Fluminense, um museu de grandes novidades (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, primeiramente, quero pedir desculpas a vocês. Por várias razões, na verdade. Por ter um dia exaltado, ainda que com justiça, a figura do presidente atual do Fluminense, que não merece o posto que ocupa e, se tricolor fosse, renunciaria após a vergonha protagonizada pela equipe profissional na quinta-feira; por um dia ter achado que as contratações estavam sendo feitas na medida do possível, posto que faltava dinheiro – o que repetidamente vemos que não é o caso, já que continuamos pagando fortunas para perebas entrarem em campo com nossa linda camisa – e, assim, acabei absolvendo a figura de Paulo Angioni; e, é claro, não poderia deixar de esquecer a época em que, já que não se tentou Ariel Holan, eu achava uma boa a contratação de Odair Hellmann, ao menos entre os que se aventavam à época para ocupar o cargo de técnico do Fluminense. Obviamente, o fato de Odair ter se mostrado um completo incapaz não tornou os demais melhores. Continuam ineptos.

Com as ressalvas feitas, vamos ao que interessa. Não dormi na noite de quinta para sexta, como não estou dormindo enquanto escrevo estas linhas, de sexta para sábado. Efeitos do isolamento e do Fluminense em minha vida. Mas ao acordar, já quase à noite, e perceber que Odair não havia sido demitido, eu tive a certeza absoluta de que não existe, nesta gestão, um comprometimento mínimo verdadeiro com nossas cores. Além de tudo, nosso pavão ainda começou a adotar o comportamento “abadiano” de seu predecessor: na hora do perrengue, sumiu. Ninguém, eu disse, NINGUÉM falou absolutamente NADA para a torcida desde o vexame que passamos. Na coletiva mais rápida da história, convenientemente interrompida, Odair tentou justificar sua covardia de modo risível. Não há palavras que consigam exprimir a fúria absoluta que estou sentindo. Apareçam, covardes! Deem satisfações à torcida! Não iam montar time pra ser campeão na sua gestão? Piada! Vocês desonram nossa história!

E o pior de tudo ainda não falei: aparentemente, a diretoria pensa que é plenamente justificável manter Odair mesmo depois de duas eliminações ridículas nas competições que tínhamos alguma chance de vencer! Saiu uma matéria do globoesporte.com tratando exatamente disso. Vamos então analisar os pontos abordados e ver as justificativas.

Aproveitamento: 53,1%; 17 vitórias, 8 empates e 12 derrotas. Dois desses empates foram com o Unión La Calera e nos eliminaram da Copa Sul-Americana; uma dessas doze derrotas nos tirou da Copa do Brasil. Parte das vitórias conseguidas foi contra times extremamente fracos ou do Campeonato Carioca ou das primeiras fases da Copa do Brasil. Atualmente, caminhamos para meio de tabela no Brasileirão. Será que isso satisfaz a gestão? Deve ser, já que, se formos olhar o Fullham, ele deve ser meio de tabela do Campeonato Inglês com frequência. Porém, ainda não temos certeza se vamos mesmo manter esse aproveitamento. Se olharmos atentamente as últimas apresentações, percebe-se claramente que Odair perdeu a mão. Esse time não joga nada e exibe, hoje, o pior futebol da Série A com sobras. Não me espantaria nada perder do Coritiba nessa segunda-feira.

Retrospecto no Inter: Odair pegou o Inter vindo da Série B (com um time já montado por outro treinador) e, em quase dois anos, obteve um aproveitamento de 60,34%, com 61 vitórias, 27 empates e 28 derrotas. Não conquistou títulos, mas classificou o Colorado para a Libertadores. Fica uma pergunta: por que diabos então Odair saiu do Inter? Acho que o GE deveria perguntar à torcida do Internacional, que o odeia, as razões.

Gestão do vestiário: o treinador é chamado de Papito pelos jogadores, administra um ambiente com medalhões com habilidade, e tudo mais… ou seja, Odair é o psicólogo do elenco. Formador de panela não ganha título. O mais importante para exercer a profissão que ele escolheu passa longe de ser amiguinho de todo mundo. Fazendo isso, ele acaba não tendo peito para barrar quem precisa barrar quando precisa barrar. O fato de Nenê ser intocável mesmo quando não rende porra nenhuma, o fato de Ganso ser preterido e colocado na fogueira, o fato de Hudson seguir sendo titular mesmo sendo um escândalo… tudo isso é resultado do “amiguismo” de Odair. Fora a insistência com amebas como Caio Paulista e Felippe Cardoso, provavelmente pra que não fiquem “tristinhos” né…?

Trabalho com jovens: “a diretoria acredita que Odair tenha capacidade de identificar potenciais dos jogadores formados em Xerém para que possam ser utilizados no time principal” – vem cá, não tem um profissional pra fazer isso não? Conheço pelo menos umas dez pessoas que fazem isso muito bem, isso só do meu círculo interno de tricolores. Além disso, puxa Luan (zagueiro) e nunca o utiliza. Escala André após a torcida insistir muito e o saca no intervalo da mesma partida, mesmo ele tendo mostrado ser o melhor volante em campo. Não faz rodízio entre os vários laterais direitos vindos da base que temos no elenco (preferindo manter apenas Calegari, que é volante). Quase nunca utiliza Miguel, mesmo quando claramente a partida pede um jogador com as características dele. Escala Luiz Henrique na posição errada e, após deslocá-lo para a posição correta, o tira do jogo. Mantém Muriel em péssima fase em detrimento de Marcos Felipe. Permite que vendam o Pitaluga. E o mais grave de tudo: não pinça tanto Marcos Pedro (lateral-esquerdo do sub-20) quanto Mateus Pato (centroavante do sub-23) para as posições realmente carentes do time, na quais eles chegariam, provavelmente, para ser titulares. Belo trabalho com jovens, Odair.

Indicação de reforços: se formos buscar, direitinho, os jogadores indicados e aprovados por Odair, vamos ficar ainda mais irados. Se formos pensar que esse elenco, em sua esmagadora maioria, foi montado pelo próprio Odair, aí mesmo que cai por terra qualquer análise posterior. Ele tanto não sabe indicar jogadores quanto se curva completamente a todo e qualquer jogador oferecido ao Fluminense que seja aprovado pela diretoria. É totalmente passivo e alheio às cagadas que estão sendo feitas, e essa é a principal razão para que ele seja mantido. Aceita jabaculê de empresário como se fosse reforço. Não é todo técnico que se presta a esse papel. Logo, como ele aceita ser uma márionete, garante seu emprego.

Exemplo do passado: esse ponto é legal porque esquecem que não adianta passar um ano inteiro com um treinador ruim. Isso é tão péssimo quanto trocar de treinador várias vezes. Porém, já cansou de funcionar positivamente. Após a péssima escolha de Oswaldo de Oliveira, Marcão assumiu o time em 2019 e conseguiu não apenas nos livrar de um rebaixamento iminente como, mesmo com suas limitações todas, levar o time à Copa Sul-Americana desse ano, que Odair fez o favor de jogar no lixo. Isso porque não quero voltar a 2009 e citar o exemplo de Cuca.

Logo, isso tudo aí é papo furado, torcedor tricolor. E só mostra o quanto é importante nos associarmos ou continuarmos como sócios do clube. Porque, sem isso, seremos nada além de meras palavras em redes sociais ou em lives, amargurando cada segundo de sofrimento proporcionado pela escolha alheia. O Fluminense é nosso, e existe ainda hoje por nossa causa. Se os gestores atuais não entendem isso, precisamos fazê-los entender. E a nossa “arma” para isso é o voto. Outubro está chegando e, com ele, o prazo final para aqueles que desejam votar nas próximas eleições do Fluminense, em 2022, possam se associar e fazê-lo. Esfrie a cabeça e entenda que essa é a única maneira de realmente mudar os rumos do clube de forma decisiva. E como hoje minha paciência está curta, não teremos curtas. Fora, Mário, fora, Angioni, fora, Odair. Saudações tricolores.

Panorama Tricolor

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