1974 – 12 anos
Talvez, aquela tenha sido a Copa que mais me deixou triste após a eliminação. Lembro-me de ter feito uma bandeirinha com um pedaço de pano branco, colorida com tinta guache, de verde, amarelo e azul.
Com o tri no México, a conquista da Taça Independência, torneio realizado em comemoração ao sesquicentenário da Independência do Brasil, e a entrada forte dos meios de comunicação na nossa vida, respirava-se, como nunca, futebol.
Na escola, disputávamos quantos e quais jogadores de nossos times seriam convocados para a Seleção. Dava muito orgulho ter um, dois, três vestindo a amarelinha.
Ainda não tinha muito poder de análise de uma partida de futebol. Deixava-me levar pelos comentários que ouvia, principalmente, do meu pai. Nessa toada, fiquei convencido de que os empates, contra Iugoslávia e Escócia, foram decepcionantes e de que a Seleção, sem Pelé, não ia chegar longe. Essa opinião geral cresceu após a dificuldade em bater o Zaire.
As vitórias sobre a Alemanha Oriental e a Argentina, reverteram, em parte, o pessimismo. Falava-se da Holanda, falava-se do Ajax, base da Seleção de Rinus Michels. No entanto, pouco se via. Antes do jogo, Zagallo declarou: “O time deles é bom, mas os holandeses não têm tradição em Copas e isso pesa. A Holanda não me preocupa”. Embarcamos. Inclusive, com boa dose de pachequismo.
A Laranja Mecânica rodou feito carrossel. O Brasil sambou. Lembro-me de chorar copiosamente no sofá da sala. Meu pai dizia que era bobagem. Nada demais. Para mim foi. Quando se é criança, não há racionalidade para prever outras possibilidades além de uma esperança qualquer.
1982 – 20 anos
Para muitos, o time de Telê Santana foi a melhor Seleção. Sem chances. Inclusive, vou mais longe. A atuação na Copa foi muito inflada. Fez uma boa Copa, mas aquém, por exemplo, das atuações numa excursão pela Europa. Ali, deu show. Na estreia, penou contra a União Soviética e só ganhou porque o árbitro não deu um pênalti, quando os soviéticos ganhavam o jogo. As vitórias sobre Escócia e Nova Zelândia aumentaram o ar de favoritismo. Os 3 x 1 na Argentina liquidaram a Copa. Nem precisava mais jogar.
Cheguei em casa para almoçar e acompanhar o “amistoso” contra a Itália. Uma seleção que tinha empatado os três jogos da primeira fase iria ser goleada pelo scratch canarinho! No mínimo, 4 x 0. Fora o baile! Fiz uma pratada respeitável de baião-de-dois. Apesar de certo descontentamento com tanto oba-oba, torcia para emplacar o tetra. Meu envolvimento emocional com o futebol da Seleção tinha ficado lá por 1974. Mesmo assim, queria o caneco.
O jogo foi muito bom. Dois times grandes. Não conseguia comer o baião-de-dois. Os olhos vidrados na tela. A Itália não era a galinha que seria morta e trucidada por aquele time rotulado de “fantástico”, “espetacular”. Para mim, excelente. O baião-de-dois esfriou e não descia. Estava entalado com um futebol eficiente da Azurra.
Passados os anos, descobri porque só achava excelente e não sobrenatural ou coisa de outro mundo, como diziam. Faltou alguém dentro de campo que batesse no peito e olhasse os companheiros dentro dos olhos para que entendessem quem mandava ali. Foi assim com Schiaffino, Didi, Pelé, Beckenbauer, Romário, Maradona, Zidane, Ronaldo.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @MauroJacome
Revisão preliminar: Rosa Jácome
Foto: recantodonordeste.com.br, imortaisdofutebol.com, theguardian.com
hoje jogo.. Flu x Ita… e mto bom… mas não 2 tempo .. 8min – 12 min… 3 minutos do horrivel…
O misto do Fluminense e a squadra azzurra com direito a Pirlo, DeRossi, Balotelli, Cassano protagonizaram a final antecipada da Copa.