É claro que todo tricolor ansiava por uma vitória anteontem diante do Friburguense no Engenhão, o que acabou não acontecendo. O empate em 2 x 2 foi justo no fim das contas, numa noite tranquila, de pouco público (22 horas, televisão aberta) e com direito a uma sensacional galhofa de um torcedor nosso, colocando uma rede para descansar na arquibancada junto a um cartaz de férias (leia-se “esperando a Libertadores”). Explico minha opinião.
Primeiro, o time serrano foi disparadamente o melhor dos adversários mais humildes que já enfrentamos este ano. Com jogadas rápidas, muita disposição e mostrando que não faria papel de pequeno na partida, agrediu, acertou nossa trave e podia ter marcado já no primeiro tempo, onde Cavalieri apareceu com a eficiência costumeira.
Segundo, o Fluminense não impôs seu ritmo de jogo, fato compreensível por conta da sua (esperada) escalação laboratorial, consequentemente desentrosada – o que afetou diretamente nossa marcação, por exemplo. Felipe teve atuação discreta em sua estreia (dentro do que se sabe que pode produzir), mas deu passes excelentes, quase fez um gol logo de início e, de seus pés, saíram as principais jogadas que derivaram em finalizações do Fluminense – muitas delas defendidas pelo excelente goleiro Adilson. O lateral Monzón também foi quase discreto, mas não comprometeu. Tudo está no começo, não há motivo para faniquitos e frenesi algum. Claro, alguns têm impaciência com Diguinho e seus passes errados, as caneladas do miolo de zaga, alguns tropeços de Wellington Silva e Rhayner; estes dois últimos, no entanto, mostraram grande disposição e serão importantes no decorrer do ano. E Rhayner sofreu um pênalti não marcado pelo jovem árbitro Bruno.
Terceiro, depois que o Friburguense conseguiu fazer 2 x 0, foi elogiável a reação tricolor, bancada pelas boas mexidas de Abel. Os serranos fizeram dois gols muito bonitos. O primeiro, num chute de primeira de Jorge Luiz, típico dos velhos tempos do futebol brasileiro, após ter recebido um longo passe do veteraníssimo Sérgio Gomes. Fred veio a campo, Felipe jogou mais recuado, o Flu partiu para cima e acabou sofrendo o segundo gol num contra-ataque: Adilson, em grande fase, lançou a bola, Wellington Silva titubeou e o também veteraníssimo Ziquinha encobriu Cavalieri, ampliando o marcador.
Quarto: do outro lado há um adversário. Convém lembrar aos desavisados que o futebol é o único esporte do mundo onde um time notadamente inferior pode fazer jogo duro contra um adversário superior. Ou até vencer. Foi o caso do Friburguense, que vendeu caro o empate: seu goleiro foi o melhor homem em campo. Para Leo Prazeres, Wagner foi o pior.
Com Fred na partida, a coisa mudou positivamente. Cabeçadas outrora longe do gol passaram a ser risco iminente para Adilson, trabalhando muito nas defesas. Chutes mascados passaram a tomar a direção da meta. Logo depois, Marcos Junio, em lugar de Samuel, descontou num chute forte, diagonal esquerda da pequena área. A reação aumentou depois do primeiro tento e, bem antes de Anderson empatar em boa cabeçada aos 38 minutos, o Fluminense já poderia ter chegado lá. O garoto Eduardo entrou bem (fez o cruzamento de escanteio que resultou no 2 x 2), substituindo Wagner, este em noite opaca mas menos grave do que Leo quis dizer, acho. Rhayner foi expulso injustamente. No fim, Fred quase virou a partida, mas 3 x 2 no finalzinho é um placar que precisa ser usado em jogos de altíssimo impacto; melhor economizá-lo, então.
Ninguém há de comemorar um empate contra o respeitável Friburguense; entretanto, é preciso ler as nuances. Começamos agora, o nosso time está com o foco voltado na Libertadores e, depois de deixarmos o campo ontem, continuamos firmes na briga pela vaga às semifinais do campeonato carioca. Não se confunde um ponto com uma reta inteira, nem um momento com a história inteira. O Fluminense ainda vai escrever muitas páginas de alto quilate. Respeitemos os adversários. E também o nosso time.
Do outro lado do continente Brasil, o poderoso Grêmio se descabelava anteontem diante da LDU para se classificar no certame continental, em noite de perigo com a queda do alambrado e, mais tarde, a tensão dos penais. Curioso foi, logo após a decisão, ver nas ruas a decepção dos torcedores da Gávea com a classificação gremista pelos bares: muitos deles sinceramente acreditavam que o time equatoriano seria uma espécie de Uruguai 1950 no caminho do Fluminense. Ledo engano: nós não caímos nessa esparrela quando o Santo André ganhou o Brasil. Ao contrário da LDU, o Fluminense está na Libertadores de 2013.
Tantos anos depois, há sinais claros de que as inesquecíveis lembranças de Flávio, Assis e Renato Gaúcho ainda provocam muitos calafrios – e rancor – do outro lado da arquibancada.
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Contato: Vitor Franklin
Fala Andel
Começou as sacanagens das arbitragens da fferj, penalti claro não marcado em Rhayner.
Lateral-direita: Bruno titular e Igor Julião reserva.
À frente do Rhayner nesse elenco pro ataque, incluindo atacantes de referência: Fred, Samuel, Michael, Wellington Nem, Rafael Sobis e Marcos Júnior, o Rhayner talvez empate com o Matheus Carvalho.
Edinho que foi muito bem contra o olaria, ontem perdeu uma bola infantil, não conseguiu acompanhar o adversário e quase resultou num gol do friburguense.
Pra fechar, digo mais uma vez, tirando o gramado, parabéns ao grêmio pelo belíssimo estádio, aplaudo de pé.
Paulo responde: Breno, “equivocos” contra o Flu já são padrão…
Aê Andel! Você está certo! Temos que respeitar o adversário, sempre. A propósito, em qual rua de Friburgo esse time foi catado? 😛
Paulo responde: se fosse em Campos, era na rua da Cebola.
Em Volta Redonda, na 01 de maio.
Agora, em Friburguer não sei dizer 🙂