O Fluminense dá as lições até na vitória, não aprende quem não quer (por Paulo-Roberto Andel)

Iniciada a semana, lá vem decisão pela Copa do Brasil com o Bragantino à frente. Se pensa em não tomar sustos nesta quarta, mesmo com vantagem significativa, o Fluminense vai precisar jogar mais do que apresentou na partida de ida, e ainda mais do que exibiu na magra vitória sobre o modestíssimo Cuiabá neste domingo de manhã.

Depois de uma longa agonia na Era Roger, a vitória sobre o River abriu caminho para uma sequência de invencibilidade, mas qualificada em três dos últimos cinco jogos. Se os resultados vieram em campo, a certeza de decolagem definitiva rumo à conquista de títulos está sub-judice.

Não se trata de não valorizar certa evolução visível em partidas mais recentes, mas sim de saber que um quilo não é uma tonelada. E que algumas deficiências também visíveis podem cobrar o preço mais cedo ou mais tarde, caso de Egídio, que já ia entregando a paçoca mais uma vez, assim como a entregou contra o São Paulo fazendo mais um de seus pênaltis ridículos – só não perdemos porque o árbitro não viu.

Diferente, mas não menos reflexivo, é o caso de Caio Paulista. Neste domingo parte da torcida se sentiu decepcionada com sua apresentação rasa. É certo que o jogador tem enorme potencial físico, é colaborativo e pode ajudar muito o Fluminense, mas não parece razoável que ele seja uma espécie de liderança técnica capaz de conduzir o time às vitórias, simplesmente porque sua técnica é muito limitada. Ou a frustração dos torcedores veio de quem não acompanha o time regularmente ou a paixão parece cegar a razoabilidade.

São apenas dois casos, mas que chamam atenção por serem o de dois pilares do Fluminense atual. Quando defeituosos num dia, podem simular o fato do Flu jogar como se estivesse com menos homens em campo, isso sem falar de Nenê que é um assunto recorrente…

É claro que há outros fatores. Neste domingo, jogar no calor da manhã também atrapalhou, ok. Agora, o que não dá é viver de sofisma a cada rodada, martelando as sentenças para que fiquem adequadas ao sentimento de superioridade. Se um cara joga mais ou menos, vira super-herói; se joga pouco, ah, não deu sorte… e o jogo deste domingo foi contra um adversário fraco, desarmado e tumultuado.

Até aqui, a amostra qualificada dos jogos de Roger Machado têm três partidas incompletas. Para ter uma grande jornada, em tese o Fluminense precisa superar nove jogos na Copa do Brasil, mais oito na Libertadores e trinta e seis pelo Brasileiro. Ainda falta muito a ser aprimorado. Que venham os triunfos e que haja senso crítico também. Times que disputam títulos vivem de regularidade técnica, pouco importando se os adversários são “piores”.

É melhor jogar de maneira opaca e vencer, lógico, do que perder pontos. Mas nunca é demais lembrar: o pragmatismo dos resultados não pode servir como coberta das deficiências à mostra. Uma hora a conta chega. Pode não ter sido contra o Cuiabá, pode não ser contra o Bragantino – e que não chegue -, mas ela chega – e quando vem, vem cara.

A classificação está encaminhada em Bragança. Só que é futebol, precisa ser confirmada em campo. Prudência sempre.

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Caio Paulista pode ser um jogador bastante útil ao Fluminense. Basta que seu potencial seja explorado na condição de coadjuvante, de um jogador de grupo, de dedicação, não um protagonista.

Quanto a Egídio, tem um bom cruzamento. Marcando, é desastroso. Verdadeiro chama-gol.

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Só peço para parte dos torcedores, que se irritam à primeira crítica contra Egídio, Caio Paulista e Nenê, que tenham a mesma compreensão com o goleiro Marcos Felipe, importante mais uma vez.

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Tudo que cerca a cúpula da CBF causa ânsia de vômito. Nenhuma surpresa.

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Para um sujeito que aluga suas opiniões, não existe almoço grátis. Nem café da manhã.