Em noite nada normal, Fluminense faz cinco, entrega dois, sofre três, faz sorrir, chorar, cantar, gritar, vence o Galo do Turco, do Hulk, do Nacho e do Kalil.
Na tônica da semana nos grupos de discussão que partilho, um dos temas era das seleções brasileiras e times da década de 1980, em que o futebol ainda era bem jogado, com jogadores craques se ajeitando entre si para que todos pudessem estar em campo ao mesmo tempo.
Nessa toada, como eu queria ver o Fluminense com essa coragem, buscando o jogo a todo instante, de forma insinuante e intensa, e nesta quarta teve um pouco disso. Principalmente com um quarteto talentoso demais: Ganso, Arias, Luiz Henrique e Cano, que conseguiram contagiar até Samuel Xavier, tutor de uma assistência e um gol na partida de hoje. Sobrou até um cruzamento que deu certo para o Cristiano, que sobrou para Cano, de voleio, fazer um golaço.
Mais cedo, minha filha Nara (é uma homenagem mista a Nara Leão, a diva da voz, e a minha professora Nara Sano, doutora em Geografia) me perguntou o que era normal? Na hora, eu, de saída para um compromisso, respondi que era algo coletivamente imposto ou aceito, como um padrão, uma normativa, uma imposição. Mas este jogo deu lucidez ao termo, que é ver o Fluminense se impor dentro de casa contra qualquer um adversário, qualquer um.
Me lembrei mais cedo dos cinco a um em dois mil e dez no Engenhão, quando no intervalo, já quatro a zero para o Flu, meu filho Ariel ao meu lado nas bancadas me perguntava: pai, vamos fazer oito? No que eu lhe respondi: acho que no máximo mais um. E foi.
Mas voltando ao jogo desta quarta-feira, para não perder as contas, Arias, após bela arrancada na esquerda de Ganso, que cruzou para Luiz Henrique ajeitar de calcanhar para o gol do colombiano. O segundo foi igualmente bem construído, e após belo passe de Arias, Samuel Xavier acertou enfim seu primeiro cruzamento efetivo, para que Cano, de barriga, estufasse a rede em dois a zero para o Tricolor.
Já com dois a zero e recuado para dar os botes, o Fluminense se enrolou. Fábio após fazer bela defesa na cabeçada do Sasha quase na pequena área, entregou a bola nos pés de Jair, que tocou para Hulk marcar, fazendo lembrar aquela lambança dele contra o Olimpia, em plena Pré-Libertadores, que pode nos ter custado a eliminação.
Para nossa alegria, o Fluminense não se abateu e logo a seguir, Luiz Henrique venceu duelo físico pela ponta direita e cruzou para a antecipação de Samuel Xavier, de cabeça, marcar os três a um, tatuando a melhor partida dele com a camisa do Flu.
O Fluminense não sustentou, mais uma vez, o placar, e sofreu dois gols, um ainda no primeiro tempo, após um apagão da defesa, Alonso cruzou para Jair definir rasteiro no canto de Fábio, que não conseguiu explosão necessária para salvar. No segundo tempo, Fábio fez um passe para sair jogando após recuperação de bola para Arias, que deixou a bola escapar, no que o Galo armou bela triangulação na retomada, culminando em mais um passe de Jair para bela conclusão de Eduardo Sasha, que também se antecipou para marcar. O empate esfriou naquele momento.
Pouco depois, o Fluminense insistiu e conseguiu um belíssimo gol de Germán Cano, de voleio, após bola cruzada da esquerda por Cristiano, em bola que atravessou toda a área até chegar aos pés do artilheiro tricolor, que fez o quatro a três, seu segundo gol na partida.
O quinto, que fechou o caixão mineiro, foi uma recuperação excepcional de André, girando sobre seu adversário e passando para Luiz Henrique, que conduziu por sobre seu adversário, o driblou, e chutou, com a bola ainda desviando na ponta do pé de Nathan Silva, para sair das mãos de Everson, sacramentando a vitória do Fluminense.
As substituições de Diniz não modificaram em nada o panorama da equipe. Felipe Melo no lugar de Wellington, liberou um pouco mais o André, Yago no lugar de Ganso, para correr e, por fim, o pacotão, Caio, Willian e Lucas Claro entraram para descansar Cano, Luiz Henrique e Arias, além de suportar a pressão final do Atlético, que não conseguiu achar mais espaços para descontar.
Arias e Ganso, Luiz Henrique, Cano e Samuel Xavier pelo Flu, mais Jair pelo Galo, foram os jogadores destaques na partida, com menção honrosa ao Manuel, com atuação desastrosa do ex-goleiro Fábio e nulidade de Wellington, que já começa a atrapalhar a evolução dos setores da Escola de Samba Fluminense do Diniz.
Noves fora, o Fluminense de hoje, da maneira como jogou, deixaria meu pai, o senhor Carlos Alberto muito feliz.