16 jogos.

Meu caro Abel, este número de vitorias não nos levou a nenhum título, nem nos levou à conquista do principal objetivo do semestre, que era a vaga da Libertadores.

As vitórias não foram construídas com total supremacia sobre o adversário e nem com grandes exibições.

Por todo carinho que tenho pelo Abel e já exposto acima neste texto, vou considerar que sua resposta se deu por palavras mal empregadas. Acho que até caberia uma revisão posterior nas suas palavras, para que não tivéssemos a ideia que existe alguma prepotência e arrogância, para não poder aceitar outra forma de ver ou avaliar o futebol do seu time.

Saudações tricolores aos amigos.