Quando Miles Davis, o Pablo Picasso do jazz, faleceu em 1991, não houve quem não lamentasse o muito que o gênio musical ainda tinha a fazer. E tinha. Porém Miles deixou seu recado em quase meio século de arte – seus fãs queriam duzentos anos, com justiça.
Contudo, das artes em geral, o futebol é a única que tem o obrigatório fim precoce de seus talentos. Com trinta e poucos anos, lá vai o sujeito para o abatedouro da alma. O corpo não acompanha a mente, não se tem mais o ímpeto de menino. E os craques ficam eternamente na cabeça da gente, seja por um grande título ou uma jogada numa partida sem relevância.
Chegou o fim da carreira de Deco como jogador de futebol.
Sim, já era esperado, mas não deixa de ser lastimável. Deco foi daqueles jogadores que ainda trataram a bola como a mulher amada, a garota preferida, a bailarina desejada à ribalta. Um talento lindo de morrer, como diria Ibrahim Sued.
Chegou ao Fluminense já veterano, do mesmo jeito que outro cracaço fizera no passado: Gérson. Renato Gaúcho também. Aguentou críticas, teve dificuldades para se adaptar novamente ao futebol do Brasil, mesmo já tendo sido um dia o maestro de Barcelona.
E foi campeão. Muito campeão. Sua grande atuação foi decisiva nos 4 x 1 contra o São Paulo em Barueri 2010, portal do nosso paradisíaco tricampeonato brasileiro. Depois, temporadas sensacionais a seguir, o carioca de ponta a ponta e o colossal tetra em 2012. Para quem pensa que dois brasileiros em três anos foi pouco, basta refletir o vazio entre 1985 e 2009.
O Deco do golaço contra o América do México. Do reinado em La Bombonera. Outro golaço contra o Vasco. Muito mais. Houve um jogo contra o Cruzeiro no Engenhão e empatamos. No fim, uma falta perigosa. Deco bateu com a categoria de sempre, ela explodiu no travessão, subiu e desceu quicando com efeito no gramado. Não houve gol e nem precisava para eu jamais esquecer desse lance. Com jogadas assim, voltei à minha infância e juventude de Mário, Gilberto, Delei, Assis, Romerito.
Todo carnaval tem seu fim. Deco fez do futebol uma linda escola de samba na Sapucaí. Chegou a quarta-feira de cinzas. Não vai ter desfile ano que vem. O futebol morre, morre.
Nós, tricolores, ainda merecíamos seus belos passes, suas jogadas de plástica inimitável.
Não deu.
Tempo, implacável tempo que nos consome e nos faz chama que há de se apagar.
O futebol colossal de Deco chegou ao fim. O garoto Anderson, realizado e milionário, ainda terá muito a fazer por aí.
A bola, companheira querida, há de lhe prestar o devido réquiem à carreira. A memória dos tricolores gratos, também. Um dia dirão: Deco foi um monstro com nossa camisa. E é tudo verdade.
Tal como Miles Davis: o Pablo Picasso dos gramados.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Foto: Ricardo Ayres / Photocamera
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Obrigado, Deco. Que a aposentadoria lhe seja leve. Fica mais uma lacuna no querido Fluminense.
Vlw Deco.
Que venha nosso pequeno GRANDEEEE CONQUITA para substituí-lo em 2014….
st
Valeu, Deco! Grande talento! O jogo contra o Goiás pela Copa do Brasil vai ficar marcado por ter sido sua última apresentação oficial. Saímos com uma vitória e antes de se machucar fez um lançamento magistral para o Marco Jr. avançado na ponta direita. Infelizmente, a musculatura dá sinais de exaustão, quatro lesões em apenas 8 meses da temporada 2013 revelam a falta de condições físicas para jogar um campeonato tão desgastante. Mas se dependesse apenas de condições técnica e tática, poderia…
Deco nunca foi quantidade e sim qualidade. Quando estava em campo em condições físicas fazia acontecer. o que fica são os títulos de 10/12 e principalmente o estadual no qual ele deu show.
Falarei ao meu filho sobre ele, tipo, Chapelaria Deco, Lençóis Deco, Canetas Deco, lembra akele num jogo no Engenhão contra o Avaí ? Até o Juninho Pernambuco ganhou um cobertozinho ! Era pura arte … triste dizer “era” …
Não vi Gérson jogar, mas vi Deco!
Triste!
E o futebol fica mais triste, mais pobre… é a vida!
E DECO PAROU…
FOI O MELHOR A SER FEITO… MAIS FIQUEI TRISTE.
SE ELE FOSSE MELHOR ASSESSORADO TERIA ENCERRADO A CARREIRA NO JOGO CONTRA O CRUZEIRO ANO PASSADO DEPOIS DO TETR4.
OBRIGADO MAGO!!!!
ST