A corda está esticada (por Marcus Vinicius Caldeira)

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Quinta passada, dei uma pausa nas minhas férias no Nordeste para ir à cidade de Horizonte – próxima à capital cearense – para assistir a estreia do Fluminense na Copa do Brasil. Em verdade, a ida ao jogo fazia parte do roteiro da viagem.

E foi tenebroso.

Valeu pelo encontro com o grande grupo Tricolores de Quito, que sempre viaja atrás do Fluminense desde a final contra a LDU, numa espécie de pacto de sangue.

Também valeu pela grande torcida tricolor local que fez festa antes do jogo, numa demonstração de amor e devoção incompatíveis com a mediocridade humana de alguns jogadores desse elenco do Fluminense.

E só.

O futebol apresentado em campo foi de uma mediocridade impar. Este time é a cara de seu treinador: arrogante e fanfarrão. Uma lástima. Entrou em campo achando que era o rei da cocada preta. E seria, se fosse um elenco sério. Mas, com insolência e empáfia, saiu com uma vergonhosa chinelada para um time que acabara de perder de cinco pra Ceará e pro Guarani de Sobral.

Uma vergonha que eles, jogadores, não têm. No final do mês a “rainha Elizabeth” deposita os salários astronômicos nas contas bancárias deles e no fundo é isso o que importa para alguns.

2

O futebol do clube, gerido desde 2011 pela Unimed, cometeu um erro estratégico em 2012: renovou em médio prazo com boa parte do elenco. Conclusão: está difícil nos livrar de banda podre.

O badalado Rodrigo Caetano, junto com Celso Barros – responsáveis pelo rebaixamento em 2013 -, bancou essas renovações. Peter fala para quem quiser ouvir que o grande erro dele foi ter confiado em uma pessoa que era tida como a melhor do mercado e fez merda. Obvio que está falando de Rodrigo Caetano. Também acho que ele é um dos grandes culpados pelo ano passado. O circo pegando fogo, o elenco rachado e fazendo corpo mole, ele “batendo palma para maluco”.

No final, Peter interviu mas já era tarde demais. Sorte que o Flamengo escalou errado e comprou a Portuguesa para livrar-lhe do rebaixamento.

Sorte!

E Rodrigo Caetano continua badalado pela imprensa e midia.

3.

A rainha Elizabeth adora esticar a corda.

Não sei se é uma questão psiquiátrica de demonstração de poder supremo ou se, em uma de suas noites de bebedeira extrema, ele acorda desse jeito e pensa: “Vou fazer o que eu quero no meu Elifoot da vida real”!

O presidente da patrocinadora, segundo li em matéria do tricolorzaço Marcelo Vieira no Lance, pensa em trazer Rodrigo Caetano de volta.

Ano passado nos empurrou goela abaixo Vanderlei Luxemburgo. Esse ano, Renato. Agora vem com essa…

Isto é absolutamente inacreditável!

4.

A política no clube está fraticida. Peter não dispõe de habilidade política. Tem um firme propósito de reestruturar o clube, segue reto, com dificuldades, mas busca isso. Mas não tem habilidade política.

Por conta disso, gasta uma fortuna com um assecla que tem uma empresa de consultoria política. Jackson Vasconcelos – vascaíno, diga-se de passagem – e braço direito do presidente, que confia cegamente nele. Se o Jackson falar “Peter, é importante para o clube que você se jogue de cima da ponte lá no vão central!”, Peter só não se jogaria porque ama os filhos e a esposa, senão… É por aí.

Jackson foi o artificie da “grande união” pré-eleitoral ano passado. Na visão de “grande estrategista político” – e de Peter- a eleição a perigo, ainda mais com a ruptura da Democracia Tricolor (grupo ligado ao social do clube). Chamou geral para compor a chapa: Ideal Tricolor e quem mais viesse, num toma lá da cá.

Comentei com amigos que Peter não perdia a eleição. E seria capote, se o Fluminense entrasse na semana decisiva fora da zona de rebaixamento. Até porque o outro lado era fraco demais. E foi o que aconteceu.

Não precisava dessa composição toda. Hoje estão rompidos. E a política no clube ferve, por um único motivo: não tem um que bata a mão na mesa, mate no peito e ponha ordem na casa no futebol do Fluminense. Está uma zorra.

Jogadores de birra, treinador fanfarrão, ex-chefe de torcida organizada mandando na distribuição dos ingressos. Uma festa na zona.

O Jackson acha que o Fluminense é o PMDB. Não o é. Política de clube não é política tradicional. Uma puta paixão está envolvida no meio.

Mas o Peter confia nele…

5.

A Flusócio, grupo que sempre apoiou Peter, sempre foi e ainda é base de sustentação do presidente, já começa a ficar irritada com essas coisas todas, adotando uma posição mais crítica em relação ao presidente.

Não duvido nada um rompimento em breve, a continuar esse estado de coisas.

6.

Peter perdeu boa parte da torcida. Até 2013, havia aqueles que enchiam o saco sempre e continuaram enchendo mesmo com o Fluminense campeão brasileiro e continuariam enchendo mesmo com o Fluminense campeão mundial. Mas depois do ano passado, muitos até que defendiam a gestão começaram a criticá-la com razão.

E não tiro a razão deles.

Pelo excelente primeiro triênio de gestão na parte administrativa e até do futebol, ainda acredito que o presidente possa reverter essa situação. Precisará ter pulso e tomar decisões difíceis.

Se eu fosse ele faria o seguinte:

i)                    Demissão do Jackson e procuraria dentro dos quadros tricolores, alguém com o perfil profissional dele, mas que entenda a instituição;

ii)                   Carta branca ao Tenório, ficando junto dele nas decisões e fazer que ele, de fato, bata na mesa e coloque ordem na casa;

iii)                 Negar certas imposições do Celso Barros. Exemplo: Rodrigo Caetano, de novo, nem pensar;

iv)                 Agir de forma transparente em relação à Unimed. Porque tal jogador foi contratado, porque não foi;

v)                  Mudar esta política de distribuição de ingressos as torcidas organizadas – sem que uma torcida tenha privilégio sobre a outra – no clube com redução drástica no número de ingressos distribuídos e com alguém de fora das torcidas organizadas comandando isso;

vi)                 Desmancharia parte deste elenco viciado (Wagner, Jean, Bruno e Diguinho, pra começar), paneleiro e que se acomodou no título de 2012;

vii)               Contratações urgentes para zaga, meio e laterais, além de um homem de velocidade.

Em relação a reforços, sei que querer não é poder. Mas, no resto, basta ter vontade política para fazer.

Epílogo.

A corda está esticada.

Dentro e fora do clube há uma luta fraticida e uma desunião sem fim.

Peter terá que ter habilidade e ser capaz de reverter isso.

Só digo uma coisa: basta colocar ordem no futebol do Fluminense e fazer as contratações necessárias.

Eu ainda acredito.

Ainda dá tempo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @ mvinicaldeira

Imagem: RAP

9 Comments

  1. Prezado Caldeira, sou carioca e moro em Natal e teria um prazer enorme de conhecê-lo e mostrar-lhe a cidade, caso vc venha a esta Capital, durante este seu giro pelo Nordeste. Caso AFI, pode responder-me que envio os meus telefones para que entremos em contato.

  2. Troco o Rodrigo Caetano pelo Jean.

    As contratações urgentes para a zaga são pedidas há pelo menos três anos.

    Só discordo da sua afirmação acerca do seu gestor ter de ser tricolor. Eu e Andel temos discutido muito isso. Um merda é um merda, torça pra que time torcer. E o torcedor, além de poder ser um merda, ainda traz (teoricamente) a paixão, que cega…

    1. Zé não disse que basta ser tricolor. Disse que tem que ser competente, conhecer as coisas do clube e ser tricolor! No mais, você está certo!

  3. É Marcus, esse sentimento de time sem COMANDANTE, sem treinador, sem nada é de todos. Aproveite o final de férias. ST

  4. Caro Caldeira, muito boa sua análise dos fatos que cercam o Fluminense. É nítido que algo está ocorrendo dentro das paredes do reino do Laranjal. Estamos engessados. O presidente não assume seu papel. O patrocinador quer mandar e não coloca mais nenhum centavo para reforçar o enfraquecido elenco.

    Sugiro que você, como conselheiro, se junte a outros grandes Tricolores e cobrem do presidente Peter uma posição firme e as explicações do que está ocorrendo.

    É hora de apoiarmos o presidente e…

  5. Caldeira,
    só o desmanche salva boa parte, era para ter começado paulatinamente, ano a ano, na virada de 2012 quando o grupo campeão bateu fofo nos jogos finais… Agora tá fedendo por todos os lados, aguardo ansiosamente o efeito do SF nas próximas eleições.

    ST

  6. Marcus, tudo isso já se reflete nas arquibancadas do maracanã, onde a torcida se desentende entre o apoio e a crítica, na verdade já passou da hora de se impôr em relação ao poder financeiro do patrocinador e com isso vai pelo ralo o apoio dos associados e da torcida…ST.

  7. Que situação!!
    Torçamos por dias melhores, mas confesso estar muito
    pessimista, eu que sou um otimista “inveterado’.
    ST

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