Oi, pessoal.

Então, me digam: o Vasco já derrotou o Coritiba? Parece que sim. Afinal, o assunto da semana envolve o papel “ético” que cabe ao Fluminense cumprir para ajudá-lo. Mas afirmo: o Fluminense não irá rebaixar o Vasco. 

Infelizmente para os cruz-maltinos e quase a totalidade da mídia esportiva carioca, o Vasco rebaixou-se. Se o Fluminense perder no próximo domingo, que os politicamente corretos não se enervem porque seria mais uma derrota na conta de um segundo turno vexatório ou a décima terceira derrota em dezenove jogos.

Mas se não fosse assim e o Fluminense o fizesse de propósito? E se não fosse o time com a pior campanha do segundo turno e mesmo assim se propusesse entregar o jogo? “Horrível!” Concordo.  Atitude antidesportiva que não condiz com a história digna do nosso Tricolor? 

Pessoal, na boa, há uma questão maior nisso e que me preocupa. Confesso não ser adepta desse politicamente correto que patrulha de forma diversa, conforme os interesses e lados, prefiro o politicamente justo nas escolhas do que minha consciência julga de ética. E no caso entre Vasco e Fluminense, me posiciono assim…

Para mim, atitude antidesportiva é criar e comandar conluios nos bastidores para deliberadamente prejudicar outro clube por anos a fio.  Atitude antidesportiva é usar de tráfico de influência de ex-diretor de futebol da CBF e articular a derrocada de um rival. 

Atitude antidesportiva é coordenar um trabalho de marketing na mídia para minguar um clube para que o seu ocupe um espaço que nunca exerceu. Resumo da ópera: atitude antidesportiva é o que o Vasco da Gama tem feito há, pelo menos, 25 anos contra o Fluminense, deliberadamente.

Eurico Miranda foi eleito novamente porque levou “o seu” clube a títulos num curto período de tempo jamais conquistados em quase um século. Polêmico e questionado, não cabe a mim julgá-lo mal, muito menos bem. Seu nome é fundamental na história recente do clube da Colina. Quanto a mim, Eurico só diz respeito quando trabalha para diminuir o Fluminense e sei que sua implicância com meu clube de coração não é gratuita.

Como assim? Vou pedir licença aos meus 12 leitores para uma breve menção pessoal: em 2010, para um trabalho de pós-graduação, cujo tema era o valor das marcas dos nossos clubes do Rio, entrevistei a botafoguense e economista, Elena Landau e, na ocasião, a questionei sobre se nesse novo cenário onde o Estado de São Paulo impera e os clubes locais de outros estados formam mais torcedores, o Rio suportaria economicamente quatro grandes clubes de ponta?  

E refaço a pergunta à você: você acha que o futebol carioca comporta quatro grandes clubes de ponta? Eu estou certa que Eurico tem certeza que não. Imagino até que ele tenha acesso a estudos aprofundados sobre isso. Assim, me declino em apostar que nem Eurico, nem a mídia, nem a arbitragem tenham contra o Fluminense uma implicância ou má-vontade gratuitas…

Eurico Miranda sabe que o futebol do Rio de Janeiro em termos de mercado no âmbito nacional só suporta dois clubes, como Minas, Rio Grande do Sul e outros estados. Seu trabalho para nos diminuir é para colocar “seu clube” como o principal antagonista do mais popular Flamengo, papel histórico e irrefutável do Fluminense que se tornou o único empecilho e ameaça ao Vasco, já que o Botafogo decaiu. Eurico sabe da briga de mercado entre nossos clubes.

Assim, estamos diante de uma disputa de mercado e o Fluminense tem que pensar no Fluminense. E perder domingo não será perder-se porque nada tem a ver com os outros exemplos de entrega de jogo, como a do Flamengo para o Bahia que nos rebaixou, em 1996, algo imanado pelo deboche hostil e depreciante. Não! 

O Fluminense, em nenhum momento, trabalhou na surdina para prejudicar nem rebaixar o Vasco. Isso sim seria manchar nossa história. O Fluminense apenas DEVE pensar no Fluminense e, no esporte, a disputa de mercado é séria: ajudar o Vasco é prejudicar o Fluminense, ainda contribuindo para ajudar o adversário mais interessado em limitar nossa participação no mercado. Não perder domingo será irresponsável e prejudicial para o Fluminense.

Não é revanchismo, não se trata de vigança: é disputa legítima de mercado. É a disputa legítima dentro de um esporte de competição. Não estaremos rebaixando o Vasco porque não fomos os responsáveis diretos nem indiretos pela campanha ruim dele. Não perder domingo é prejudicar os interesses do Fluminense para ajudar um terceiro que busca nos prejudicar até em par ou ímpar porque sabe que não se aguenta forte, se forte o Fluminense estiver.

E como bem descreveu o saudoso Artur da Távola, ser Fluminense é entender que para ser limpo não é necessário ser “boboca” nem “ingênuo”, ainda mais se por receio que nos apontem dedos sujos. A nossa omissão e covardia será nossa desonra por colocarmos qualquer outro acima de nós. Só se é politicamente correto se formos politicamente justos e não perder será injusto com o nosso clube.

Por tudo isso e ao contrário das palavras da direção cruz-maltina: o papel do Fluminense não é entrar numa partida que não vale nada para nós, para ajudar o Vasco; o papel do Fluminense é pensar no Fluminense. O Vasco rebaixou-se. E em todos os sentidos. E há mais de 25 anos tem sido assim. O Vasco rebaixou-se. Menos mal para o Fluminense.

Abraços.

Panorama Tricolor

Imagem: google