Vasco 1 x 1 Fluminense (por Walace Cestari)

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Uma rinha. Que importa se era uma partida de futebol? Era uma semifinal, uma batalha. E o jogo no primeiro tempo teve menos de futebol que de briga. Catimba, reclamações e empurrões. Jogo travado, disputado no meio de campo, faltoso, repleto de rusgas. O Fluminense, sem dúvida com um elenco mais técnico, mas guerreiro como sempre, aceitou a proposta do Vasco em lutar por cada bola, por cada espaço do campo.

O Vasco começou marcando em cima do Flu, marcando pressão e levando perigo ao gol de Cavalieri. As três cores pareciam assustadas com o ímpeto cruzmaltino, mas, ao aceitar o estilo do jogo, equilibrou a contenda. Bola na trave do Vasco, cabeçada quase fatal de Walter escorando o cruzamento de Carlinhos. Se havia técnica no certame, o dono da arte era Conca, lançando e descobrindo companheiros em cada passe.

Walter é um capítulo à parte. Mais magro, demonstra visivelmente maior mobilidade, posicionando-se bem e dando sequência rápida a todas as jogadas que lhe chegam aos pés. Hábil e inteligente, sabe usar sua massa corporal para proteger e prender a bola, além de escolher as melhores opções variando passes rápidos em tabelas e ultrapassagens por trás da zaga adversária. Aos poucos, vai se tornando a melhor opção para o ataque.

Os três volantes são uma opção inteligente de Renato, mas Conca jogou isolado no primeiro tempo. Ainda assim, conseguiu produzir boas jogadas e colocou Fred na cara do gol, mas nosso artilheiro não pareceu acreditar que sua posição era boa e foi facilmente desarmado. Carlinhos quase fez de bicicleta em uma saída errada do goleiro do Vasco e o Flu equilibrou. Ainda houve tempo para um susto, em uma falta mal rebatida por Cavalieri que se redimiu por completo, operando um milagre à queima-roupa, em uma bola que ainda triscou a trave.

Na luta, na briga e na garra. Ainda sem saber se era a melhor opção, esse foi o Flu no primeiro tempo. Com a vantagem do empate nos dois jogos, o Flu poderia ter mais calma e ser mais incisivo nos seus contra-ataques. Mas isso já era a história do segundo tempo.

Na volta do intervalo, o Vasco continuou com a mesma proposta e o Flu aceitou até os dez minutos. Foi então que o Tricolor se lembrou de que possuía mais técnica que a guerra, segundo Sun Tzu, também podia ser arte. Jean, passando por dois, tabelando magistralmente com Conca, encontra Fred sozinho na pequena área, sem goleiro. O matador não perdoa e o Flu abria o placar.

Dos dez aos vinte, o Flu acalmou-se, pôs a bola no chão e com inteligência rodou a bola, tocou, procurou as melhores alternativas e criou boas chances. Ledo engano de quem imaginou que o Vasco seria só nervos diante do domínio tricolor. Em jogada confusa, com a participação de todos os reservas que acabavam de entrar, Thales empatou.

Dos vinte aos trinta, não houve jogo. Catimba, contusões, reclamações e nervosismo. Walter deu lugar a um inoperante Marco Júnior, que ainda iria sair contundido para dar lugar a Wagner. Bruno contundiu-se e foi substituído por Rafinha. Sem Jean no meio, logo no momento em que entrava no jogo, o Flu perdeu domínio territorial e o jogo voltou às batalhas.

Daí até os quarenta minutos, viu-se uma partida truncada, com poucas chances e na qual se chamava a bola de vossa senhoria, tamanha a falta de intimidade com a esférica. A bola não chegava ao ataque tricolor, Conca, implacavelmente perseguido por Guiñazu, sumiu em campo, ressentindo-se de ter alguém com jogar. Em duas cobranças de falta Douglas levou algum susto à torcida do Flu, mas o perigo não rondava constantemente a meta de Cavalieri e o jogo encaminhava-se para um final morno, quase frio.

Os minutos finais mostravam duas equipes cansadas, satisfeitas com o resultado. E foi assim até Jean fazer uma desnecessária falta na lateral do campo e recebeu o segundo amarelo, tornando-se um importante desfalque para o decisivo de domingo. O Vasco, ainda com pernas, lançou-se ao ataque e pressionou até o apito final. Nessa altura, com certo alívio para nós.

Cabe a Renato Gaúcho mostrar para essa equipe o seu valor. Não podemos imaginar o campo como um palco de guerra e buscar a raça para vencer. Não que não sejamos guerreiros, somos, claro! Mas, temos mais possibilidades de vitória ao explorar os pontos fracos do Vasco. Carlinhos precisa estar acordado no próximo jogo e a lateral direita passa a ser um problema para nós. Conca não pode ficar tão isolado e a zaga deve evitar as faltas.

A única certeza que se tem no domingo é que será fatal. O clássico será decidido nos erros, nas pequenas falhas. A perspectiva pode não ser a de um jogo tecnicamente bom, ainda mais se o Flu não buscar impor esse modelo de futebol ao adversário, mas não faltará emoção. Isso valorizará a passagem para a final. Hoje, de qualquer um dos dois. Sorte a nossa que o universo conspira para mais um título tricolor. Nelson sabe, Nelson sabe…

Panorama Tricolor

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Foto: lancenet.com.br