Neste período de necessária reclusão, falar sobre atualidades de um futebol que está parado me soa desinteressante. Portanto, vou dar início a uma série de crônicas abordando algumas de minhas lembranças sobre o Fluminense. E como Roberto Rivellino foi o maior ídolo que tive com a camisa tricolor, abro a série falando sobre ele.
Que Rivellino estreou pelo Flu no Maracanã fazendo três gols na goleada de 4 a 1 sobre o Corinthians, no sábado de carnaval de 1975, muita gente lembra. Mas o que grande parte de nossa galera talvez não saiba é em qual jogo ele vestiu nosso manto pela última vez no maior templo do futebol mundial. Foi contra o Bahia, pelo Campeonato Brasileiro de 1977. Vencemos por 1 a 0.
Eu estava na arquibancada com meu saudoso pai, o cara que me ensinou a ser tricolor. Era o último jogo da primeira fase da competição. Riva estava em campo fazendo a função de meia-armador e até chutou uma bola no travessão. No final da primeira etapa, Gilson Gênio, que atuou como ponta de lança (Doval estava lesionado e Geraldão foi o centroavante), marcou o único gol da partida.
No segundo tempo, o Fluminense – como historicamente é de costume, infelizmente -, recuou. E lá pelas tantas, foi castigado: pênalti para o Bahia. Contudo, Wendell defendeu a cobrança de Freitas e garantiu que saíssemos do Maraca celebrando o resultado positivo.
Na verdade, ninguém poderia imaginar que aquele seria o último jogo de Rivellino pelo Fluminense no estádio. O fato é que, logo depois, ele se lesionou e ficou fora da segunda fase do Brasileiro – na qual o Tricolor acabou eliminado.
Riva ainda disputaria alguns amistosos com a camisa das três cores que traduzem tradição, mas nenhum deles no Rio. Seu último gol pelo clube foi numa vitória de 4 a 2 sobre o Carlos Renaux, time de Santa Catarina (não creio que exista mais). Depois, foi cedido à Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo da Argentina; na volta, seria vendido ao futebol árabe no famoso episódio que ficou conhecido na boca do povo como o do “Cheque Voador”.
Naquele domingo que guardo na memória, o Fluminense, então treinado por Pinheiro, atuou com a seguinte formação: Wendell, Edevaldo, Tadeu, Edinho e Carlinhos; Kleber e Rivellino; Cafuringa, Geraldão (Dirceu Lopes), Gilson Gênio e Zezé.
Bom, espero ter entretido os leitores com essa lembrança. Vou tentar puxar outras da memória para que possamos, neste período de fé e reclusão, alegrar os corações tricolores com algumas histórias. Afinal, como dizia Nelson Rodrigues, pobre do clube que não cultua santas nostalgias.
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