A euforia depressiva… (por Walace Cestari)

ABACO

…de um pessimismo otimista

Que se dane a lógica! Este é um campeonato feito para acabar com qualquer comentarista. Uma semana basta para que nossos textos não só fiquem velhos, como também completamente desligados da realidade. Por isso, está decretada a morte do bom senso. Chega de pensar no que vai acontecer. Vamos nos desesperar ante a proximidade do rebaixamento com a mesma volúpia de estarmos a três pontos do sexto colocado. Não, vamos pensar no que vai acontecer. Mas de forma louca, por favor.

Não ganharemos mais clássico algum. Ou golearemos impiedosamente o próximo rival. Às favas com o mais charmoso derby nacional. Perderemos para a molambada. Ou ganharemos deles. Se não houver opção, empataremos. Não faço confetes para o certame do fim do ano. Ah, e eles não cairão. Não dessa vez. Os jornais dirão sempre que o esquadrão rubro-negro está pronto para ambições maiores, ainda que venha a terminar abaixo de nós. Como de costume, aliás. Este é um ano sabático para o Fluminense. Já não é a primeira vez que jejuamos os doze meses sem vencer os rivais. Não será por isso que verterei lágrimas. Apesar disso, prometo ser estupidamente ufanista quando ganharmos.

Temos Grêmio e Cruzeiro nas próximas rodadas. Favoritismo dos adversários em ambos os casos. E daí? De que vale isso neste campeonato? Rigorosamente nada. O Flu desandou após o empate contra o claudicante Botafogo e o desempenho caiu mais que as ações das empresas do Eike Batista. Jogamos mal contra um Inter que vem regularmente atuando abaixo do potencial de seu elenco. Ainda assim, um jogo duro, decidido em um lance. Nada de anormal perder para o Inter lá. Logo depois perdemos para um arremedo de Vasco da Gama – talvez o pior Vasco que eu já tenha visto. Luzes amarelas acesas, outros piscando luzes vermelhas. Ninguém se entende na boate dos números que se tornou a tabela do Brasileirão.

Não acredito em bruxas, mas não custa nada acender uma vela nas Laranjeiras. Do jeito que está a coisa, ganharemos do Grêmio e calaremos o Mineirão, fazendo valer a freguesia interestadual neste último caso. Da depressão à euforia, teremos esperança em chegar ao G5 – duvido muito que o Atlético Mineiro não chegue entre os quatro, mais pela contínua queda do Botafogo (que teve o canto do cisne em Pernambuco) e Atlético Paranaense que por suas insinuantes atuações. Mas, é assim: se está difícil, se parece improvável, é o que irá acontecer. É isso que prega o roteiro nonsense do campeonato.

O ábaco do pessimista faz as contas pra baixo, vislumbrando que, dada a embolação no meio da tabela, talvez 45 pontos não livrem a cara de ninguém. A conta mágica pode chegar fácil aos 48 pontos, o que significa que nos faltariam 14 para respirar aliviados. Onze rodadas, seis jogos em casa e um clássico. Sairemos quatro vezes, para enfrentar Cruzeiro, Corinthians, Santos e Bahia. Desses, não mais que dois pontos são previstos pelos depressivos e pelo menos quatro pelos eufóricos.

Nossa vida se decidirá em casa, contra Grêmio, Ponte, Vitória, Náutico, São Paulo e Atlético Mineiro. Fora o Grêmio que vem consistentemente na parte de cima, os outros adversários não são tão assustadores assim. O Galo, por exemplo, na penúltima rodada, já estará no check in do aeroporto para disputar o Mundial. Os pessimistas vão achar que pegaremos não mais que nove pontos, os otimistas esperam mais de treze, pelo menos. Assim, terminaremos com minguantes 45 pontos – agarrando-nos ao número de vitórias para permanecer na série A; ou com dignos 52 pontos que dificilmente nos levarão de volta à Libertadores.

Nessa conta ainda podem ou não entrar mais três pontos. Eu sei que não falei de um jogo. Mas quem deve se preocupar com o Flamengo é a polícia, não eu.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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DR ERNESTO by .

3 Comments

  1. “Nessa conta ainda podem ou não entrar mais três pontos. Eu sei que não falei de um jogo. Mas quem deve se preocupar com o Flamengo é a polícia, não eu.”

    Final arrebatador para uma crônica sensacional.

    Parabéns!

  2. Rods comenta:

    Não acredito mais em G4 e nem em G5, com o Atlético dando uma mãozinha pra nossa classificação (vai tirar o pé qdo chegar perto do mundial).

    Mas torcer, eu torço. Vamos ver no que dá.

    Eu acho que se pegarmos a Sul-Americana, deveríamos investir nela, pois além de ser um título bem rentável, é mais fácil que a Copa do Brasil.

    ST!

  3. ” Mas quem deve se preocupar com o Flamengo é a polícia, não eu.” [2]

    PERFEITO MEU CARO, RI LITROS..

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