Na era da moda torcer, o que mais se vê por aí são as ditas “musas do futebol”. Claro que tem as belas mulheres, mas muito trubufu também.
É tanto concurso e tanta musa, que chego a ficar meio tonta de informação, e o curioso é que, salvo exceções, elas, as tais musas, dificilmente vão aos jogos dos times que pretendem representar. E o pior: algumas sequer torcem para tais times. É um estranho fenômeno que assola as torcidas dos grandes e médios times brasileiros. Na verdade, nem tão estranho assim: é apenas o mundo dos negócios, que pouco ou nada tem a ver com a paixão do torcedor.
Em um único ano pude ver através das redes sociais pelo menos uns cinco concursos elegendo a “musa do Fluminense”.
A maior parte das candidatas nunca vi em jogo.
E não me refiro à questão da beleza física, porque para ser musa a maioria está bem longe – falo da questão de torcer, vibrar, acompanhar o time, de modo a se candidatar a representá-lo em qualquer esfera.
Musa é quem acompanha o time na boa e na má, quem jamais abandona, quem enfrenta horas de estrada, chuva, sol…
Enfrentam fila para comprar ingresso, comentários machistas e até grosseiros, ficam sem voz, cansadas, mas não deixam de estar lá.
Mais do que ser musa, isso é amor.
Porém, não me causa espécie que, no “moderno” século XXI, as musas sejam apenas (e às vezes) meras representações de beleza e corpo… Eis o que quero debater aqui.
Torcedora não é beleza: é conteúdo, é garra, amor ao time, participação.
Lugar de mulher é sim em estádios, discutido futebol, também embelezando a bancada, cada uma com seu biotipo, sua beleza, mas todas com muito amor. Se as vozes falharem, cantaremos com nossas almas, faremos tremular as nossas bandeiras e defenderemos o nosso pavilhão!
Nós, mulheres, crescemos ouvindo que futebol é coisa para homem.
Mulher faz ballet, chora sem motivo, compra sapato…
Na verdade, futebol é coisa de todo mundo: do presidente, do gari, do jogador e até da dona de casa. Futebol é para mim, para você, para o meu filho.
Estamos aí para torcer e discutir com os homens, de igual para igual todos os lances polêmicos do gramado, e ainda conseguimos fazer isso sem descer do salto, sem perder a classe. Lugar de mulher é onde ela bem quiser.
Espero quer um dia, seja retomada a era onde estádio era lugar para acompanhar o time – e não forma de se autopromover. O importante não é a beleza da torcedora e sim a diferença que ela faz na arquibancada. Que legal que tenhamos belas torcedores, mas essa não é a prioridade.
Os campos podem até ser dominados pelos homens, mas na arquibancada nós, mulheres, fazemos parte do futebol também. E não como enfeites ou pedaços de carne em exposição.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: revista Sexy