Ninguém é mais acostumado com altos e baixos do que torcedor do Fluminense. Um ano, o time vence um brasileiro com folgas. No outro, se vê pendurado numa boia salvadora que o livra do rumo certo ao rebaixamento. Num ano decide a Libertadores. Em outro, surgem heróis de uma causa indesejada. Num mês, a Alemanha latina. No mês seguinte, o “time-delivery” mais evidente do futebol. Numa semana, uma possibilidade de futuro. Na semana seguinte, a tragédia iminente.
Hoje, estamos na semana da tragédia. Olhem o noticiário, fuxiquem as redes sociais, vejam os comentários do site da Flusócio ao curioso mural do Canal Fluminense. A torcida está com ódio, com vergonha, sem esperança, temendo pelo Brasileiro. Se alguém se der o trabalho de buscar comentários de duas semanas atrás, verá outro espírito, outro sentimento, bem mais positivo.
Em qual ponto da gangorra está a verdade do Fluminense? Creio que ninguém saiba a resposta e é muito provável que não esteja nem tão em cima quanto nos dias róseos, nem tão no solo quanto nos dias tenebrosos. Mas a verdade da semana são as trevas e talvez seja o momento de aproveitar o sentimento para promover mudanças.
A primeira é certa: Cristóvão já caiu. Meus anos de torcedor do Flu me levam a afirmar, com pequena margem de erro, que ele não tem mais chance alguma no comando da equipe. Como disse, ele já caiu, tem no máximo uma sobrevida, e a questão relevante agora é: de quanto tempo? A resposta a essa indagação pode decidir nosso ano e nosso futuro próximo. É evidente que se espera uma queda rápida, para dar tempo ao novo treinador de se arrumar na cadeira para o brasileirão. Mas pode durar ainda um pouco.
Alguém pode questionar meu juízo sobre a queda de Cristóvão, alegando que a diretoria já o manteve ano passado e agora mesmo sustentou que ele será o cara deste ano. Alto lá, meus caros: eu já vi Parreira e Abel serem demitidos do Flu em situações nas quais ainda havia esperança. Abel foi mandado embora pelo próprio Peter e, como ele mesmo disse, levou como presente uma taça! Por que Cristóvão seria poupado? Alguém acha que ele ainda vai arrumar o time? Alguém acha que o Peter ou o MB acham isso? Sinceramente? Creio que já devam estar pensando na questão do rompimento e do novo treinador.
A propósito, não seria razoável definir um time titular e variações para o segundo tempo? Não digo o meu time [Cavalieri, Wellington, Gum (até voltar, Henrique), Marlon (Guilherme Mattis), Giovanni, Edson, Jean, Wagner (Vinícius), Robert, Kenedy ou Lucas e Fred], mas qualquer time. Nem isso Cristóvão conseguiu até agora. Um dia, o meio campo tem Vinícius. No outro, tem Robert. No terceiro, volta Vinícius e Robert nem opção é. A zaga é sempre outra, regra que impede qualquer entrosamento. Isso sem falar das alterações com o propósito claro de mostrar serviço, de inovar, e não exatamente de vencer a partida.
De minha parte, continuo com a esperança de um bom ano. Tirando o “neo-Fabrício”, vindo do Avaí, nenhum dos novos contratados pareceu-me um otário completo. A nossa turma da casa tem, realmente, qualidade (falo tanto de Fred, Wagner, Edson e Cavalieri, quanto de Robert, Gerson e Marlon). Nós temos um time competitivo no nível do futebol brasileiro atual, mas é preciso arrumá-lo, treiná-lo, repeti-lo. Isso é papel do treinador. Enquanto tivermos um morto-vivo no comando da equipe, isso não acontecerá.
Ninguém pediu, não vai servir para muita coisa, mas vai aqui minha singela opinião. Se quiserem apostar num nome tarimbado, tragam o Abel, já que não dá para tirar o Cuca da China. Se preferirem um estrangeiro, gastem grana e tragam alguém com o perfil do Bielsa (http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-frances/noticia/2014/11/revolucao-bielsa-como-o-argentino-fez-do-olympique-lider-do-frances.html). Se o contrato exigir a manutenção do Cristóvão, coloquem alguém como coordenador de futebol, com poder para fazê-lo trabalhar direito: pode ser o Ricardo Gomes ou o Parreira. Mas, seja lá o que fizerem, façam rápido. O tempo da gangorra tricolor é cada vez mais acelerado.
Enquanto isso, minha querida torcida, a soberana do clube, vamos levando, com cuidado para não queimar nossos garotos de futuro. Se for para xingar alguém, sigamos a tradição do futebol brasileiro e clamemos em uníssono: burro, burro, burro. É ofensivo, mas tradicional. E ademais, sempre dá certo. Ou não?
Panorama Tricolor
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Imagem: lancenet.com.br
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