Spaghettilândia e o Fluminense (por Paulo-Roberto Andel)

Ah, os restaurantes. Deixam marcas, abrigam histórias. Possuem vida própria e são referências.

Acabou de falecer o restaurante Spaghettilândia, ícone da Cinelândia nascido em 1947.

Por lá, teve de tudo: encontros políticos, intelectuais, literários, amorosos. Foi no Spaghettilândia que pode ter nascido o Concretismo na poesia brasileira, segundo relato de Ruy Castro. Todo mundo que trabalha ou trabalhou no Centro nos últimos 50 anos almoçou, jantou ou bebeu no Spaghettilândia, famoso por suas massas baratas e pizzas alucinantes.

Para mim, sempre foi de janta. E tem muito a ver com o Fluminense, especialmente de 2012 até a pandemia. Era bater uma lasanha e partir para o Maracanã numa quarta-feira à noite, ou voltar do estádio depois de um jogo às 18:30h e carimbar a noite com uma deliciosa pizza. Para quem acompanha o meu trabalho literário, várias crônicas foram tramadas no Spaghettilândia ou mesmo escritas nele.

Agora eu penso em grandes jogadas de Deco, em porradões de Valencia e chutes de Rafael Sobis.

Quantas e quantas vezes… A última foi em julho, acho, com o cineasta multimídia Alberto de Oliveira, querido e talentoso amigo. Depois fomos até Copacabana e mergulhamos nos mistérios antropológicos da Galeria Ritz.

Estes são os tempos modernos, ok. Mas isso precisava significar a destruição do passado? Não. Não deveria.

Quando os bares e restaurantes morrem, a cidade fica mais insensível e triste, mais arredia.

É difícil, mas tenho esperanças de que o Spaghettilândia possa ressuscitar e impedir o aumento do abandono da Cinelândia. Precisamos salvar os bares e manter viva a alma boêmia carioca.

Tirei essa foto anos atrás. Absolutamente Fluminense.

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A tristeza pelo querido restaurante tirou meu foco da derrota em Caxias do Sul, bem como de especulações sobre loucuras como trocar Dudu do Palmeiras por Martinelli. Fica para depois.