Todos sabemos que teve uma vida difícil. Mais difícil do que a vida difícil demais de 99 entre 100 jogadores de futebol profissional, o que já seria um fardo.
Quando tinha seis anos, viu o corpo de um de seus irmão, que acabara de ser assassinado.
Não tinha dinheiro pra se alimentar. Teve faltas afetivas. Tem um irmão preso por assaltar um ônibus.
Viveu numa das regiões mais violentas de Recife. Fugiu de tiroteios. Viu uma vítima de uma tentativa de assalto receber tiros e agonizar até a morte.
Mais um sobrevivente dos grotões do ainda desigual Brasil. Triste que tenhamos que ver nossas crianças passarem por isso em pleno século XXI.
Tudo o que passou é reflexo do que é hoje.
Sua ausência de comida, dinheiro e carinho na infância faz com que seja uma criança grande. Inocente. Que acha que o mundo pode acabar amanhã e come o que pode hoje. Ou que pode não ter dinheiro. Como já não teve.
Rara visão de jogo, chutes sem-pulo precisos, faro de gol. Tem potencial para a Seleção Brasileira. Vejam as duas últimas atuações.
Porém, poucas vezes vemos um talento tão grande correr risco de ser desperdiçado.
Hoje existem assessores, procuradores, empresários. Eles só servem pra morder parte do salário e ganhar com transferências? Ou algum desses pode ajudar, de fato, um jogador que precisa de ajuda?
O fato é: o Walter pode ser muito mais do que um “gordinho folclórico”. Muito mais. Muito além de um jogador que brilha numa ou outra partida.
Depende só dele? Talvez.
Muito embora eu acredite que não tenha cabeça pra sair disso sozinho.
Uma pessoa que tem estudo, com base familiar, toda a estrutura possível e que nunca passou fome, ao ver um salário de R$350 mil na sua conta vai fazer besteira. Imagine com apenas 25 anos? Pois é.
Walter precisa de alguém. Pra ajudá-lo.
Aconselhá-lo. Pro bem dele. E pro bem do futebol. Fazer com que seu talento se firme de vez, seja permanente e n ão de ocasião.
Ele é uma “vítima do mundo”? Longe disso. É um sobrevivente.
Mas alguém deve mostrar-lhe que, com essas atitudes, troca o sucesso no futebol por biscoitos recheados e refrigerantes.
Walter: faça a sua parte. Por mais que isso seja muito difícil. E peça ajuda.
Futebol, você tem e muito.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @luciobairral
Parabéns Lucio pelo post. Infelizmente, com esse salário deve ficar difícil o discernimento sobre quem de fato quer ajudá-lo. O assedio deve ser muito grande. De todo modo, sou um apreciador do futebol desse rapaz. Seria ótimo se o Walter conseguisse transformar seu futebol numa infância alegórica e nos brindasse ao brincar de jogar bola. Os torcedores ficariam felizes com sua forma e conteúdo.