Tricolores de sangue grená, Roger Machado teve uma semana cheia para treinar para um dos jogos mais importantes do campeonato, a partida contra o Palmeiras no Allianz Park, a qual conseguimos a façanha de perder com um gol contra envolvendo um ator já bem conhecido, nosso lateral-esquerdo titular e capitão postiço, Egídio. É bem verdade que Manoel e Marcos Felipe não se entenderam, mas o lance foi confuso e o gol contra, acidental. Ambos vinham bem, já Egídio protagonizou mais uma “entregada”, infelizmente. Se há algo para se comemorar é o fato da frequência da entrega de paçoca ter diminuído um pouco, mas está óbvio que continuará acontecendo. O modo como o jogador adversário passou por ele me lembra as peladas. Jogador profissional não pode protagonizar um episódio desses, tampouco aquele de Nenê perdendo a bola sozinho ao dominar errado e caindo no gramado porque já tinha passado da hora de ele ser sacado. A semana de treinos parece que não resolveu velhos problemas, infelizmente.
De positivo, o time fez um bom primeiro tempo. Pareceu um time de futebol de ponta, anulando o bom time do Palmeiras e merecendo sair com a vitória. Mas o diabo mora nos detalhes… futebol não é merecimento, é eficiência (quando a arbitragem não atrapalha). E o Flu não foi eficiente para matar o jogo ainda no primeiro tempo, mesmo tendo pelo menos duas chances que não se pode desperdiçar. Se tivesse vencido, provavelmente essa coluna seria dedicada a exaltar um grande feito, que é ganhar deles em São Paulo, evento que não rola desde a goleada impiedosa aplicada em 2001. Já faz tempo demais. Enfim, Martinelli e Yago foram os destaques, jogando muita bola, o que me fez ficar pistola com o Roger ao tirar o Yago no segundo tempo para colocar o Ganso. Entendi que ele foi pro tudo ou nada, mas nesse caso que tirasse o Egídio e deslocasse um dos pontas pra fazer a lateral, sei lá. Mais uma vez, Roger se mostrou limitado e burocrático demais para alguém que treina o Fluminense.
É aquilo, foi só a 13ª rodada, ainda tem muita água pra passar debaixo da ponte, mas olho agora para a tabela (no momento em que escrevo a coluna) e vejo o líder já abrindo 14 pontos da gente e o primeiro colocado da zona maldita somente 7 pontos atrás. Se prosseguirmos na Copa do Brasil e na Libertadores – que é o que espero – o Fluminense precisará entender que o Brasileiro também é importante e se concentrar nele. Há alguns jogadores que claramente andam se poupando em campo, e basta contrastar o empenho do time na Libertadores com o que vemos na competição nacional para detectar essa diferença. E se a intenção é focar nas Copas, ao menos o mínimo tem que ser feito, que é alcançar uma pontuação que nos possibilite permanecer na primeira divisão, e ainda faltam uns 30 pontos, ou 10 vitórias. O Flu conseguiu 4 em 13, o que é bem pouco. Se mantiver esse aproveitamento, conseguirá no todo umas 12 vitórias apenas, obtendo 24 pontos dos 30 que precisa. Precisaria de seis empates nessa equação, o que parece plausível, considerando que já temos cinco.
Mas se só de dedicar um parágrafo inteiro a fazer contas desse tipo eu já torço o nariz, imagino que vocês, leitores, também o façam. Ninguém imagina o Fluminense sofrendo para se manter na Série A, mas a brincadeira é de pontuar, e é essencial fazê-lo agora enquanto a pressão ainda é relativamente pequena. Se querem jogar as Copas pra ganhar, não podem estar com uma preocupação dessas sobre os ombros. Roger disse na coletiva que agora vai usar os titulares direto, e espero que não apenas faça isso, mas também reconheça quem tá na hora de ser reserva e barre quem tiver que ser barrado. Acho muito mais inteligente usar veteranos como Fred e Nenê no segundo tempo dos jogos, com o time adversário mais cansado, do que fazê-lo de início e gastar toda a energia deles num 0 a 0 infrutífero, como vimos contra o Palmeiras. Se quer realmente que o Flu tenha chances em todas as competições, Roger precisará agir com inteligência pra escalar, para substituir, para mudar o esquema e, principalmente, para saber quem barrar e quando barrar. A hora da verdade está chegando.
Curtas:
– Belo gesto do Fluminense em aceitar adiar o jogo contra o Cerro Porteño em razão da fatalidade ocorrida com o filho do técnico Arce. Parece algo simples e até óbvio para nós, mas para muitos, que só visam lucro, provavelmente seria um fardo.
– Gabriel Teixeira está numa boa fase? Não. Mas reparem que quem o substitui não justifica a titularidade. O mesmo ocorre com Caio Paulista: sempre que precisa sair, entra Luiz Henrique, que faz um jogo razoável e cinco terríveis ou infrutíferos. Estamos colhendo os frutos da falta de testes lá atrás no Carioca, e o que nos resta é torcer pra que quem está mal se recupere.
– John Kennedy precisa começar a entrar mais nos jogos. Tem qualidade e não esqueceu de jogar bola. Ao contrário do Kayky, vai continuar no Fluminense ano que vem. Temos que começar a ser pragmáticos também neste sentido e dar moral pra quem vai ficar.
– Essa semana é só de Copa do Brasil e não falei muito a respeito, mas é que é o Criciúma né queridos. Eles disputam a terceira divisão e estão em terceiro em seu grupo. Qualquer coisa que não seja passar o rodo no time catarinense é vexame.
– Palpites para os próximos jogos: Criciúma 0 x 2 Fluminense; Fluminense 3 x 0 Criciúma.