Nós, tricolores, estamos a menos de 24 horas de um momento espetacular, jamais visto por quem tem menos de 70 anos. Daqui a pouco brigaremos pela vaga na decisão do Mundial de Clubes da FIFA. É uma segunda-feira histórica.
Não sei se é a maturidade, mas os 50 anos de torcida pelo Fluminense me deixam numa calma que jamais tive na disputa de qualquer outro título. Isso nada tem a ver com qualquer descrença nas chances do Flu, pelo contrário aliás, mas com a serenidade mesmo. Plena serenidade. Acho que dá mesmo, e explico.
Ora, quem podia imaginar o Fluminense nessa situação há um ano ou dois? Dia desses aguentávamos Cris Silva, Alexandre Jesus e companhia ilimitada. Hoje estamos a dois passos do topo do mundo, por que não confiar plenamente?
Longe de ser perfeito, o time do Fluminense é humano demais. Ganhou o Carioca depois de sofrer na primeira partida da decisão, aplicando impiedosa goleada no rival vice. A seguor, venceu a Libertadores e se consagrou, depois de difíceis desafios contra Argentinos Juniors e Internacional, além da final contra o Boca Juniors. Brilhou, teve raça e disposição. Se foi capaz de chegar até aqui, pode perfeitamente conquistar o bicampeonato mundial.
O Ahly é perigosíssimo e o City mais ainda. Ok, nós também podemos ser perigosos até o último minuto, a história mostra isso. Não se trata de simplismo, mas de mentalidade esportiva. Todos estão brigando. Não é que o Fluminense não tenha defeitos, isso é uma bobagem porque naturalmente tem, mas tanto o Ahly quanto o City também os têm e, nessa briga, vai vencer quem errar menos.
O Marcelo Diniz disse com precisão: a Libertadores nos trouxe a paz eterna. Tínhamos vivido boa parte deste século XXI engasgados com 2008 e isso acabou de vez. O golpe final será na Recopa ano que vem. De toda forma, o Fluminense também vive a serenidade. Certamente não foi até a Arábia para fazer turismo ou figuração, mas todos os jogadores tricolores veem o jogo de amanhã como o de suas vidas, mesmo que não falem isso – e passando, a decisão do Mundial será o próximo jogo da vida.
Esta é uma segunda-feira das maiores da história tricolor. Há muito em jogo, mas também há calma. Ao tentar invisibilizar a participação tricolor no Mundial, a grande imprensa até nos ajuda. Quando despreza o triunfo de 1952, em vez de nos diminuir ela revela todo o seu recalque – e isso nos fortalece.
Nunca nos apontaram como favoritos em nada. Mesmo assim, ganhamos uma tonelada de conquistas em 121 anos. Pode acontecer agora de novo. Não há qualquer surpresa nisso, caso aconteça, ainda mais que o Ahly tem uma espécie de urubu em seu escudo. Olha o destino aí.
O feriado nacional tricolor está com tudo e não está prosa, diria o eterno Chacrinha.
Que seja uma segunda-feira de glória eterna.