Uma “hinchada” conhecida (por Walace Cestari)

Um clube não pertence à sua cidade. Um clube como o Fluminense tem vocação para atravessar fronteiras. A Taça Libertadores é a grande prova deste potencial: tornamo-nos frequentadores assíduos, temos um nome conhecido nas Américas.

Um bom exemplo está em Santiago do Chile, onde há um núcleo de torcedores tricolores, a FluChile, ou, como se apresentam: La Hinchada Tricolor en Chile. O criador dessa torcida é um fluminense de Nilópolis, há mais de uma década em terras chilenas, Maurício Sampaio.

Fanático pelo Flu, Maurício é o típico boa praça: simpático e sorridente, adora contar suas aventuras no Chile e claro, falar do Fluminense. Sua torcida congrega uma legião de setenta pessoas, das quais nem dez são brasileiras. O perfil da Hinchada no Facebook conta com mais de três amigos, no Brasil e no Chile.

Maurício só fica sério quando fala da falta de uma maior exposição do Flu por aqui. Há, por exemplo, dezenas de lojas da Adidas espalhadas pela cidade, nenhuma exibe uma camisa do Fluminense sequer. Por isso, Maurício sonha em abrir uma escolinha de futebol da Hinchada e estreitar a relação com o clube, buscando a criação de planos de associação para torcedores que estão em outros países. Além disso, claro, falamos de futebol.

E como um de nossos adversários é das terras andinas, nossa conversa foi regada a futebol chileno e às possíveis surpresas que o desconhecido Huachipato pode aprontar. E tome desconhecido nisso. O Club Deportivo Huachipato é um clube pequeno do Chile, sediado na cidade de Talcahuano, na província de Concepción. Isso já dá uma prévia da jornada que farão os tricolores para acompanhar as três cores pela América: três horas até Santiago, seis até Concepción e, pelo menos, mais uma hora e meia até o estádio.

Apesar de não ser uma das forças do futebol chileno, que conta com La U, Colo Colo, Universidad Católica como principais equipes, o pequeno Huachipato surpreendeu e venceu o Clausura 2012. Ninguém está na Libertadores por acaso. Mas, nem a imprensa de Santiago dá muita atenção ao Huachipato, não apostando muito em sua classificação para uma eventual segunda fase. No campeonato atual, vem mal, ainda sem vencer.

Mas venceu. Venceu o Grêmio na nova arena. Por isso, é bom tomar cuidado. Não que tenha apresentado um grande futebol, nem grandes destaques individuais, mas foi um time aplicado na marcação e com uma saída rápida nos contra-ataques. Dirão que o Grêmio não aproveitou as oportunidades que criou, mas o fato é que o time chileno não se amedrontou fora de casa diante de um clube tradicional na Libertadores. Isso dá moral e conquista a simpatia dos chilenos, que vibraram muito com a vitória nos bares locais.

E por falar em bares chilenos, não é que o nosso representante Flu-andino, trabalha em uma churrascaria brasileira? E lá, assistimos ao jogo de quarta, em meio a picanhas, maminhas e caipinrinhas. Tensos com a apresentação da equipe, felizes com o resultado.

Não é que o time não tenha jogado bem. Ou que tenha. Fez contra o Caracas o que fez em todo 2012: goleou de 1 x 0 com sofrimento no final. Confesso que não gosto, acho que temos time para manter uma pressão e conseguir pelo menos uma vantagem maior antes de jogar unicamente à base dos contra-ataques. Até porque, depois de certo tempo, damos tanto campo ao adversário que não armamos mais jogadas de contragolpe, mas chutões em busca de alguém que possa resolver. É pouco para o elenco que temos, apesar de três pontos fora de casa na Libertadores serem de suma importância para a classificação.

Mas é a Libertadores. Bernardo O’higgins é chamado assim por aqui. E os chilenos tem outros nomes na ponta da língua: Fred e Deco. Especialmente o luso aqui tem fama. Quem sabe não sai dos pés dele nossa libertação?

O Fluminense é hoje o que se forjou no passado. Não vai jogar como poesia de Neruda. Vai afugentar fantasmas de qualquer casa de espíritos em que jogue. O time amadureceu. E a torcida também. Como mineiros chilenos, também soubemos vencer nossas dificuldades. Vamos vencer. Vamos lutar. Como Allende, até a morte, pelo Flu, se preciso for.

Walace Cestari

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin

3 Comments

  1. Viva o Flu!
    Viva Neruda!
    Viva Allende!
    Viva La Hinchada Tricolor en Chile!

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