Uma semana de grandeza tricolor (por Paulo-Roberto Andel)

Por diversos motivos, que sequer poderiam ser combinados, o Fluminense tem vivido uma semana gloriosa, cujo desfecho é esperado para este sábado com enorme expectativa.

A atuação suprema e convincente diante do Corinthians, temperada com o gol de Fred, tem atravessado os dias e se juntado a outras datas significativas para o Tricolor, tais como os oito anos da passagem de Assis e o aniversário de 110 anos do maior clássico mundial: o Fla x Flu. Tudo se acumulou num breve espaço de tempo.

Há muito, os tricolores sem a vocação do comodismo cobravam um Fluminense que, se não fosse campeão, pelo menos desse a impressão de verdadeiro competidor dos títulos. Passamos por maus bocados: as derrotas na final do Carioca 2021, somadas à eliminação insossa na Libertadores daquele mesmo ano, e ainda ao fracasso retumbante nas duas competições continentais deste 2022, compuseram um pacote de mal estar que o Carioca deste ano, merecidamente comemorado, só havia aliviado parcialmente. Por isso se explica a euforia de agora: é que, embora não esteja em nenhuma decisão neste momento, o Flu já vinha de vitórias arrebatadoras como a conquistada sobre o Atlético Mineiro – e a apoteose diante do Timão deu mais uma cartada para o grande momento.

É o Fluminense jogando com a grandeza que dele se espera.

Ainda não se pode prever onde vai desaguar a temporada tricolor em 2022. No futebol, a euforia e a decepção muitas vezes andam lado a lado na mesma calçada, e também não se deve transformar a saudável euforia em megalomania insustentável, típica dos idiotas da objetividade, porque o mestre Muricy Ramalho já ensinou: a bola pune. Contudo, a grande felicidade do Fluminense nestes dias vem de lembrarmos do seu verdadeiro tamanho às vésperas dos seus 120 anos. O Tricolor abre as cortinas do passado e sonha com grandes voos. Pensa na glória, não no ocaso. Pensa no protagonismo e não na coadjuvância.

A história tricolor é tatuada pela grandiosidade. Se Fred se tornou um ícone tricolor no século XXI, é porque o clube o buscou no momento certo em 2009. O mesmo vale para outros grandes nomes da nossa galeria, tais como Rivellino, Ademir Menezes, Assis, Romeu Pelicchiari e Marcos Carneiro de Mendonça. Se o Flu participou de Fla x Flus memoráveis nas Laranjeiras, é porque dispunha de um dos melhores estádios do Brasil. E como o livro dos dias tricolores não é autoria de um único escritor, também vale a pena louvar e celebrar nomes como os de Arnaldo Guinle, Francisco Horta e Celso Barros entre tantos outros, arquitetos de fatos que até hoje nos fazem suspirar e sonhar com a vocação da eternidade, costurada pelo nosso maior escriba: Nelson Rodrigues.

Haja o que houver, o Brasil estará com seus olhos e ouvidos atentos para o grande ato deste sábado. Tem Maracanã, tem a imensa torcida, tem o adeus do ídolo, a saudade do Carrasco, o aniversário do clássico maior e muito mais. Que rolem os dados.

1 Comments

Comments are closed.