1
Dentro do campo o nosso Fluzão vai muito bem, obrigado. E lá vem a fera Ronaldinho Gaúcho. Que tenhamos momentos inesquecíveis.
Empolgada, a torcida foi atrás de ingressos para o clássico contra o Vasco.
Entra ano, sai ano, é possível ouvir as mesmas histórias.
“Não quer fila? Seja sócio”.
Não é possível saber hoje quantos milhões de torcedores o Fluminense tem, pois nenhum censo sério a respeito foi realizado (reitero: sério – os levantamentos anteriores de jornais e institutos de pesquisa não consistem numa série histórica cientificamente plausível por N motivos – estou à disposição para debates com os especialistas do setor).
O certo é que o Fluminense tem infinitamente mais torcedores do que o clube pode atender um dia como sócios.
O principal ponto de vendas físicas para ingressos é, por razões históricas, a sede das Laranjeiras. Ontem, por sinal, o único.
Para cativar e atrair torcedores, não falta um rol de teses importantes e irrelevantes a respeito.
Neste garboso século XXI, basta uma piscadela: o time em ascensão, uma grande campanha, um grande craque contratado e, claro, a torcida se interessa em comparecer a um clássico já marcado por polêmicas desde antes.
Acontece que o Fluminense precisa zelar especialmente por seus sócios sim, mas não pode abrir mão do respeito no atendimento aos torcedores do clube – que, aliás, são a razão de sua existência.
E toda vez que a torcida é convocada, sempre acontece a mesma coisa: o sistema.
Fila, fila, fila. Sim, o sistema do Maracanã (agora).
“A culpa é da torcida que não se associa ao clube”.
“A culpa é do sistema, que é lento e demora para imprimir os ingressos”.
A culpa é da grande demanda.
Mentira. Falta vontade de resolver o problema.
Por quase três décadas entre 1980 e 2010, devo ter comprado ingressos para pelo menos 150 jogos importantes e decisivos do Fluminense, alguns deles à época com mais de cento e vinte mil pagantes num Maracanã que, hoje, só chegou perto de setenta mil em decisões.
Havia alguns postos de venda pela cidade. O grosso era vendido no Maracanã mesmo. Nunca tive um único problema para entrar no antigo estádio.
De um tempo para cá, basicamente no século XXI, a frequência média dos torcedores caiu para um terço de trinta anos atrás.
Mas entrar no Maracanã piorou e muito. Comprar o ingresso então…
Neste 2015 mesmo, o que não faltou foi ver tricolores entrando nas arquibancadas no meio do segundo tempo ou pior: voltando para casa – e isso explica muito do que aconteceu em jogos mais recentes, quando o público foi bem abaixo do esperado diante da boa colocação do Flu.
Se fosse o improvável caso de “estimular” o torcedor “comum” a se associar, prestando um atendimento tão ruim para que ele seja praticamente impelido à adesão (uma péssima hipótese de estratégia), ao menos poderiam ter tido uma ideia minimamente inteligente ontem: com tantas pessoas na fila, que o marketing do clube estivesse a postos prestando atendimento, atenção e até mesmo captando a clientela. Um único guichê de atendimento funcionando para vender ingressos. CAOS.
Imagine se você fosse a um supermercado com ocupação média e, ao entrar, percebesse que um único caixa estivesse registrando compras. Ainda que fossem individualmente pequenas, dá para se ter o tamanho da desgraça? Talvez você largasse a sua cestinha no chão e fosse embora. Para nunca mais voltar, provavelmente.
Beira o inacreditável a cogitação de que exista planejadamente um apartheid tricolor, onde o sócio deve ser feliz e o torcedor comum deve ser um(a) filhadaputa (Leminski) desocupado(a) – que tem mais é que ficar TRÊS HORAS numa fila para ver seu amor em campo – houve quem tenha ficado CINCO horas ontem, até conseguir falar por uma grade de oito centímetros de altura, levar um fora da única pessoa atendente e se sentir honrado porque “cumpriu com a sua obrigação”.
Uma apropriação das palavras de Caetano Veloso em sua genial intervenção na extinta MTV: “Fluminense, bota essa porra pra funcionar”.
No Fluminense, o torcedor deveria ser tratado com tapete vermelho. Deveria. Mas nem de longe é.
Constranger qualquer um dos nossos irmãos de três cores não vai levá-los a se associar. Involuntariamente ou não, uma enorme escassez de inteligência.
Traduzindo: burrice.
O que não agrega não progride.
Os cambistas sorriem felizes.
2
Dia 15 de julho de 2015, três aninhos de Panorama Tricolor.
Já que o clube hoje não tem apreço pelo bem estar de seus sócios, desde a Copa do Mundo de 2014 não consigo fazer opt in para qualquer jogo.
A alegação é a de que meu cartão de crédito apresenta um problema técnico, embora eu o use regularmente para compra de CDs de música síria, sanduíches, livros, ingressos para cinema, roupas, comida, calçados, motel, funeral de terceiros e o diabo a quatro. A única porra que ele não consegue comprar é o ingresso para o Maracanã.
Em um ano, já entrei em contato com o clube oito vezes para solicitar a resolução do problema. A última resposta foi de que o problema era do Consórcio Maracanã. As oito anteriores foram evasivas deselegantes.
Mãos lavadas e foda-se.
Já ouviram falar disso?
Acontece que não tenho nem tive interesse em ser sócio do estádio. Não sou torcedor dele. No Sócio Futebol, estabeleci uma relação jurídica com o Fluminense, não com terceiros. Não é preciso ser muito inteligente para saber o que eu já poderia ter feito.
Num certo momento, simplesmente desisti.
Não do Fluminense, mas de algumas pessoas por lá, cujas existências se limitam a roubar oxigênio da Terra e devolver gás carbônico – e que, felizmente, pouco ou nada têm a ver com a campanha atual do time, exceto nas papagaiagens.
Virei um colaborador: pago esse troço, mantenho meu direito a voto (que será útil em 2016) e vou para a fila do parquinho, a “grande experiência” que me oferecem.
Ontem, resolvi espiar minha ficha técnica de relacionamento com o Sócio Futebol, onde poderia ter experiências fascinantes. Só queria a porra do ingresso, mas tudo bem.
Para minha surpresa, tinha virado um devedor.
Em 30 mensalidades, paguei 26 antecipadamente em pelo menos dez dias. Mas tinha virado um devedor. Quem sabe um caloteiro?
E descobri também que não adianta pagar um boleto em dinheiro vivo na boca do caixa porque, em um MÊS, quem cuida disso não teve a capacidade de atualizar uma baixa.
A resposta do clube até a publicação desta coluna foi o tradicional silêncio, feito aquele de 2013 e 2014 enquanto o mundo desabava. Vocês se lembram daquilo?
Nem ao menos a vergonha na cara de atualizar minhas contribuições espontâneas mensais. Esperei um ano para publicar esta coluna.
Ah, sim: em 30 meses, é a QUARTA VEZ que isso acontece.
Viva o Fluminense do campo! Viva o Flu Memória e mais uns três ou quatro!
O resto? Um salve geral.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: marina oliveira/pra
concordo, mas vindo de vc, é politicagem pura.
abraço e ST!
Porra, querer comparar os dias atuais com tempos idos é foda.
Só sócio desde 2008.
Compro meus ingressos na boa.
Só tive um problema e o Fluminense me colocou no Maracanã Mais.
De fato, a operação do Consórcio Marcanã é terrível. Precisamos pressionar para mudar.
Associem-sem. Sócio, basta ir na internet, fazer optin e correr pro abraço.
Andel: Caldeira, a comparação foi feita com base em um assunto no qual você é especialista e que não tem sofrido alterações significativas nos últimos 300 anos: Matemática. Se hoje vendo três vezes menos ingressos do que vendia há 30 anos, espero fazê-lo de forma três vezes mais rápida, não mais lenta.
Foda é confundir a defesa da gestão atual do clube com a indiferença diante de fatos graves que se repetem há anos, sem sofrer qualquer modificação presente. Os torcedores que não são sócios merecem tanto respeito quanto os que são – por acaso, sou um destes. O Fluminense não merece castas.
Se você se incomodou por questões políticas suas, imagine eu que sou sócio e não posso usufruir do direito há um ano. Basta refletir a respeito.
Não há argumento que justifique a presença de uma única pessoa atendendo a centenas de torcedores para a compra de um ingresso, em qualquer época, local e governo. Novos discursos, velhas atitudes.
Não há argumento que justifique um mês de atraso pela quarta vez numa uma baixa de boleto pago na boca do caixa.
Meu compromisso é com o Fluminense, e não com as pessoas que estiveram, estão ou estarão lá. Elas passam, o Tricolor fica.
Abraço.
Na boa, achar que deliberadamente existe uma política de foder quem compra nas bilheterias, em detrimento de quem compra pela internet é demais.
No Brasil não sabemos vender ingresso, seja para jogo, pra show de rock ou para carnaval.
Terrível.
Não tenho indiferença com quem compra pela bilheteria.
Meu compromisso também é com o Flu e é balela que as pessoas passam e o Fluminense fica. Pessoas podem levar o clube a insolvência. Já quase o fizeram e essa gestão está desfazendo essa…
O mais incrível é que, na ânsia tresloucada de fazer defesa da sua gestão enrustida de argumento para justificar o injustificável – em vez do foco principal, que tratava das agruras dos torcedores -, você se embolou completamente na interpretação do parágrafo a que se refere.
Convém uma releitura minimamente apurada, caso queira.
Não chega a ser novidade.
O PANORAMA é espaço de defesa institucional, elogio e crítica, doa a quem doer.
Por motivos óbvios, você já deveria saber disso.
Quanto à expressão “terrível”, utilize-a para si mesmo.
Críticas construtivas sim, sempre! Comparações com a era hORCAdes, nunca! Nem igual, nem pior, mas com problemas ainda, sim. Dá pra melhorar, basta que cada um faça o seu trabalho com a mesma dedicação dos que fazem a “porra” funcionar: os citados pelo autor.
No mais, VENCE O FLUMINENSE!
SSTT4!!!!
Os mesmos que vinham com o papo do “Spray de pimenta na final da Libertadores 2008 foi culpa do Horcades” estão hoje no poder fazendo as mesmas coisas (ou até pior…).
Tenho 60 anos, comprei meu ingresso no site do maracanã, cheguei ontem na fila às 11 horas. Saí de lá às 15:30. Um absurdo, uma bagunça geral. Só tinha uma bilheteria. E eu só queria trocar o meu que já estava comprado. Fiquei decepcionada com o tratamento dado aos torcedores. Vou aos jogos do Flu desde criança e apesar da tecnologia atual, piorou muitoooooo mesmo. VC disse tudo. Saudações Tricolores.