Digam o que disserem, lugar de clássico entre Fluminense e Vasco é no Maracanã, mesmo que esse novo, cheio de rococós. Um dia, foi em São Januário, com todo respeito – e não tem mais que ser. Agora, na tela fria da televisão, um estranhamento enorme em ver os times em terra estrangeira, ainda que Ressacada tenha sido um grande anfitrião.
Todo de branco, apaixonante feito nos velhos tempos, o Fluminense começou no ataque, mas não passaria de efemeridade. Uma, duas, três bolas no alto sem que Euzébio alcançasse – claro. Todo de preto, elegante, o Vasco marcou no primeiro ataque que concluiu. Incrível tomar um gol de Cris, com a cabeça a prêmio na força vascaína. Futebol é assim. Maldita freguesia dos últimos vinte anos, para os supersticiosos. O miolo comeu mosca mais uma vez, o Fluminense na trocentésima oportunidade tendo que correr atrás do placar. Edinho, Euzébio, Gum… mais do mesmo. Inferiorizado nas circunstâncias e beneficiado pelo gol precoce, o Vasco fincou bandeira em sua defesa, mas não tínhamos força para agredir como devido – o eterno problema do penúltimo toque.
Podia ter sido pior quando Francismar sentou o pé, a bola desviou, Klever defendeu e o travessão explodiu. Inevitável a lembrança de Franciomar França, grande inspetor do CAP da Lagoa nos anos 80 e botão titular no time de Xuru. Wagner deu um chute, o goleiro defendeu esquisito. Sobis, defesa bloqueou. Jean entrou rasgando na diagonal, goleiro de novo. Em torno dos trinta minutos, pressão do Flu, mas pouca criatividade. Igor Julião torto na esquerda, Biro-Biro enrolado. Rhayner também, com a bola. Mesmo no canto do cisne, ninguém sabe como Felipe.
Um bate-rebate na área, a bola sobra para Wagner. Pifff! Adeus, primeiro tempo, mais um intervalo sob revés. Incomodou certa lerdeza, pasmaceira que não se espera de quem vinha num processo de recuperação antes do tropeço em Caxias.
Felipe, Diguinho e Samuel dentro, Julião, Biro-Biro e Rhayner fora. Sinal claro da insatisfação de Vanderlei, ouvida bem longe do vestuário aos berros e palavrões necessários. E Felipe acertou um chute prensado, Jean outro mais de longe. Continuamos no ataque, chances a conta-gotas. Ao menos, o chutaço de longe de Sobis, triscando o canto direito. Mais de Sobis: o cruzamento da esquerda para o patético peixinho de Wagner. O tempo não para e o Flu se enrola, tropeça nas próprias pernas e explode os joelhos no chão. Depois do empate contra o Botafogo, tudo desandou de novo, irregularidade desagradável e que precisa ser combatida desde já.
No fim do jogo, mais pressão, chuveirinhos, Wagner noves fora, zero. O Vasco se segura como pode, tenta contragolpes. Edinho vira atacante. Definitivamente a coisa não anda bem para nós nesta última insistência. O último – e mau – suspiro fica por conta de mais uma cabeçada imprecisa de Samuel.
Algumas considerações são inevitáveis. Felipe, craque maior no canto do cisne, não tem que combater como um volante comum, mas sim investir toda sua energia na criação. Mesmo quando houve a melhora anterior do time, Wagner não foi convincente – aliás, desde que foi contratado. Rhayner perdeu – temporariamente – sua principal qualidade, que é a velocidade incessante; sem ela, estorvo. As titularidades de Edinho e Euzébio são mais do que questionáveis – qual o problema de, num dado momento, ficarem no banco ou até mesmo fora dele? Igor Julião, assim que acabar a maldição da lateral-esquerda, precisa ir para o outro lado e aí nos divertirmos com os chapéus de Bruno nos coletivos e rachões. Sobis, o mais regular do time em 2013, precisa concentrar as ações como homem de área, de frente, finalizador – combate feito um louco, tem que voltar para buscar jogo, cair pelas extremas, só falta ele cruzar e correr para cabecear, o que é absolutamente inviável. Desde o jogo contra o Náutico, a entrada de Samuel em campo é inócua.
Não há motivo para desespero ou faniquitos, mas sim de sinal intenso de alerta – um enorme alerta, um sinalzão amarelo que não pode ser desprezado ou minimizado. E também não deixar que o mau momento reflita em caça às bruxas com visa ao processo eleitoral do clube. Racionalidade, sobriedade e firmeza de atitude. No entanto, 2013 mostrou que o Fluminense não estava em berço esplêndido do “trabalho” ou da “estrutura montada” – a performance fala por si.
A dois pontos da zona de rebaixamento e a três do sexto colocado num campeonato emboladíssimo – o oitavo colocado tem apenas seis pontos a mais do que o décimo-sétimo -, fica bastante claro que duas ou três vitórias consecutivas mudam todo o cenário – mas como fazê-las acontecer? Com mudanças. Para ontem e não apenas no intervalo – digo da escalação. Há outros times mais fracos, modestos e tecnicamente rasos à frente – só que não somos mais o grande time campeão brasileiro e precisamos de garra, atitude e intervenções imediatas. Bom, Luxemburgo tem atitude e esperamos mais no próximo sábado. Bem mais.
Não custa lembrar: a incrível recuperação de 2009 foi feita com meio time barrado.
Por tudo, o jogo contra o Grêmio passa a ter matizes dramáticas. Hora do desafiador de paradigmas novamente desfraldar suas bandeiras.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Caraca meu caro Andel, está impossível assistir aos “jogos” do Fluminense. É de uma inoperância só vista em 1996/1998. Meia palavra basta, certo?
E que os 47 pontos venham logo, se é que virão?
Bruno, porque favor, que em 2014 você seja muito feliz no…. Timbuktu!!!
Caro Andel,
Estou Pensando Seriamente Em Parar De Assistir Aos Jogos Do Fluzão Este Ano, E Apenas Ler No Dia Seguinte Suas Análises Completas E Fiéis Aos Fatos Dos Jogos.
Para Quem Toma Diovan 80mg Como Eu, Acompanhar Aquela Falta De “Criatividade”, É O Mesmo Que Comer Sal Grosso De Tira-Gosto.
Definitivamente Não Faz Bem Para Mim.
Por Ter Dois Pés “Esquerdos” E Muita Disposição, Será Que A Abandonada Lateral Esquerda Não Cairia Como Uma Luva Para Rhayner??
Sds,
Bruno
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