Os delírios midiáticos foram tão ensandecidos nesta semana que hoje tem Botafogo x Fluminense, mas o assunto continua sendo o Fla x Flu. Primeiro, pela absurda – mas repetida – manipulação do som da transmissão da partida, querendo fazer a torcida rubro-negra muito maior e mais atuante do que estava nas arquibancadas. Segundo, pela desproporcionalidade entre a punição de Felipe Melo e a impunidade de Gabigol – uma das figuras mais detestáveis da mídia em qualquer área de atuação. Isso, sem contar com as narrativas de uma verdadeira fãbula, transformando o clássico em uma briga de gato contra rato, atribuindo ao “time da Globo” uma supremacia que não lê nos números e lances perigosos do jogo.
A liberação dos áudios do VAR nos lances só pode nos levar a duas conclusões: que o árbitro é um fantoche em campo, submetido às decisões da sala refrigerada, e que os debates sobre lances perigosos chegam à beira de um raciocínio extraterrestre, incapaz de ser compreendido por terráqueos em qualquer idioma.
A torcida do Fluminense tem que se manifestar com veemência contra a calhordice do som manipulado pelo canal SporTV, que transmitiu o jogo. É um escândalo, porque além de atentar contra a verdade, alimenta o ideário de certa supremacia no Maracanã que não existe. Pelo contrário: lá estavam 70% de tricolores.
Por mais que Felipe Melo seja useiro e vezeiro em recursos violentos, o próprio árbitro Daronco, no lance, constatou que a intensidade não justificava a expulsão. O que se viu a seguir, via VAR, não foi o exercício de justiça, mas sim de mão grande no Fluminense para tentar resolver na marra o que não aconteceu no primeiro tempo. Ok, ainda assim o lance é discutível. Agora, a impunidade de Gabigol beira o inacreditável, com o mesmo VAR criando teorias psicodélicas para aliviar o cidadão. Ninguém pisa sem querer com todas as travas da chuteira em ninguém. Ninguém tira força de nenhum pisão assim. E se Ganso estivesse sem protetores, poderia ter tido a perna quebrada no lance.
É preciso insistir nesse debate, porque o interesse do poder dominante é fazer com que as pessoas aceitem naturalmente tais barbaridades. A cobertura e as narrativas encomendadas sobre o Fla x Flu abusaram do realismo fantástico.
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Segue o Fluminense para o clássico logo mais.
O jogo de terça deixou lições importantes para o Flu. É natural que os adversários passem a fazer o que, de certa forma, o Flamengo fez: sufocar e impedir que o Tricolor tenha a bola.
Por sua vez, o Botafogo vem de uma derrota decepcionante, mas tem sido um dos destaques do Brasileirão.
É clássico, é jogo sério e exige dedicação.
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Este é o primeiro dos três livros que escrevi sobre o Campeonato Carioca de 1995.
Neste sábado ele completa dez anos.
De lá para cá muita coisa aconteceu mas, apesar de tanto tempo escorrido e de tantas dificuldades, há uma curiosa sensação de que o melhor ainda está por vir.
É bom demais saber que, até aqui, fiz meu trabalho sem um arranhão da caridade de figuras nefastas do Fluminense. Algumas, por sinal, trabalharam muitas vezes contra mim. Contudo, só lhes restou a derrota.