Com que roupa (por Marcelo Vivone)

Noel Rosa Reduzido
Qual o Fluminense que estará em campo no Mané Garrincha amanhã? Não, não me refiro à escalação dos 11 titulares, pois essa é praticamente certa. A dúvida é relativa ao padrão de jogo.

O torcedor pode ser agraciado com um Fluminense como, por exemplo, o do 2º tempo do último jogo, que nos garantiu a vitória sobre o São Paulo no Morumbi. Um time em que era nítida a doação individual para o bem coletivo. Com o coletivo formando um time compactado e determinado a conquistar a vitória. Com falhas, mas que, ainda assim, cativa o torcedor e lhe dá esperança da conquista de “algo mais” no Campeonato Brasileiro.

Por outro lado, o cidadão Tricolor pode se deparar logo depois do apito do juiz com um time modorrento, lento, desinteressado e descompromissado. Um time em que o individual parece estar pensando em tudo, menos em suar a camisa e conquistar os 3 pontos, o que condena o coletivo a uma atuação decepcionante e, em vários casos na temporada, bizarra. Enfim, uma atuação de embrulhar o estômago do torcedor.

O torcedor Tricolor que, desde a era dos pontos corridos no Brasileirão, é obrigado a conviver com incertezas a cada início de temporada, dada a inconstância entre um ano e outro, esse ano foi surpreendido com incertezas dentro do próprio campeonato, com grande alternância de atuações com apenas 3 dias de diferença.

Nosso time é capaz de conquistar 6 pontos contra o São Paulo, empatar contra Corinthians fora e contra Cruzeiro no Maracanã, sendo que em ambos os casos fomos prejudicados pelos juízes em lances capitais. Mas nosso grupo de jogadores também consegue perder 2 vezes no mesmo campeonato para o Vitória, ser completamente dominado e derrotado pelo fraco time do Botafogo (que na época do confronto tinha 3 meses de salários atrasados e 6 de atraso nos direitos de imagem) ou sofrer 3 gols do Criciúma num mesmo jogo, equipe que antes do jogo só havia marcado 7 gols nas 9 rodadas anteriores ao jogo e que, hoje, na 25ª rodada, marcou apenas 13. Isso mesmo, 13 gols em 25 rodadas, sendo 3 contra nós.

O desequilíbrio do elenco e, por consequência do time titular, é um grande problema da temporada e isso se deve à incompetência da diretoria de futebol para contratar. Temos um meio de campo de qualidade inegável. Qual o time no Brasil não gostaria de ter Conca e Cícero nessa faixa do campo? Mas, por outro lado, temos várias deficiências em vários setores: a falta de um atacante de velocidade, o que torna o time lento e com um contra-ataque praticamente inexistente; a fraca defesa que ainda sofreu 2 lesões inesperadas de seus titulares; ou o problema crônico da lateral direita.

Mas, mais do que o problema de desequilíbrio do elenco, atribuo as inconstantes atuações ao espírito com que cada jogador entra em campo. Fica muito claro para o torcedor, já com 10 ou 15 minutos de jogo, se os jogadores estão ou não dispostos a vencer naquele dia. Os motivos para essa inconstância que parece programada pipocam aos montes na imprensa, sendo difícil para nós torcedores sabermos qual versão é a verdadeira. Mas o fato é que o torcedor tem sido vítima da vontade dos jogadores, ficando praticamente refém do elenco do clube.

Evidentemente que, em um ambiente dito profissional, uma situação como essas jamais deveria ser permitida. Mas é o que parece que ocorre nas Laranjeiras e não parece ter fim, pelo menos em 2014.

Por isso, apesar de estarmos hoje muito perto do G4, o que mais quero é somar o quanto antes 47 pontos e ver qualquer chance de novo vexame ser eliminada. Isso por que não se sabe quando pode acontecer alguma coisa que deixe os jogadores chateadinhos, fazendo beicinho, e entregando os jogos como forma de pressão interna.

Já que não se tem notícias de medidas enérgicas da diretoria e do presidente para os vários casos de pouca dedicação dos jogadores, acho que o melhor antídoto contra isso, ainda que paliativo, é a entrada dos jogadores mais novos, como é o caso de amanhã. Prefiro Marlon, Fernando, Rafinha e até Elivélton em campo, ávidos por conquistar um lugar ao sol, “comendo a grama”, do que jogadores talvez até com melhor técnica e mais experientes, mas que entram em campo quase que por obrigação, ainda que tenham salários estratosféricos e fora da realidade. Esses, para mim, já deveriam ter sido afastados do grupo há alguns meses.

Assim, com a provável escalação de amanhã em mãos, minha é expectativa para o jogo de amanhã é positiva, ainda que a decepção possa estar esperando o apito do juiz. Mas acho que pelo menos vontade de vencer não vai faltar. E isso é o mínimo que o torcedor tem o direito de exigir.

Panorama Tricolor 

@Panoramatri  @Mvivone

Imagem: google