O assunto sempre se repete, ainda mais quando envolve grandes clubes e infelizmente estamos nessa. Ok, vamos lá.
Começou o bafafá sobre as probabilidades de título e descenso.
É claro que o Fluminense passa por um momento de tensão e precisa de vitórias para sair da zona de rebaixamento. No entanto, ainda não é momento de se desesperar com o percentual de agora, na faixa dos 85, 86%.
Primeiro: este percentual é uma fotografia de hoje, influenciada pela campanha anterior, notoriamente ruim. Se nada mudar ou melhorar, a chance de rebaixamento é alta. Acontece que ainda temos 21 jogos. Com um empate e uma vitória nos últimos dois jogos, o Fluminense dá sinais tímidos de reação. Logo, espera-se a mudança e a melhoria nos percentuais.
Segundo: à medida que qualquer time consiga reagir em duas ou três rodadas, ele consegue uma redução drástica no percentual de queda, que assim como o de título é extremamente volátil. Para quem tiver dúvidas a respeito, sugiro consultar o gráfico de probabilidades do Botafogo no Brasileirão 2023 – tido como pré-campeão na virada do turno, o Alvinegro viu despencaram suas chances de título a cada rodada. E o maior de todos os casos é o o próprio Fluminense 2009, que saltou espetacularmente da lanterna para a salvação. Inclusive há uma certa lenda de manga com leite a respeito de estatística, a de que o Fluminense rebaixou os estatísticos e matemáticos. Nenhum profissional sério desses ramos cravou o rebaixamento tricolor; no máximo apontou as dificuldades que, a cada rodada, foram sendo dissipadas.
O Fluminense tem um longo e árduo caminho pela frente, mas é bom que se diga: mesmo com 15 ou 18 pontos à frente, diversos times não têm a menor garantia de permanência na série A. Vão precisar ratificar suas campanhas para se assegurar. Não existe cálculo que assegure que um time à frente, ou dois ou três, não possa passar por uma fase ruim, perdendo vários pontos e caindo de produção.
A cada nova rodada, cada time que reagir terá mudanças positivas no cálculo.
A maior preocupação com o Fluminense deve estar concentrada na melhoria da qualidade de atuações, para aí buscar os pontos e reduzir o percentual de risco. Este é o foco principal. Caso o Flu consiga duas ou três vitórias consecutivas imediatamente, a estatística será inevitável: as chances de rebaixamento cairão sensivelmente.
Não se trata de desprezar os 85 ou 86% atuais, mas sim de colocá-los na devida prateleira de prioridades, sabendo que eles podem ser reduzidos vigorosamente em pouco tempo com um bom trabalho.
Em tempo: semanas antes do título brasileiro de 2009, nosso rival da Gávea tinha apenas 1% de chances de conquista.
Bacharel em Estatística pela UERJ, 1994.