A simplicidade de Gérson (por Eric Costa)

gerson fox sports 03 2015

Domingo, quando Gérson arrancou, cambaleando ao sabor dos puxões, arrematou e lançou-se à arquibancada, veio em mim uma emoção distinta.

Distinta não por uma sofisticação especial, mas única por uma simplicidade ímpar. E de arrepiar.

Futebol precisa ser solene até o momento do apito inicial. Dali em diante, deve ser jogado com a irreverência de quem bate uma bolinha no Aterro. Foi assim que Pedro Bial escreveu em 2010 enquanto uma nação caía em lágrimas pela conquista do Brasil.

Gérson, ali, trouxe no gesto de oferecer o abraço à torcida o futebol na essência, com a inquietude e necessidade que um menino sente de sair sorrindo aos que assistem quando faz seu primeiro gol em um campinho.

E quando se ajoelhou aos pés da arquibancada do Maracanã, que não o engolia ou amedrontava, mas sim admirava, Gérson não foi ao chão. Na humildade da gratidão do gesto, voou.

Se o voo permanecerá fazendo a conexão entre Álvaro Chaves, Mário Filho e os corações tricolores, apenas o futuro – e quem faz o futuro do Fluminense – pode nos dizer, ainda que Fred, com astúcia, tenha indicado que a pista de pouso para isso chama-se “planejamento”.

Que o combustível a mover Gérson possa ser sempre o amor e a paixão ensandecida do gesto de ontem. Talvez uma das características mais sábias que um veterano possa ter em suas atitudes seja a capacidade de buscar dentro de si o que ainda lhe resta de moleque, na melhor acepção do termo: o brilho nos olhos, o deslumbramento, o sorriso aberto e a serenidade decidida, em um contínuo viver o Fluminense e se apaixonar por ele, algo inevitável, segundo nosso caro Paulo-Roberto Andel.

Conexão, combustível, pista de pouso. Mais dois aparatos tecnológicos aqui e vou fugir ou contrastar com a simplicidade do garoto que alçou voo, meus amigos, mais como um pássaro do que de outro modo. Um pássaro negro, aquele mesmo cantado nos anos 60 até hoje. Um pássaro negro que pegou suas asas e aprendeu a voar pois a vida inteira estava esperando que aquele momento chegasse. E que agora, com seus olhos fundos, tenta aprender a enxergar o horizonte que se abre.

Com as honras de Lennon, McCartney e alguns outros, mas sem querer que para as terras deles você voe, Gérson, eu lhe digo: você voou, mas o grande céu ainda é só uma promessa. Não tenha pressa, mas, sempre que puder, venha nessa direção. Na direção daqueles que, quando você abrir as suas asas, sempre terão braços abertos de volta a te receber.

Saudações tricolores.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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#SejasóciodoFlu

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