Ontem, o Gerente das Divisões de Base do Fluminense, Marcelo Teixeira, foi ao Conselho Deliberativo para explicar o Projeto Fluminense Europe que pode culminar com a compra do clube eslovaco STK Samorin (se pronuncia “chamurin”), no final do ano.
Marcelo foi bem didático, com uma explanação muito bem feita e não deixou qualquer dúvida sobre os objetivos do projeto, como ele foi pensado e como está sua execução, hoje. Pelo que vi é um projeto sensacional, pioneiro aqui no Brasil e que pode dar muitos frutos em médio prazo.
O gerente das divisões de base começou passando um resumo de Xerém, um resumo da apresentação feita por ele anteriormente esse ano no próprio Conselho Deliberativo. Lembrou dos pilares do plano diretor de Xerém: filosofia e gestão, identificação de talentos, desenvolvimento de talentos, qualificação de profissionais, infra e tecnologia e internacionalização da marca. Isso está dividido em quatro unidades de negócios: escolas de futebol e futsal (seria equivalente ao ensino primário), Academia de Futebol de Xerém (o equivalente ao segundo grau e faculdade) e o Flu Europe (pós-graduação). Fantástico!
Lembrou o lema que norteia todo o projeto da divisão de base do Flu: “Faça uma pessoa melhor e teremos um melhor jogador”, e esse lema permeia o projeto Fluminense Europe. A ideia é que colocando jogadores na Europa, estes possam sair do ambiente conturbado em que vivem (a maioria são de classes sociais baixas com muitos problemas no seu ambiente doméstico) além de aprenderem outra cultura, convivência com europeus, falar inglês e etc. Além disso, o projeto visa dar continuidade a jogadores da base que não terão chances no primeiro momento no time titular do Fluminense. Nada melhor do que fazer isso em um clube europeu com um custo mais baixo que se tivéssemos um Fluminense B (aqui no Brasil isso não é permitido na Primeira Divisão) por aqui.
O projeto do Fluminense Europe foi idealizado há uns quatro anos. Houve vários estudos em qual país estabelecer o clube e há um ano e meio mais ou menos se definiu pela Eslováquia e pelo STK Samorin.
Por que a Eslováquia e o STK Samorin? Alguns motivos levaram a escolha deste país e deste clube. Questões não relativas ao futebol:
- País ser membro da União Europeia;
- Localização geográfica (país fica no centro da Europa);
- Dimensão geográfica pequena (facilita deslocamentos) e população pequena (país tem 5,4 milhões de habitantes);
- Economia (custo de vida baixo);
- Diversidade étnica no país (minimizando problemas de racismo).
Questões ligadas ao futebol:
- Permissão de quantidade ilimitada de não europeus nos clubes na liga eslovaca;
- A Liga Eslovaca possui muitos atletas jovens (o clube campeão e que por um jogo não foi para a Champions tem uma média de idade de 21 anos);
- Boa infra de futebol, já que tudo tem de seguir os padrões UEFA;
- Baixo custo do futebol (para se ter uma ideia só com salários, Portugal, por exemplo, iria ser dez vezes mais custoso).
A cidade de Samorin possui quinze mil habitantes, está colada à capital Bratislava que por sua vez é a única capital da Europa que faz fronteira com dois países europeus: Áustria e Hungria. Possui dois aeroportos internacionais a menos de 50 km de distância: Viena e Bratislava. E fica a menos de 300 km de centros importantes de futebol na Europa, como a Alemanha, por exemplo. A cidade fica às margens do Rio Danúbio e tem uma qualidade de vida excelente e uma comunidade tranquila.
O clube possui um estádio com capacidade para duas mil pessoas, dois campos de treinamento, uma comunidade engajada que trabalha de forma voluntária em dias de jogos e um custo de manutenção muito baixo. Quando o Flu começou o projeto lá, o clube estava na terceira divisão. Já está na segunda e ganhou os dois primeiros jogos de estreia na segunda divisão. Amanhã, tem outro jogo. A ideia é botá-lo na primeira divisão.
Mas, ainda tem a cereja do bolo. O homem mais rico da Eslováquia vendeu o seu banco e construiu o terceiro maior complexo esportivo da Europa, quinto do mundo, ao lado do clube, o X-Bionic Sphere (veja foto abaixo), onde o time já faz usufruto deste ambiente de preparação esportiva espetacular, inclusive os oito jogadores do Flu que estão no clube e o diretor técnico e mais uma pessoa do Fluminense que estão lá.
Detalhe: hoje o Fluminense detém o comando técnico do clube. O treinador é europeu, extremamente qualificado, mas é do Fluminense.
Para completar, o X-Bionic Sphere junto com STK Samorin e Fluminense estará com um stand na maior feira de futebol do mundo, a Soccerex, realizada anualmente em Manchester, Inglaterra.
Que tal?
Ah! “O Flu gastou muito dinheiro”, dirão alguns. Nada disse. Até agora foram desembolsados menos de quinhentos mil euros. A partir da compra, o custo ano do projeto ficará em dois milhões/ano (1% da receita global do Flu em 2016) e será incorporado ao orçamento de Xerém. E quando for comprado passará a ser chamado de STK Fluminense Samorin e ter as cores do Flu.
Em resumo é isso. Tirem suas conclusões.
Achei o projeto absolutamente fantástico. É de médio prazo (começar a dar frutos em 3 a 5 anos), mas uma alternativa para quem não vai ter as cifras astronômicas de Flamengo, Corinthians nesta divisão de cotas absurda da TV.
Para finalizar, conversei com o Natan que está envolvido no projeto e ele me disse que a partir de hoje terá um hot site na página do clube para os tricolores conhecerem a acompanharem o projeto.
Não tenham dúvidas. Outros clubes vão copiar.
Fluminense volta a sua vocação de pioneirismo e vanguardismo no futebol.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @mvinicaldeira
Parabéns pela iniciativa. Realmente, tinha que ser o FFC pioneiro nessa iniciativa. Como tricolor, me sinto muito orgulhoso em ver o nome do meu time aparecendo internacionalmente. Sucesso e muitas glórias, como as marcas alcançadas pelo FFC. ST, Walmir.