Uma sequência de entrevistas estapafúrdias (por Marcus Vinicius Caldeira)

“Cala a boca, Magda”! Nunca o bordão de um programa humorístico –  usado por um personagem em relação à esposa que era burra demais – esteve tão presente nas Laranjeiras.

Desde o fim do jogo contra o Sport no domingo passado, onde empatamos e praticamente demos adeus a qualquer esperança de jogarmos a Libertadores no ano que vem, iniciou-se um “febeapá” sem fim por parte dos jogadores do Fluminense e por fim, pasmem, do Mário Bittencourt, vice-presidente de futebol a quem eu estimo muito, mas que pisou na bola feio.

Para começar o festival, Fred, nosso homem de quase um milhão de reais manda a seguinte pérola:

”Não fica frustração. Temos que lembrar que esse time caiu no ano passado. Não jogamos a Série B devido ao erro da Portuguesa. Temos que ser realistas mesmo que isso não sirva de argumento. Encontramos um outro caminho seguindo a filosofia do Cristóvão. Tentamos, mas erramos mais do que os outros na competição. Foi complicado para a gente. Esse ano foi difícil, no ano que vem vão sair vários jogadores. Espero que as coisas melhorem. É preciso se planejar”.

Sobre esta entrevista, já comentei no meu post passado que ela detona nosso trabalho de desconstruir essa imagem de que a Portuguesa salvou o Fluminense quando, na verdade, salvou o Flamengo e ainda tira o dele da reta, jogando no colo da diretoria como se ele mesmo e outros não tivessem feito corpo mole por premiações e parte dos seus altos salários atrasados.

Em seguida, veio o Sóbis, que há tempo não produz nada de bom em campo:

“Nós estamos fazendo muito. É difícil falar isso porque vão achar que estamos puxando para o nosso lado. Tivemos muitos problemas durante o ano, não só dentro de campo, mas fora também, coisas que não vem ao caso externar. O time é 99% o mesmo que caiu ano passado”!

Estão fazendo muito o quê? Fizeram corpo mole ano passado e esse ano por premiação e salário. Rebaixaram o clube ano passado. Este ano foram eliminados vergonhosamente tomando de 5 do América de Natal e encerram o ano tomando de 4 da Chapecoense. Estes caras estão de sacanagem! Não tem o mínimo de vergonha na cara.

Para completar, a cereja do bolo. Wagner assumindo nas entrelinhas as entregadas:

“Futebol se define nos detalhes. Em 2012, tínhamos tudo correndo muito bem, bicho, salário… Tinha partidas que eu nem ia para o jogo, ficava de fora porque eram muitos jogadores de qualidade. São pequenos detalhes que influenciam o quão longe pode chegar. Um detalhe ou outro pesa, quando não atrasa salário ou não paga bicho. Quando tem briga de um com outro. Que salário está atrasado, que um recebe e outro não”.

É ou não uma confissão de culpa? Se tá tudo bem jogam, caso contrário, entregam! Absurdo total.

E quando tínhamos achado que esse festival de entrevistas estapafúrdias havia terminado, não é que o Mário Bittencourt (que defendeu o Fluminense brilhantemente no STJD), vice de futebol do clube, me dá uma entrevista ridícula, inábil, sem pé nem cabeça, passando a mão na cabeça desses mafiosos. Vejam:

“É um baita cara (o Wagner), atleta dedicado, com pensamentos sociais. Como tricolor, teria a maior dó por não tê-lo aqui no futuro, se isso se concretizasse. Quando ele diz que interfere no resultado (salário atrasado, bichos, contratos no fim, etc.), é porque problemas de mudanças de conceitos interferem. Não é que tenham ficado desmotivados. Pegaram uma sequência de quatro vitórias na reta final. O que ele quis dizer é que qualquer profissional com a vida estabilizada e que passe por instabilidade vai passar por uma reflexão das situações, de pensar no futuro”.

Só pode estar de brincadeira. O que ele quis com essa entrevista? Botar panos quentes porque o Wagner vai ficar ano que vem? Quer dizer que rebaixar o clube de propósito com entregadas de jogo e falta de compromisso com o clube por atraso de 20% de alguns salários milionários e por premiação é reflexão? Poupe-me, Dr Mário. Não jogue nossa esperança de um belo futuro presidente do clube no ralo. Que tenha sido só uma entrevista errada, um lapso.

Já disse várias vezes aqui: já deu com estes de 2012. Não há confiança em nenhum deles. Ainda mais agora em época de vacas magras, com a Unimed em situação financeira desastrosa. Aliás, porque exclusividade na camisa? Por que não buscaram outros patrocínios?

Continuam refém do mecenas tresloucado. Tudo errado.

Espero sinceramente que essa entrevista do nosso vice de futebol tenha sido um lapso. Não posso crer que ele acredita piamente no que disse.

É hora da mudança nesse elenco.

Andel tem razão: esse fim de ano em termos de moral e falta de vergonha na cara desses jogadores está pior do que o ano passado.

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O Conselho Deliberativo votou e aprovou ontem o novos uniformes número 2 e 3 para temporada 2015. O número 3 promete muita discussão. Eu gostei dos dois e, como conselheiro, aprovei-os.

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O conselheiro Bruno Curi e a Flusócio correram um abaixo-assinado solicitando o estabelecimento de uma estatuinte, para que o próximo presidente eleito possa ser deposto e responder criminalmente caso não cumpra com os compromissos financeiros do clube em dia: impostos, salários e afins.

Excelente iniciativa. Mesmo com todas as críticas à gestão do futebol da atual diretoria, é inegável o esforço de Peter para o equacionamento das dívidas, de forma a entrarmos 2015 com esse problema encaminhado.

Com essa iniciativa, evita-se que um aventureiro assuma a presidência, administre de forma irresponsável e jogue todo trabalho dessa gestão para a reestruturação financeira no lixo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @mvinicaldeira

Imagem: google

1 Comments

  1. Será que nessa “estatuinte” também não poderia entrar uma espécie de recall-rebaixamento, ou seja, a possibilidade de retirar um presidente em caso de rebaixamento no futebol e a imediata convocação de novas eleições?

    A legislação permite isso?? Seria um passo gigantesco que o Fluminense daria para voltar a ser referência no futebol brasileiro e mundial.

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