Tricolores de sangue grená, em tempos de quarentena me sobram muito tempo, mas pouca criatividade. Afinal, o propósito do Panorama Tricolor é falar sobre o Fluminense Football Club, e a falta de atividade do clube fundado por Oscar Cox atinge principalmente aos cronistas de ocasião, como eu. Há muitas colunas maravilhosas nesse ínterim escritas pelos talentosíssimos colunistas dessa casa, boa parte delas relembrando momentos não menos orgásmicos vividos pelo nosso tricolor. Confesso que essa não é muito a minha praia, prefiro discorrer sobre a atualidade. E o que temos para hoje? Sobre bola em campo, nada, mas fora das quatro linhas o Fluminense vem dando exemplo. As mazelas que nos afetam – cada um com sua própria história – decorrentes do isolamento / distanciamento social ao qual precisamos nos submeter (e quem acha que não precisa, é bom que repense) criam oportunidades para que certos valores sejam reforçados ou descartados. Parte da nossa identidade é definida e realçada nesses momentos, os de dificuldade. E com o Fluminense não é diferente.
A conduta da diretoria do clube, dos jogadores e comissão técnica acerca da negociação para redução dos salários, pagamento de férias a posterior, pessoas da gestão abrindo mão de parte dos salários para não deixar os funcionários do clube sem pagamento… tudo isso não pode passar batido. Tem que ser – e muito – exaltado. A postura recente do clube em não assinar o termo nefasto proposto pela FERJ para retomar as partidas do Carioca quando as mortes por COVID-19 não param de crescer é digna de aplausos – estendidos também ao Botafogo, ao menos nesse sentido. Essa dignidade, o caráter humano com que nossos dirigentes conduzem uma situação tão difícil, diz muito sobre o time que escolhemos para torcer. Quando vejo os valores exaltados por Artur da Távola no texto “Ser Fluminense” aplicados na prática, sinto-me completo enquanto torcedor. E não se enganem: essas ações nos agigantam, e o reflexo disso acontece naturalmente. Basta notar quem anda em maior evidência entre os clubes do Brasil.
O Fluminense vence tudo que é enquete na internet, principalmente as que decidem a reexibição de partidas gloriosas do nosso Tricolor. O engajamento da torcida mostra a nossa força, para desespero dos nossos detratores. A Flapress não tem conseguido nos diminuir, já que não há jogos e temos feito o dever de casa extracampo, com a torcida dando show nas redes sociais e chegando junto de verdade: o Fluminense foi um dos poucos clubes que teve aumento na associação durante esse período de inatividade. Nos últimos dias, finalmente as camisas fabricadas pela Umbro foram lançadas, com uma live do rapper Xamã que bombou, chegando a um pico de mais de 30.000 pessoas assistindo, além do esgotamento do primeiro lote de camisas em pouquíssimo tempo. A cereja do bolo veio com os vários comentários recentes de estrangeiros acerca da beleza das novas camisas, despertando a atenção do mundo para a marca Fluminense e ajudando na internacionalização da mesma. O momento é único.
Isso tudo só mostra que, mesmo no pior período que a atual geração já vivenciou na história brasileira, o Fluminense assume um protagonismo que, a bem da verdade, sempre lhe foi natural. A vida é mais que futebol. O entretenimento, os onze contra onze, as disputas, as glórias, tudo isso seria vazio sem a essência, a humanidade, a tolerância, os valores. O Fluminense hoje reforçar a representação dos valores que sempre encarnou só prova ainda mais esta verdade. Mesmo sem bola em campo, sem um golzinho sequer, influencia a vida das pessoas, dando o exemplo e contribuindo para uma sociedade melhor, para ao menos ajudar a manter acesa a chama da esperança contida no verde do seu pavilhão, outorgar o vigor necessário para suportar tamanhas dificuldades e instilar a paz necessária para que as decisões sejam tomadas de cabeça fresca e consciência tranquila. Torcer para o Fluminense, mais do que qualquer coisa, é abraçar tudo isso. Caso contrário, não vale a pena. Simplesmente, não vale a pena.
Curtas:
– Camisas lindas, lindíssimas, exceto uma. Gostaria muito de saber quem teve a ideia para a primeira camisa do goleiro. Muito esquisita, pra dizer o mínimo.
– Resolvi construir uma página no Facebook e um canal no Youtube com meu irmão, Roberto Senra, e com meu amigo tricolor de longa data, Derckson Gonçalves, onde publicamos vídeos de resenhas nossas e alguns outros contando curiosidades sobre a história do clube. Para quem puder dar uma moral, seguem os links:
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