Renato: o joio do trigo (por Paulo-Roberto Andel)

renato gaúcho 2222

O craque é eterno.

Deixa marcas, escreve a história, faz do passado o eterno presente, torna-se legenda.

Incandesce as melhores lembranças.

Renato, como jogador, fez coisas como poucos na história do Fluminense.

Não bastasse ter conduzido o time a uma das vitórias mais fantásticas de todos os tempos, em 1995, ainda pôs dinheiro do próprio bolso para socorrer funcionários e jogadores com inúmeros salários atrasados.

Foi um dos maiores jogadores de sua geração, superior inclusive a alguns que hoje dominam o cenário midiático mundial.

Sempre merecerá o respeito de quem conhece a história do time de futebol do Fluminense.

Sempre.

Ponto.

O treinador já teve altos e baixos, tal como seus pares do ramo de mesma geração. Muitos baixos. Talvez porque não tenha seguido à risca a impetuosidade dos tempos de jogador, talvez por ainda confundir as funções.

Ganhou um título no Flu quando desacreditado. Fez um ótimo campeonato brasileiro. Há sete anos.

Depois, a Libertadores de 2008. Deixar o time titular um mês sem jogar custou caro: 4 gols da LDU no primeiro tempo. Vai completar infelizes seis anos.

De lá para cá, tempos opacos, exceto ano passado no comando do Grêmio e a conquista de uma vaga à Libertadores. A torcida que mais o ama no mundo não teve a paciência eterna de sempre.

Era pouco para reconduzir o Fluminense em frangalhos a uma posição de destaque e afronta à imprensa esportiva marrom.

Segundo suas próprias palavras, precisava de cinco jogos para azeitar o time do Fluminense.

No décimo-oitavo, as principais jogadas eram os balões de Cavalieri para a intermediária, as cobranças de falta de longe transformadas em cruzamento e os chuveirinhos. Foi eliminado. Antes disso, a inacreditável derrota para o modesto time cearense do Horizonte ainda desafia definições.

O treinador ainda tem tempo se pretende chegar aos pés do craque. Mas precisa começar agora, antes que o trabalho à beira das quatro linhas possa poluir a fantástica história dentro delas.

Por mais que seja um fanático tricolor, Celso Barros nem sempre acerta nas escolhas – e tem errado vigorosamente nas imposições. Basta pesquisar de 1999 para cá.

Mas justiça seja feita: Renato foi muito mal, mas é apenas o novo vitimado por uma política que prioriza as manchetes, mas ocasionalmente deixa o conteúdo de lado.

Lento, envelhecido, precisando de sangue novo, o time do Flu arrasta-se nos gramados.

Há dinheiro para treinadores caros, nem sempre eficazes, e “gestores” – leia-se Rodrigo Caetano.

O Fluminense não pode ser refém de caprichos pessoais.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: placar