Não é novidade. Quando tudo parece caminhar certinho rumo ao êxito, o Fluminense, ele próprio, fabrica uma crise na qual vê a momentânea paz se diluir. É verdade que nem sempre esse fato o impede de galgar seus objetivos; afinal, a superação é também uma marca tricolor. Mas que torna desagradável e dificulta ainda mais as demandas, não resta dúvida.
Desta vez é a venda do Luiz Henrique em meio ao turbilhão da luta pela vaga na fase de grupos da Copa Libertadores (ainda que tenhamos feito vantagem em casa) e o início da semifinal do Campeonato Carioca. Que momento para essa porra tomar as manchetes. Mais impróprio seria difícil de imaginar.
Se a diretoria, na figura do presidente, enumera razões para a negociação – e até nem discordo delas, apenas do valor pelo qual o jogador será negociado – que fosse tomado o cuidado necessário para que não vazasse justamente neste momento. Numa época em que as redes sociais amplificam o trabalho da imprensa – e também de quem se diz imprensa – foi uma blindagem de merda de um assunto que tanta repercussão negativa poderia gerar. E gerou.
Os jovens torcedores ficaram ainda mais bolados que os cascudos, calejados. Tive até que relembrar para o meu filho o quanto fiquei puto e cheguei a chorar quando o Fluminense vendeu o Rivellino para os árabes em 1978. Só omiti a história do “cheque voador” com o qual foi feito o pagamento (???) pois aí já seria demais para a cabeça dele – afinal, poderia concluir que o Tricolor vacila nestas questões desde quando o pai era garoto.
Bom, que a sedução da grana é irresistível todos sabemos. Que o Fluminense precisa vender suas joias de Xerém, sabemos também – e esperamos que isso acabe um dia. Pedimos, rezamos para que não dure para sempre. E que, enquanto durar, o negócio seja feito pelo valor justo e no momento adequado.
Que venham o Olimpia (será uma guerra em Assunção, podem ter certeza) e o Botafogo. O Fluminense não pode levar esse clima de desacerto criado por ele próprio para dentro de campo. E confio que, apesar de tudo, não levará. Abel é experiente, o grupo demonstra determinação. Não vamos deixar a peteca cair. Eu levo fé.