Outono COM aquela cara meio fria, dias de inverno, folhas ao chão. Greve dos ônibus, caos, ruas vazias porque os trabalhadores não conseguem se deslocar. As pessoas esperam a Coupe du Monde finalmente começar a decolar – a demora tem gerado reclamações dos comerciantes – talvez o preço de manter a Seleção em tons de superstars – os torcedores deixaram de ter intimidade com a velha camisa amarelinha, o que se espera diferente dentro de pouco menos de um mês.
No FLUMINENSE a coisa vai bem, obrigado. Ainda tendo muito a melhorar, mas muito bem dentro das circunstâncias – um segundo lugar por ora. Afinal, quando o time consegue vitórias convincentes as coisas tendem a acalmar. “Tamos numa boa pescando pessoas no mar”, diria Arnaldo Batista. Diante do que se via até o jogo de ida contra o Horizonte, a mudança foi da água para o vinho dentro de campo e nas arquibancadas. Melhor assim. Todo mundo junto. É possível ser fidalgo sem ser otário, firme sem ser criminoso, crítico sem ser agressivo, simples sem ser vazio.
Cristóvão compactou o time, reduzindo o problema crônico da falta de velocidade. A defesa ficou mais protegida e, por isso, menos imune às investidas. Quem andava, passou a correr; quem corria, passou a voar. Nada como boas conversas por trás da ribalta para as coisas voltarem aos eixos.
No mais, certo clima de calmaria, ainda por conta da confiança natural após a chinelada aplicada sobre o Mais Protegido domingo passado. O Flu está sereno. Agora é torcer para que os bastidores não desandem a coisa e tudo seguirá o rumo do bem. Se Renato Maurício Prado teceu loas um tanto constrangida e Zico perdeu (mais) um pênalti verbal, ótimos sinais. Alguém queria que falasse dessa garota Nivinha vomitando sandices? Mais um enfeite de câmera. As nossas? Denises, Alessandras, Brunas, Vanessas, Fernandas, Flávias, os caras vêm de Nivinha? Haja pequenez.
Idiotas que apontam algum racismo tricolor são os primeiros a mugir homofobia com trocadilhos sobre o nome do Fluminense. Desconhecem que há décadas o imortal Clóvis Bornay agiu de frente na liberação das arquibancadas oprimidas – claro, para buscar apoio, ficou do lado da maioria. Os pares se encontram.
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FIM de quarta-feira, parece que o Botafogo joga, chega a ser estranho não estar no Maracanã ou em frente à televisão para o jogo de meio de semana. O Brasileiro seguirá morno até depois da Copa, quando então virá aquela loucura de jogos um atrás do outro sem tem tempo para pensar. Antes da pausa, nossa missão é ficar na parte de cima como agora, sem desespero nem obsessão, apenas marcando posição. Brigar no alto, eis o habitat natural. Um cafezinho convidativo, Monk in France na vitrola eletrônica. O Fluminense e o jazz casam bem: ambos têm elegância, audácia artística, capacidade de desafiar definições. Fosse samba, quem mais senão Cartola?
No domingo TEM o Grêmio. Senhora carne de pescoço. Adversário duro mesmo depois da má Libertadores. A diferença é que o Fluminense não está mais como suspeito de ter sorte de principiante: jogou bem mesmo quando perdeu para o Vitória, atropelou o rival com classe. O conjunto, a garra e a qualidade coletiva dos últimos jogos não eram vistos na íntegra desde 2012. Parece um time feito com onze Sobis ou Concas. Por mais que os talentos brilhem, caso claro de Fred, o conjunto tem feito a diferença. Até Bruno anda em paz com as ciências exatas. Viram como Gum melhorou?
Manchetes em depressão: depois de meses sendo achincalhado, agredido e incapaz de dar as respostas devidas no gramado, não é que o Flu se reencontrou? Isso é péssimo para a turma das coincidências. Péssimo. Felizes, sorrimos. As lindas camisas estão de volta às ruas no frio outonal; os rancorosos foram obrigados a trocar a rispidez por um silêncio covarde. Ainda somos reis.
Panorama Tricolor
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Muito Bom!!
Grande texto Andel!
BRAVO!
NASCEMOS COM A VOCAÇÃO DA ETERNIDADE.
SAUDAÇÕES TRICOLORES!!!!!!!!