Virou palhaçada (por Gilmar Prado)

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Vou te contar um negócio: essa história do Rio de Janeiro praticamente não ter estádios de futebol é brincadeira. Volta Redonda é legal de se ver jogo, São Januário é legal de se ver jogo… mas é ridículo que o estado que tem três dos quatro últimos campeões brasileiros não tenha um estádio decente, ao menos para os clássicos locais. Pior do que tudo isso é imaginar que um monte de gente correu risco de morte no Engenhão que, todo mundo sabe, já tem problemas a dar para um pau e agora tem risco de virar “Implodidão”.

Semana passada quem foi a Moça Bonita pra ver o Fluzão teve que encarar chuva e ver o jogo em pé – nesse, a FIFA nem liga. Nada muito diferente do que seria se hoje Laranjeiras tivesse condições de receber um jogo: três mil pessoas.

Na outra quarta, quem quis ver o Flu teve que se sujeitar a essa filh@d@putice de chegar a São Cristóvão no horário do rush, engarrafamentos, procissão da semana santa e o escambau.

Ou seja, a grande vitoriosa nisso tudo é a detentora dos direitos de transmissão. Por ela, não era preciso um único ser vivo em nenhuma arquibancada: assim todos ficariam em frente da televisão como dóceis bichinhos de estimação. E isso está matando a galinha dos ovos de ouro, está matando o futebol.

Cada vez mais as crianças estão afastadas das arquibancadas do Rio. Seja pelo videogame, seja pelo fascínio natural que times como Barcelona, Real Madrid e Milan lhes oferecem. Seja porque os pais, de saco cheio, simplesmente se afastaram dos estádios aos poucos. E também tem os botequins, que hoje abrigam muitos torcedores também.

Tem jogador de time grande que nunca jogou para mais de 40 mil pessoas. E também tem torcedor que nunca viu um clássico com 50 mil pessoas, o que era um público fraco há 20 anos.

Alguma coisa tem que ser feita antes que os times grandes do Rio só passem a ter torcidas virtuais. O espetáculo do futebol depende da presença e da força das torcidas.

Quem se lembra antigamente quando tinha um jogo no Maracanã e a torcida vibrava atrás do gol na geral e nas cadeiras? Era um monte de gente.

Algum palpite para como vai ser atrás do gol no “novo Maracanã” se, um dia, os clubes voltarem a usá-lo como antes? A dona FIFA não quer ninguém em pé. Resta saber se vai ter alguém lá, sentado ou não.

Gilmar Prado

Panorama Tricolor

@PanoramaTri