Nada melhor que a melhor estreia. Ainda que não fosse a caráter, de black-tie, ou de seu passeio completo, afinal. Não existe melhor vestimenta que a vitória. Se não deu tempo para Luxemburgo mudar o time, ou seus rumos, mudou pelo menos o vento. Vencemos. Na atual circunstância, era disso que precisávamos. Três pontos valiam mais que todo o complexo vitamínico que as avós costumam receitar aos netos doentes.
Não fui a favor da demissão de Abel. Acho que quando se estabelece uma estratégia ela deve ser cumprida e não encontrava razões que fizessem do nosso Abelão um sujeito inútil aos planos traçados. Obviamente, haveria ele de fazer concessões, especialmente na parte tática, talvez por isso tenha caído, por agarrar-se demais a uma ideia fixa sem se fixar nas ideias que poderia ter sido. “Antes uma trava no olho que uma ideia fixa”, já nos alertava Brás Cubas, personagem magnífico do genial Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho.
E trouxemos um Bruxo. Luxemburgo é dos poucos técnicos brasileiros capazes de observar a partida de maneira a entender seu funcionamento e conseguir intervir em seu andamento de modo a mudá-la a seu favor. Tem alternado, como alquimista das táticas, bons e maus trabalhos em busca de sua pedra filosofal. Esperemos que seja na Nova Califórnia do Laranjal que definitivamente o encontre.
Mas, como todo experimentalista alquímico, Luxa também gosta de buscar novas essências, novos materiais para novas misturas e, frequentemente, onde chega, surgem movimentações de mercado. As notícias dão conta de que nosso mecenas está disposto a apoiar algumas de suas experiências e, ao que tudo indica, teremos novos nomes no rol dos guerreiros.
Em apenas um jogo, ficou boa impressão de nosso velho conhecido de décadas passadas: montou a equipe baseada no material que vinha sendo usado por Abel, em uma atitude que serve para ganhar a confiança dos jogadores; modificou levemente para um esquema bem mais simples, próximo de um 4-4-2 ou, como insinuou até a entrada de Felipe, um 4-3-1-2. Aproveitou as oportunidades para colocar quem precisa provar que merece estar no grupo, como Felipe – que teve bela atuação – e os meninos Julião – que merece ser aproveitado com frequência – e Kennedy – que mostrou grande potencial.
A maior de todas as magias é conseguir a simplicidade. Apesar de gostar das roupas de mago, estranhas ao campo de jogo, nosso Flamel tem simplicidade no falar e entende bastante das quatro linhas. Com algum tempo, esperamos ver resultados mágicos saindo de seu caldeirão. Ontem, o Flu jogou mal e venceu. Com sofrimento, dor e entrega. Como nós já nos acostumamos a ver as três cores.
Não há mal nenhum em ganhar sem encantar. Queremos a magia das vitórias. Se houver algum encanto, que seja de bônus. A simples adição de três pontos a cada rodada nos é suficiente para alimentar o sonho. Estamos todos em busca do quinto elemento. E tem a forma de taça. Boa sorte a nosso Bruxo.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: R7
Rods comenta:
Professor Walace, podemos dizer então que os alquimistas chegaram afinal?
E quem seria nosso Woldemort?
Excelente texto!
ST!