Vale o que está escrito (por Paulo-Roberto Andel)

 

Haja o que houver, o Fluminense é o grande líder do campeonato brasileiro. Haja o que houver, a dianteira da tabela é hoje nossa propriedade. Escrevo estas linhas antes dos jogos de Atlético Mineiro e Grêmio, mas o cenário vai permanecer no mínimo inalterado. E como reza a tradição tricolor, mais uma vitória em um jogo de muita luta, muita disputa mas com a categoria do líder prevalecendo no fim.

Senhores, não vamos cair nas esparrelas vulgares. Os despeitados falam do Fluminense como um time de sorte. Mestre Nelson já nos ensinou que, sem sorte, não se chupa nem um picolé. Fomos atacados, levamos bolas na trave mas elas não aumentaram o placar. Vencemos com autoridade, mais uma vez fora de casa e contra o vice-líder do returno, em fantástica reação e muito bem-treinado por Jorginho. Soubemos fazer o marcador e conquistar a vitória, sem choro nem vela. O chororô é dos outros.

Vejam a confiança de nossa torcida. Grupos de Sergipe, da Bahia, nossos admiráveis maníacos com suas faixas tão familiares aos nossos olhos. O gremista Thiago estava a meu lado no Vieira e disse: – Ora, vocês não têm torcida por lá! – Não fale besteiras, rapaz, você é doutor mas não acerta um placar de loteria! Os nossos valem por cem cada. Fizemos silêncio, risos e a cerveja gelada para tentar atenuar um dos dias mais difíceis que vivemos recentemente. Tigrão também sorriu, de forma discreta.

O começo foi do Bahia, com seus velhos conhecidos do futebol carioca: Zé Roberto, Fahel, Marcelo Lomba, o incrível Neto, Danny Moraes e Titi. No Fluminense, a novidade ficou por conta de Sobis em lugar de Neves, cedido para a opaca seleção. Tudo compreensível: Abel sabia da correria baiana e ter um finalizador experiente à frente poderia ajudar a deter o ímpeto adversário. De início, não adiantou: o Bahia perdeu um, dois, três gols. Depois, o Fluminense foi Nem no ataque, geralmente parado à base de sarrafo, um atrás do outro, geral faltas e cruzamentos. Aos poucos, equilibramos as ações, um escanteio, dois, Fred podia ter marcado mas chutou mascado. Edinho também deu suas bordoadas, sejamos justos. O incrível Neto acertou um balaço no travessão e preocupou. Cavalieri fez duas defesaças. No fim da primeira etapa, perdemos grande chance: Fred escorou bem de cabeça, faltou pouco para Nem escorar para as redes. Jogo duro, brigado, ríspido, a turma da arbitragem inclusive saindo cercada pela polícia, bem diferente dos tempos em que Lessa era goleiro do Bahia.

Para que que não pairassem dúvidas, Cavalieri mostrou que é o melhor goleiro do país hoje: fez defesas fantásticas no começo do segundo tempo. Foi um São Paulo Victor, foi um São Castilho, foi um São Félix, foi ele mesmo com sua frieza gélida do leste europeu em carne e osso paulistas. Depois, os despeitados da liderança não viram o pênalti em Nem. De tanto apanhar, o meia-atacante teve o destinho selado pela patetocracia da arbitragem: recebeu cartão amarelo. E novamente os despeitados sorriram quando nova bola bateu na trave direita do nosso goleiro. Ninguém disputa um grande título sem sorte, repito. Por isso, o inesperado aconteceu, Bruno foi Carlos Alberto Torres por dez segundos e marcou um golaço que poderá levar o Fluminense ao pódio máximo do Brasil, com requintes de crueldade para rubro-negros invejosos: bola entre as pernas de Lomba, ódio dos insossos para com o líder. Claro, o Bahia sentiu: fazia uma boa partida sofreu o revés.

Gum, se tivesse a ajuda do pé esquerdo, poderia ter marcado em jogada onde foi um meia ofensivo. O gol não veio. Perto dos tradicionais quinze minutos finais, Abel fez as modificações de praxe: Marcos Junio em lugar de Nem, Wagner em lugar de Deco. Logo em seguida, a jogada de morte para os baianos: Carlinhos cruzou, Fred escorou,. Sobis matou e fuzilou no alto, sem defesa, bola tocando no travessão e selando mais uma das muitas vitórias que o Fluminense tem colecionado ao longo deste 2012, nenhuma delas óbvia, todas importantes. No fim, Junio poderia ter ampliado. O Bahia já estava entregue, mas Lomba fez importante defesa no canto esquerdo. No fim, venceu quem tem mostrado a força de seu hino em campo. No fim, Marcus viu a pequena estrela infinita que todos aplaudimos.

Estamos firme, somos fortes. A linda Juliana sorriu, Leo também. Rods pulou como nunca no coração do Brasil. Vivone, Reguffe e André trocaram abraços fraternais nas arquibancadas de Pituaçu. São nove passos que separam a águia do Atlântico Sul de sua presa maior. Nada, reitero, nada está vencido: o tricolor não é um flamengo, o tricolor é a sobriedade em três cores monumentais. Hoje, conquistamos uma de nossas difíceis vitórias, aquelas que têm sabor inigualável. Neste momento, rivais estão em campo a jogar, e todos olham cada segundo como um século – afinal, o Fluminense é lider, líder mais do que nunca, líder como sempre. Estivesse eu numa esquina matreira com malandros sórdidos, veria o escudo tricolor impresso numa loteria informal com os dizeres eternos: “Vale o que está escrito”. É isso. E basta.

Dedicado aos Caldeira de Lima.

Paulo-Roberto Andel

Panorama Tricolor/ FluNews

@PanoramaTri

Imagem: photocamera.com

Contato: Vitor Franklin

6 Comments

  1. É isso aí, caro Andel!
    Seguimos firmes e fortes. Bola pra frente, SEMPRE!
    Abraço a todos do Panorama!
    SSTT!!!

  2. Que felicidade! O Bruno carbonizou minha língua!

    Que noite! Fluzão venceu e o garnizé foi goleado!

    E ainda framengo, WascO e os masoquistas perderam!

    Força total contra a ponte, já ganhou é pra clube acéfalo, todos à são januário!

    ST

  3. O Flu está demais. Com o samba de uma nota só do Jobim, faz de sua regularidade uma arma mortífera. Jogo após jogo os comentaristas de TV e jornal se admiram e a liderança inconteste se consolida. Quando assisti na casa do Jácome o Flu e Vasco do primeiro turno, me lembro dele dizendo que o Flu teria que passar o Atlético em pontos, pois em vitórias era praticamente impossível (na ocasião o galo tinha 2 vitórias a mais). Hoje temos 3 vitórias a mais e 9 pontos de distância. A minha camisa cinza e branca está lá no armário, guardadinha, lavada e passada, esperando sua estréia no jogo contra o Vasco. Espero que a sua estreia seja com o grito de é tetraaaaaaaaaaa!
    Ao Marcos Vinícius digo que se confirmou a minha predição: sua querida mãe estava ontem no Pituaçu, abençoando a vitória tricolor. Siga a vida!

  4. Parem de elogiar o CAVA!!!

    Ou o mané da cebefí manda ele jogar no CAFETANISTÃO!!!

  5. Parabéns pela bela crônica e pela homenagem ao companheiro Caldeira.

  6. Obrigado aos amigos do Panorama e ao Fluminense que atenuaram a minha dor, hoje! Amanhã, estarei de pé, firme e forte. Sou que nem o Flu: envergo, mas não quebro!

    Seremos campeões!

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