Amigos, amigas, mais uma vitória tricolor na temporada, a décima seguida, com duas assinaturas diferentes de Abel Braga. O que vimos no massacre sobre o Vasco foi uma dessas assinaturas, o que vimos na noite de ontem foi outra completamente diferente. Não sei se esse time vai caminhar para uma fusão, que talvez nos conceda jogos seguros com grandes exibições, como a do último sábado.
Eu já reclamava de que o Fluminense entrara em campo para segurar o resultado antes do final do primeiro tempo. Ora estávamos com três zagueiros, ora com três volantes, com Felipe Melo, que fez ótima partida, sendo o responsável por essa variação de posicionamento.
A minha percepção é de que o Fluminense se tornou mais vulnerável defensivamente quando Huf Huf afundou entre os zagueiros. Do ponto de vista da construção de jogo, por outro lado, o que vimos foi o Fluminense mais uma vez carente de povoamento, aproximação e criação pelo meio. O resultado foram duas minguadas chances de gol em chutes de fora da área, um de William, outro de Luís Henrique, que quase marca um gol estranho, num chute do meio da rua, tentando surpreender o goleiro adiantado.
Falando de Luís Henrique, mais uma vez foi exímio quando construía as jogadas partindo de trás. Não é de hoje que venho falando isso. Mete bola magistral para Calegari no lance do gol, marcado por William, após carrinho frustrado de Cano na marca do pênalti.
Eu não gosto da forma como pensa Abel, embora até compreenda suas razões. Não sou eu que digo que Abel jogou para segurar o resultado, foi ele mesmo que o disse na entrevista coletiva, vendo um Millonarios muito perigoso, com boa movimentação. Exageros à parte, o que o saldo dos dois jogos mostrou foi um time que colocou muitos obstáculos ao Fluminense e até poderia ter aberto o placar em São Januário ainda no primeiro tempo.
Só para colocarmos as coisas nos seus devidos lugares, o Millonarios é o líder do Campeonato Colombiano, três pontos à frente do Atlético Nacional, possível e temido adversário nosso na próxima e decisiva fase para nossas pretensões de participarmos da fase de grupos da Libertadores. Eu não entendo muito os critérios que usam para avaliar times colombianos, mas eu os acho sempre muito complicados de se enfrentar, que o diga a fase de grupos do ano passado, quando tivemos grandes dificuldades contra Júnior e Santa Fé.
É bem verdade que muito do sofrimento se deve às escolhas, na ocasião, de Roger Machado, da mesma forma como hoje elas se devem às escolhas de Abel. O Fluminense já mostrou que tem condições de colocar em campo um time muito melhor, que joga o que de melhor o futebol tem a entregar. A lembrar: o time que enfrentou Botafogo, Portuguesa, Volta Redonda e Vasco, também conhecido (vai entender) como time reserva.
De qualquer forma, Abel deve ser parabenizado. Ele é o técnico, ele faz as escolhas e ele obteve o resultado. Com suas duas assinaturas, já são dez vitórias consecutivas na temporada, incluindo três clássicos e dois jogos de Libertadores.
Assim como no ano passado, os resultados obtidos, apesar das escolhas, mostram a nossa força. E a nossa força se mostra muito maior esse ano, não tenham dúvidas disso.
O que se coloca como questão é que sempre aguardamos os jogos do Fluminense com aquela ansiedade. A diferença é o que esperamos de cada partida. Quando joga o time dito “titular”, eu tenho a ansiedade pela vitória, quando é o “reserva”, a ansiedade é por mais um grande espetáculo, como foi contra Volta Redonda e contra Vasco.
Eu preferiria hoje o time que dá espetáculo, e tem uma razão bem sólida para isso. Contra o Volta Redonda e contra o Vasco, ao ter o domínio do adversário e o controle do jogo, com posse de bola inteligente, marcação alta, compactação e marcação no meio, praticamente atuamos dentro do campo deles. Ao contrário do que aconteceu nesta terça, quando, preocupada, a própria torcida começou a vaiar ao final da primeira etapa.
Ah, mas não devemos comparar Vasco com Millonarios. Não, não devemos, mas podemos comparar o Fluminense com o próprio Fluminense em circunstâncias parecidas. Contra o Audax, com o time titular, fizemos partida sofrida. Com o mesmo time titular, perdemos na estreia para o Bangu. Com o dito “time reserva”, passamos por cima dos adversários, particularmente nas últimas duas partidas.
O que fazer? Teremos que acreditar na sensatez de Abel, porque é ele quem é pago para escolher. A boa notícia é que o Fluminense atuou com três esquemas diferentes ao longo da temporada e dois conceitos de jogo, ambos com seu valor, o que nos dá uma arma poderosa para a temporada, que é a imprevisibilidade.
Vamos aguardar se enfrentaremos Olimpia ou Atlético Nacional. Eu sei que Abel não vai fazer as substituições que esperamos, portanto a minha expectativa, como amante de bom futebol, é ver nosso azeitado “time reserva” no sábado, quando poderemos dar uma volta olímpica.
Tudo bem que é só a Taça Guanabara, mas é bom para a gente ir se acostumando.
Saudações Tricolores!