Uma semana de reflexões tricolores (por Paulo-Roberto Andel)

Rafael Sobis encerrou a carreira. Nestes quase 50 anos de arquibancada, raras vezes vi um jogador tão respeitoso e comprometido com a camisa do Fluminense.

Além de um tremendo profissional, sempre destoou do ambiente “boleiro”: leitor, rocker, Sobis seguiu um caminho próprio.

Jamais o esquecerei.

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Dez anos sem Ézio.

Ele faz uma falta enorme. Representa um Fluminense que precisa ser resgatado.

Falei a respeito disso no link abaixo, no maravilhoso Museu da Pelada.

SUPER ÉZIO: CLIQUE AQUI.

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Cem anos de Ademir Menezes.

Um dos maiores jogadores de todos os tempos, marcou época no Fluminense supercampeão de 1946.

É um orgulho tê-lo na galeria de artilheiros do clube.

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O ingresso de Gilberto Gil na ABL é uma grande vitória para a instituição. Gil é um dos maiores brasileiros de todos os tempos e emana sabedoria. De perto é simples demais, como convém aos grandes nomes da História. Tive a oportunidade de conversar com ele por algumas horas e posso afirmar: tudo que você vê de legal e bacana do Gil em shows e na TV é exatamente daquele jeito – não há um personagem, nada é fake. Gil é exatamente daquele jeito.

Lembro de nossa conversa, quando ele contou que se apaixonou pelo Fluminense por conta da heráldica do escudo, bem como de seus botões tricolores. Que tarde aquela!

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O Fluminense precisa se libertar urgentemente desse movimento de farsa que insiste em rodear o clube.

Da irresponsabilidade de blogueiros chapa branca, passando pelo discurso de apequenamento de tricolores ignorantes, querendo fazer crer que o oitavo lugar é bom, ou que a Primeira Liga é um título dos maiores, até desaguar num mar de sandices, muitas vezes estimuladas por charlatões e picaretas no papel de jornalistas e influenciadores – sem que se conheça seus currículos fora do circuito gossip show tricolor. É claro que há boas e honrosas exceções, mas parte considerável dessa turma é chorume jornalístico.

Pior ainda são os promoters da gestão do clube, que não conseguem sequer disfarçar a cara de pau na defesa de “reforços” como Wellington, Lucca e, se bobear, até o devolvido Rafael Ribeiro, querendo tratar o público como idiota ao fazerem defesa do indefensável. Ou que a aquisição de Caio Paulista foi um bom negócio do ponto de vista financeiro. E o que dizer dos que defendem turno de campeonato como título, apenas para amenizar os nove anos sem conquistas significativas? Ou que a Primeira Liga era praticamente a Libertadores?

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Com todo respeito aos clubes de menor investimento, o Fluminense não é um time pequeno.

Logo, não é normal que fique quase uma década sem um título de respeito.

Não é normal que torcedores considerem o oitavo lugar no Brasileiro uma colocação aceitável, nem comemorem o quinto lugar como um título, nem ainda que achem normal ir à Libertadores para figuração.

Não é normal ser Fluminense e dar as mãos para a figuração inofensiva.

Bom, ao menos para os que conheçam minimamente a história do clube.

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Ninguém, absolutamente ninguém, vai determinar a hora que alguém deve ou não protestar ou vaiar quem quer que seja. Nem grupelho, nem jornalista sem currículo, nem presidente e o raio que o parta.

Quem quiser fazer claque, que procure vaga em programa de auditório.

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O Fluminense está mergulhado numa crise de identidade, talvez a maior de sua história. E boa parte dessa crise é montada para manter o status quo, tudo ficando devidamente como está.

Discurso de ótima gestão de dívidas, valorização de campanhas medíocres, supervalorização de jogadores fracos, apequenamento de objetivos e promessas descumpridas, apoio incondicional em atuações pavorosas, patrulhamento de quem discorda do sistema, tudo isso não vem de agora mas, para a sobrevivência do Fluminense, é fundamental que não passe de 2022.