Calma.
Por enquanto, parte respeitável da nossa torcida faz um foguetório por conta das contratações do Fluminense. Já falam em “SeleFlu”, em nova “Máquina” e outros adjetivos que merecem uma análise à parte, mais adiante, quando a lucidez se equilibrar com a euforia. Semana que vem, talvez.
Meu objetivo aqui é comentar brevemente sobre uma palavra que reina no vocabulário do futebol, muitas vezes de forma imprópria e até inusitada: planejamento.
Muitas vezes, a passionalidade é que determina o que foi o planejamento de um time. Se a campanha for vitoriosa ou digna, houve planejamento; caso contrário, foi uma porcaria.
Outra canelada tradicional no futebolês é equiparar contratação com reforço. Todo mundo sabe que uma coisa não necessariamente implica na outra, podendo ser até o contrário. O Fluminense acabou de contratar nove jogadores para a temporada de 2022, mas esse tema fica para uma nova coluna.
Queria falar antes de 2021, que ajuda a refletir sobre 2022.
Ano passado, o Flu começou o ano apresentando o volante Wellington e o lateral-direito Samuel Xavier. Depois, a 48 horas para o fim das inscrições na Libertadores, anunciou o lote com Abel Hernández, Bobadilla, Cazares, David Braz e Manoel. Por fim, trouxe Jhon Arias e Nonato. Se eu tiver esquecido alguém, me perdoem.
De todos os jogadores acima, o único que teve algumas atuações até surpreendentes, acima da média, mais para o terço final do Campeonato Brasileiro, foi o zagueiro David Braz – que vinha há quase dois anos sem atuar regularmente. Todos os demais tiveram atuações no máximo medianas se analisarmos um conjunto amostral razoável de jogos.
No lote dos cinco pré-Libertadores, chamou atenção o fato de nenhum dos jogadores ter sofrido qualquer disputa por seus trabalhos, sequer reação dos clubes onde atuavam.
Samuel não teve destaque e foi criticado justamente. Wellington aí está: se muito conseguir, será primeiro reserva de Melo. Do Lote 5, três já saíram: Bobadilla, que jamais entrou em forma; Abel, que fez alguns gols mas não se firmou, e Cazares, que só entrou em forma na hora de sair do clube.
Jhon Arias e Nonato não brilharam.
Embora esteja ótimo para alguns, o fato é que o Fluminense não passou de um figurante em 2021. Jogou o Estadual se arrastando, o que foi suficiente para chegar à final mas depois perdê-la de forma humilhante. Foi eliminado da Libertadores e da Copa do Brasil com relativa facilidade por Barcelona e Atlético. No Brasileiro, em nenhum momento ousou disputar o título, tendo ficado a mais de 30 pontos do campeão.
Importante dizer: apesar de tudo que acontece no Fluminense, e não é pouca coisa, boa parte de 2021 foi desperdiçado com o trabalho extraterrestre de Roger Machado. Marcão é gente boa, mas não tinha como fazer o avião decolar.
Duro mesmo foi ver tricolores quase dando volta olímpica com o sétimo lugar, duas eliminações e um vice constrangedor.
Tudo foi ruim em 2021?
Não.
Tivemos a afirmação de Luiz Henrique, a descoberta de André, a grande jornada de Marcos Felipe, a ótima fase final de David Braz. Poderíamos ter mais de Martinelli se tivesse sido aproveitado. Marlon, mesmo com as limitações, acabou com a tragédia da lateral-esquerda. Poderíamos ter mais de Gabriel e John Kennedy, no mesmo caso de Martinelli. No fim das contas, foi o suficiente para uma temporada mediana, que incomodou mais pelos nove anos sem títulos significativos e pela apatia em momentos decisivos, que é justamente o contrário do que o Fluminense faz historicamente, isso se levarmos em conta o período 1902-2012.
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Com a “volta olímpica do sétimo lugar”, o Flu fechou o ano de 2021, limpou parte da folha salarial com o “planejamento” de dispensar metade dos jogadores, que tinha acabado de contratar, e trouxe outros oito futebolistas a saber: Fábio, David Duarte, Cristiano Moldávia, Pineida, Melo, Nathan, Bigode e Cano. Se esqueci alguém, me perdoem – tenho sofrido muito.
Na avaliação da FluNet (não confundir com o sítio de clipping), o que se vê é que o cast tricolor nos coloca para brigar pelo Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil.
Torçamos, torceremos.
Depois eu volto pra falar do octeto.
Obrigado pela visita. Feliz 2022.