Passados quase quinze dias das denúncias publicadas no Blog do Paulinho, é impressionante como o caso Live Sorte foi “cancelado” pela imprensa esportiva do Rio de Janeiro. E mesmo que tudo se comprove como 100% correto, fica no ar uma pergunta inevitável: por que omitem o assunto? A justificativa de parcialidade do blog beira à patetice: basta elencar o tratamento dos mesmos veículos a notícias diversas que, por algum motivo, não incomodam dirigentes de futebol.
Não que seja novidade e nem uma exclusividade em se tratando de Fluminense. Foi a mesma imprensa esportiva do Rio que passou anos tecendo loas à reconstrução financeira do Fluminense liderada por Peter Siemsen, até que a verdade veio à tona e restou ao Flu um descalabro financeiro quase bilionário. E foi a mesma imprensa que fez silêncio sepulcral em dezembro de 2013 quando André Santos foi escalado pela Gávea, que resultou no Caso Flamenguesa, também silenciado.
A se julgar que não se trate de um exercício deliberado de má fé, no mínimo é uma sequência longa de falhas jornalísticas, que por sua vez são replicadas em clippings e sub-clippings, levando ainda mais desinformação sobre os temas. Difícil crer apenas em coincidência, mas vamos lá.
Outra situação no mínimo inusitada, e que seria de grande valia para jornalistas esportivos do Rio e os veículos onde trabalham, é o silêncio completo diante de um fato que, ainda que se repita em quase todos os grandes clubes brasileiros, chama atenção no Fluminense: a enorme quantidade de jogadores de qualidade técnica discutível que rodaram pelo clube nas últimas temporadas. Duas, três ou cinco, tanto faz. Em qualquer amostra tais números vão chamar atenção. Em contrapartida, é sabido que o Tricolor é um dos clubes brasileiros que menos aproveita suas revelações, tanto no retorno esportivo quando no econômico, rifando-as a troco de banana para o exterior, que acabam voltando rapidamente ao Brasil para jogar em clubes rivais. E que quase sempre negocia jogadores de fora da base com um grupo seleto de clubes no país, repetindo operações.
Então é assim: o Fluminense queima rapidamente seus jogadores mais valiosos porque tem uma dívida enorme, precisa pagar contas, mas ao mesmo tempo contrata jogadores de baixa qualidade, que ficam pouco tempo no clube e, por não receberem – devido à dívida enorme que consome muitas divisas -, acionam o Flu na Justiça em busca de um acordo justo para as partes envolvidas.
Num momento como o atual, o assunto fica de lado por conta do imediatismo que cerca o futebol: a colocação de hoje é boa – ainda que absolutamente inesperada e muito longe de ter sido planejada, vide as palavras do próprio gerente de futebol antes do início do Campeonato Brasileiro – e existe a esperança sincera de que, depois de vários anos, o Fluminense volte a fazer mais de 50 pontos ao término da competição. Ok, mas obter essa pontuação seria uma conquista ou uma obrigação moral do que se espera do Fluminense?
O discurso reducionista e prepotente, sempre de plantão, pode alegar que tais questões cercam vários grandes clubes brasileiros. Contudo, nenhum deles além do Fluminense carrega cinco lutas contra o rebaixamento nas últimas sete temporadas completadas. Felizmente este 2020, ano de tanta dificuldade em tudo, parece mais ameno para o Tricolor em campo até aqui, mas nunca é demais lembrar: terminar o Brasileirão em quinto, sexto ou sétimo lugares será apenas alívio e não triunfo. E conseguir uma eventual vaga na Copa Libertadores é maravilhoso, mas não tira o clube da condição de figurante se ele não tiver um elenco à altura do certame.
Para fechar o turno, vêm aí dois jogos difíceis: Santos e Fortaleza, times que estão perto do Flu na tabela. Todo cuidado é pouco. De toda forma, o clube começará o returno de maneira muito melhor do que qualquer um de nós poderia imaginar, o que não quer dizer uma gestão exemplar, longe disso.
Resta saber até quando a impoluta imprensa esportiva carioca fará ouvidos de mercador para fatos que são importantes, tanto para os torcedores quanto para a sociedade em geral.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
#credibilidade
Desde 1995, a imprensa nacional trata o Fluminense com escárnio. Nunca perdoou o clube pela “barrigada” em cima do clube da ditadura.
Em relação aos dirigentes, fica evidente que o Fluminense hoje, nada mais é do que uma espécie de aparelho de lavagem de dinheiro empresarial. O Fluminense compra e depois revende, mas o dinheiro não volta para o clube, vai.para todo lado, menos para o Fluminense.
Difícil de entender, quanto mais explicar.
Parabéns pela coluna. Gosto de lê -lo.
Considero que lamentavelmente o jornalismo esportivo em geral (não generalizando) é marcado pela lógica demagógica da especulação fácil. Não se investiga, não se aprofunda, as perguntas são proformes e as respostas idem. Tudo de uma mediocridade absurda . Penso que isso se deva a uma lógica perversa do mercado e à forma como o torcedor encara o futebol: o discurso de que “não ligo pra dívidas, quero meu time campeão “, mostra o descolamento da…