Depois da boa vitória de sábado passado, o Fluminense deu um passo rumo a dias mais tranquilos. No entanto, um tema foi novamente motivo de certa frustração nas discussões e conversas tricolores: a presença numérica do torcedor no Maracanã, considerada aquém do justo e razoável.
Vivendo essa história há 40 anos, eu tenho lá meus palpitezinhos de botequim a respeito.
Primeiro e mais recente, a verdadeira desgraça que foi para o Fluminense ficar quase uma década como nômade dos estádios, por diversos motivos, ao mesmo tempo que veio o boom das transmissões pela TV fechada. Isso desacostumou de vez uma parte da torcida ao hábito dos jogos; outra parte dela, mais jovem, sequer o cultivou. Os torcedores mais humildes foram varridos economicamente.
Segundo, o erro crasso – ainda que com boa intenção no fundo – de insistir em chamar o torcedor para cumprir uma “obrigação”. Isso talvez tenha dado certo em clubes que têm quatro ou cinco vezes mais torcida do que o nosso. Entendo perfeitamente quem fica agoniado com nossas arquibancadas cheias de lugares sobrando, mas nenhuma palavra de ordem vai colocar 40 mil tricolores na média anual – marca essa que só foi atingida nos 115 anos do clube em 1976 com a Máquina, por motivos óbvios.
Terceiro: o mundo real e os fatos como eles são. A verdade é que historicamente, salvo efemérides e urgências – Libertadores 2008, lutas contra o rebaixamento em 2008/2009, títulos brasileiros, clássicos dos anos 1970/1980, alguns jogos decisivos no século XXI -, a torcida do Fluminense sempre teve o hábito de comparecer em massa de forma pontual na Era Maracanã. O relato imortal de Nelson Rodrigues sobre o tricolor que se abanava com a Revista do Rádio, mas que no momento crucial estava na arquibancada, tem mais de 60 anos. Caros amigos, se eu for escrever as lembranças de jogos do Flu em que estive com pouca torcida presente desde 1978 (cinco mil torcedores ou menos), com facilidade publicarei um livro de 500 páginas.
Por fim, os problemas que todas as torcidas têm hoje no Rio, relativos a horário, violência, vaidades etc. O Botafogo só atinge públicos expressivos na Libertadores. O Vasco, com sua imensa torcida, contentou-se em voltar para os anos 1940, lotando São Januário ocasionalmente. No exato momento da redação desta coluna, com o Maracanã estupidamente fechado, Flamengo e Botafogo jogaram o clássico em Volta Redonda para pouco mais de dez mil torcedores presentes – um público menor do que na partida Fluminense x Vitória. Aliás, o futebol do Rio só sai dessa draga quando houver ação conjunta.
É claro que precisamos de mais gente nas arquibancadas do Fluminense, e para ontem, com criatividade. No entanto, é preciso um aprofundamento muito maior do debate desta questão para as providências consistentes. O excelente preço barato não é suficientemente eficaz para trazer torcida sozinho por um único motivo: ele atraía imediatamente os torcedores menos abonados – e estes foram limados de vez do Maracanã há anos, como disse lá em cima.
Quais as soluções? Não me cabe o pedantismo oco de latifundiário da razão – já tem gente demais para este papel. Nesta conversa de bar, apenas falei do que me incomoda. Agora, parece evidente que tudo isso passa pela incrementação progressiva de marketing, mudando um incômodo paradigma de décadas. E de uma enorme reflexão sobre como trazer a torcida para perto do time literalmente falando.
Ah, também precisamos do Estádio das Laranjeiras redivivo. É nossa casa, nossa identidade, ele nos agiganta e não o contrário. Seu carisma e história podem ajudar muito neste processo. Este já é outro debate, ainda mais longo. Entretanto, o sentimento de que o Fluminense precisa de seu estádio próprio, tendo o Maracanã como palco de compromissos de maior apelo, é quase uma unanimidade – e nenhum outro lugar pode ser melhor do que o berço natal do futebol brasileiro. Falaremos disso na TV PANORAMA desta semana.
Última forma: se o Maracanã só é viável para jogos com no mínimo 40 mil pagantes, sua formulação matemática está completamente equivocada, seja privatizado, concedido ou não. Pagar quase 30 mil reais pelo aluguel de andaimes que formam as filas de acesso – por jogo! – é, sem dúvida, um retrato fiel do que está acontecendo com o estádio, cuja obra bilionária foi paga com o nosso dinheiro. Ou parte dela, já que o resto foi surrupiado por alguns detentos do sistema carcerário local.
Panorama Tricolor
@PanoranaTri @pauloandel
Imagem: rap/curvelo
Realmente os dias e horários dos jogos do fluminense são em sua maioria sempre complicados. Vale conferir nossos jogos né início de brasileiro, a tabela nunca nos ajuda. Ao me ver acontece muito coisa nos bastidores para cada vez mais nos minar, seja qual for o motivo. O fluminense é o clube mais perguido do futebol brasileiro, só ganhamos destaque se for algo para nos denegrir, como a história recente mostra. O fluminense perdeu toda a força nos bastidores, essas últimas arbitragens, meu Deus.
Sou parte dos chamados torcedores Varridos do Maracanã. Por enes motivos. A tempos o Flu sempre nos Decepciona nos momentos em mais acreditamos. Essa última decisão do Carioca foi Bizarra e pra lá de Suspeita. O nosso Treinero cheio de pompas durante as semanas que antecederam os jogos finas.
Divulgando escalações ja na quinta-feira. Nos últimos anos nenhum treinador faz isso. Barrando jogadores que vinham muito bem e colocando Maranhão. Osvaldo. Nogueira. Pra mim deu presentinho pro Zé…
nao sei se tem a ver,mas nossa tabela nao ajuda sempre piores horarios,veja bem 15.06 feriado FLUxgremio 21 hs,e pra galera nao ir
s.t.
Andel: Sem dúvidas, Marco. Isso é um problema sério também. ST
Muito bem colocado as razões… Tem tb o marketing, tivemos um jogo no dia das mães no maracanã as 11 horas e nenhuma promocão para as mães e seus bebês… era hora de abrir as portas para elas, o maridão pagaria e o publico explodiria, lembro de uma fluminense x vasco que fizeram isso e deu mais de 100 mil… esse jogo foi bom só por isso. de resto melhor esquecer…. Abraço e S tc