Um pouco do jogo, de seleção e de história (por Mauro Jácome)

Quando os melhores foram o goleiro e um dos zagueiros, é sinal que a coisa não foi bem. Mesmo com o 1 x 0 e a ocupação da segunda colocação, os torcedores ficaram insatisfeitos com o comportamento do time dentro de campo. O time não criou quase nada. As tentativas foram, geralmente, pela batida bola aérea. O Thiago Neves não estava bem nas cobranças de faltas e de escanteios, logo, essa jogada fatal não fez efeito.

Cavalieri foi o artista do espetáculo. Tudo bem, não teve espetáculo, mas o goleiro pegou muito. Pelo menos umas quatro defesas. Cavalieri vem fazendo uma ótima temporada e tem sido fundamental. As vitórias contra o Palmeiras e contra o Náutico devem ser capitalizadas na conta do Cavallieri, além de outras partidas em que fez boas defesas.

O segundo personagem do jogo foi o Gum. Fez uma marcação implacável no bom atacante Barcos. É um zagueiro de extremos. Ou está muito bem, ou está muito mal. Antes de se contundir, estava muito mal. Ficou foram um tempo razoável e, quando voltou, fez uns jogos inseguros, mas vem atuando muito bem. Não é um primor técnico, mas joga com uma seriedade impressionante.

Wagner vinha jogando bem, mas a pancada no joelho o tirou de campo. Tomara que seja uma coisa de rápida recuperação, pois o jogador vem crescendo e fazendo uma dupla interessante com o Carlinhos. Só que recuperação rápida no Departamento Médico do Fluminense…

No jogo da próxima quarta-feira, mesmo fora de casa, o Fluminense tem que ir com tudo. Tem que aproveitar a instabilidade dos jogadores celestes. A torcida deles está muito insatisfeita e, nos primeiros erros, já começa a vaiar.

O Atlético vai a Goiânia enfrentar o xará. Bom momento para uma zebrinha. Está difícil o Galo perder pontos, mas ninguém ganha sempre; ninguém perde sempre.

UM POUCO DE SELEÇÃO

A Seleção é o reflexo do momento do futebol brasileiro: o futebol sem imaginação. Reclamamos tanto do futebol jogado pelo Fluminense no Campeonato Brasileiro, mas o problema é generalizado.

Privilégio da jogada aérea ensaiada em detrimento do toque de bola.

Quando um jogador de habilidade pega na bola, os companheiros correm para a entrada da área esperando um lançamento. Uma falta ao lado da área, dependendo do time, é quase um pênalti. Quando um jogador habilidoso, rápido, driblador, pega na bola, sai em disparada para tentar resolver sozinho. Nada de jogada ensaiada.

Mano Menezes é um exemplo perfeito dessa geração de treinadores que acreditam e treinam seus times para as bolas-paradas-em-movimento e deixam à sorte o que resta de ímpeto, de criatividade, de improvisação do jogador brasileiro.

UM POUCO DE HISTÓRIA – O que já se escreveu sobre o Fluminense

UM BURRO FAMOSO

Os fundadores do Fluminense, quase todos educados na Suíça e na Inglaterra, não criaram uma sociedade apenas para fins recreativos, mas sim uma organização esportiva em que tudo foi cuidadosamente planejado e executado. Em todas as resoluções da primeira diretoria, o pesquisador nota a preocupação da providência exata, clara e minuciosa. A 21 de outubro de 1903, os austeros dirigentes deliberaram contratar “um homem competente para dirigir o serviço de capinação do campo”.

Contudo, a foice, como instrumento então em uso, não podia operar milagres. Contornando a dificuldade, o Fluminense encomendou, na Inglaterra, moderna máquina de cortar grama, impulsionada por força animal. E, logo após sua chegada ao Rio, comprou um burro que se tornou popular sob a denominação de Faísca.

Faísca era da linhagem do célebre Ruço de Sancho Pança. Sereno e pachorrento, mas compenetrado, executava sua tarefa com inalterável gravidade, atitude compatível com a seriedade dos diretores e também decorrente das luvas que lhe enfiavam nas patas, antes de atrelá-lo à máquina, a fim de que as ferraduras não causassem sulcos no gramado…

Faísca mereceu até uma referência especial no Relatório de 1904, que o integrou não só na história do Fluminense como também na do próprio football brasileiro: “O animal que compramos tem dado provas de resistência”.

Coelho Netto, Paulo – O Fluminense na Intimidade, Vol. II, 1969

Mauro Jácome

Panorama Tricolor/ FluNews

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Revisão: Rosa Jácome

Foto: http://colmeia.biz/2012/06/serie-times-do-brasil-6-curiosidades-sobre-o-fluminense/

6 Comments

  1. E esse negócio do Fred com o Cruzeiro não me desce mto bem… Tem que honrar a camisa que está vestindo. Tudo bem, pode ter o carinho, mas dizer que não comemora gol eu acho um pouco demais. Mas não pode ter medo de fazer o gol neles…

    1. Detesto esse papo de não comemorar. Acho desrespeito com a torcida do time. Quando interessa, jogador diz que é profissional e não tem time. Não vejo jogador não comemorar gols quando joga no Corinthians ou no Flamengo. A imprensa cairia de pau nos caras e incitaria a torcida.

  2. ST***

    Concordo com a leitura do ultimo jogo. Acrescento que este tem sido o padrao.
    Tambem digo que o Brasileirao e a Selecao equivalem-se na mesma filosofia e resultado.
    Sobre o burro Faisca, e` verdade… havia um tempo que ninguem lembrava dele!

    Excelente trabalho, xara`!

    1. Obrigado. Hoje tem Cruzeiro e ganhar é fundamental. Acho que os Atléticos empatam.

  3. Abel burro!!!! Deixou perdermos o Rafael Moura.
    Abel burro!!!!

    Mano burro!!! Joga com Marcelo (a piada do futebol das Olimpíadas), Oscar, enquanto tem Pato e Lucas no banco.
    Mano Burro!!!

    1. Calma, camarada!

      Foi muito dinheiro pelo RM. Irrecusável. E ele nem estava bem.

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