Um misto de alegria e de irritação. Ou de desânimo, não sei. Parece incompreensível, mas explico. Seria louco se não quisesse que isso acontecesse. Óbvio que é ótimo. O problema é a intensidade logo no começo da carreira. Um crescimento gradual, depois de conhecermos até onde é possível cada um chegar, principalmente, para se estabelecer valores justos, seria bem melhor. Chamariam a atenção na hora mais apropriada. Hoje, se chegar alguém com um punhado de dólares, leva e, certamente, abaixo do que pagaria em relação a essa outra situação que imaginei.
Mas, virão buscar os garotos? Virão. Claro que virão. Gerson e Kennedy estão com os dias contados e, se continuarem assim, veremos os dois com a camisa tricolor por pouco tempo. A cada gol, a cada jogada diminuiu o prazo. É a natureza. Com o Marcelo foi assim. Mal subiu e saiu. Imagina se ficasse mais uns três anos? Rafael e Fabinho também. Acredito até que, se passasse pelo processo completo de formação do jogador, Lenny teria vingado, pois tinha um bom futebol. No entanto, praticamente, saiu do juvenil para o profissional. Há o risco dos descaminhos e, por isso, de não vingarem, mas, mesmo assim, seria mais benéfico e lucrativo do que esse imediatismo que reina por aqui.
Saindo dessa choradeira, como resolver? Infelizmente, é impossível competir com o mercado europeu, americano e asiático. Isso mesmo, o asiático. No entanto, daria para esperar o amadurecimento e a consequente valorização antes de despachá-los. Para isso, os clubes precisariam, primeiramente, sair desse estado de mendicância em que qualquer dinheirinho salva a folha de pagamento da temporada.
Há medidas isoladas, mas que resolverão problemas isolados. O que se precisa é de um planejamento que saia do foco individual e que ajude todos, ou quase todos, a crescerem. Só que ninguém se propõe a sentar, em conjunto, para discutir a melhoria do nosso futebol. O assunto do momento é o “flair play” financeiro. Necessário. É uma evolução. Mas o principal foco teria que ser a recuperação do potencial brasileiro em revelar novos valores. Temos que reencontrar ou refazer a fórmula da revelação de craques. Precisamos, urgentemente, de mais Gersons e Kennedys e de menos Euricos e Rubinhos.
Da próxima vez, avisem
Não pude assistir ao jogo de quinta ao vivo. Gravei. Cheguei em casa por volta das 23:30h. Não olhei celular, internet, nem liguei o rádio para não saber de nada. Faço isso quando vou ver o VT. Nem sempre funciona. Às vezes, alguma coisa estraga tudo. No caminho para casa, vários bares estavam mostrando algum jogo. Do Fluminense? Pode ser, mas nem olhei para os lados para conferir.
O sono estava forte, afinal, a faculdade é um novo ingrediente na vida, mas a obrigação falou mais alto. Liguei a TV e “voltei a fita”. Lembra quando era o VHS? Às vezes, não disparava a gravação. Ou parava no meio. Ou o canal escolhido era o errado. Desespero total…
Jantarzinho no colo e 1, 2, 3. 4, 9, 15. O olho ardia, pescava de vez em quando, mas não desistia. Ainda faltava mais de hora e a tendência era do quarto, do quinto, do sexto. Três gols a cada 15 minutos, logo, seria 18 x 0. Pena que o futebol não segue essa lógica infantil, mas uns seis ou sete cabia. Nada. Três gols em 15 minutos, em meia hora, num tempo.
Pensava: “voltarão do intervalo dispostos a encher o gol de Preto”. Nada. A última meia-hora se arrastou. “Vou para a cama”. “Não posso”. Não ficaria bem com a minha consciência. 30, 29, 28, 27:30, 27:15, 27:14, 27:13. De repente, o cronômetro saltou cinco minutos e acordei. O tempo continuava a rastejar. Fui até o fim. Senti que era um herói, mas dispensaria. Bastava que me avisassem que um jogo de futebol tem, somente, quinze minutos.
Panorama Tricolor
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Imagem: lancenet.com.br
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