Um Fluminense formidável (por Marcelo Savioli)

O TRICOLOR – informação relevante.

Amigos, amigas, sem dúvida alguma, estamos diante de um Fluminense formidável, um dos melhores times do Brasil, se não do mundo, na atualidade. Vamos deixar a modéstia de lado e encarar os fatos com sobriedade. O que o Fluminense fez com o Cruzeiro, em duas ocasiões – e olha que estamos falando do bicampeão da Copa do Brasil – é prova inconteste do que estou dizendo, mas não é só.

Reparem os amigos que três times ousaram jogar ofensivamente com o Fluminense: Santos, Grêmio e Cruzeiro. O Cruzeiro, no caso, no jogo de ontem. Foram dez gols. Contra o Santos, fizemos só um e perdemos o jogo, mas poderíamos ter feito mais. Isso significa dizer que o nosso problema é furar retrancas, mas é um problema que já tem a solução pronta, que atende pelo nome de João Pedro. Um gol de artilheiro e outro de craque, foi o que fez João Pedro ontem no Maracanã. Quando enfrentamos adversários retrancados, precisamos ter o cara que decide em uma ou duas bolas.

Diniz tem um problema, porque tanto Luciano, quanto Yony, são extremamente importantes taticamente. São jogadores que combatem a saída de bola e se entregam ao jogo, com muita movimentação, vontade e respeito à camisa. O que não podemos abrir mão é de ter um jogador como João Pedro ou Pedro em nosso ataque. Para complicar mais a situação, ainda tem o Marcos Paulo, que é precisamente o que chamamos de craque. Cracaço. Como é que você faz para deixar um cracaço no banco?

É um problema e, ao mesmo tempo, uma solução, porque significa que temos um elenco poderoso do meio para frente. Diniz pode errar à vontade, que vai acertar, exceto não aceite o fato de que precisa ter um matador desde o início das partidas. Tomar essa decisão não vai fazer o Fluminense forte, porque forte o Fluminense já é de qualquer maneira. Vai fazer do Fluminense um time indigesto, insuportável, quase imbatível.

Grande parte do estupendo crescimento do Fluminense se deve ao retorno de Daniel ao time titular. Daniel é o centro gravitacional do esquema de Diniz. É o cara que se movimenta em todos os setores do campo, faz a bola de segurança, distribui jogo e ainda qualifica a última fase do jogo ofensivo, porque é extremamente inteligente. Tenho dito, e já faz uns três anos que o faço, que é um dos maiores do mundo em sua posição.

Só que nós temos uma outra peça descomunal, que atende pelo nome de Allan. Allan é a bola de segurança quando o Fluminense tem que sair jogando. Tem solução para tudo, até para resfriado. A gente olha o Allan jogando e não acredita que é possível alguém fazer aquelas coisas naquela faixa de campo. A próxima gestão tem que se mobilizar para atrair investidores e fazer de tudo para reter Allan e Caio Henrique, nem que tenha que pagar por seus direitos econômicos. Assim como é fundamental que o Fluminense entre em acordo com o Watford para manter João Pedro por aqui até a final do Mundial de Clubes, em dezembro de 2020.

A providência mais importante, no entanto, é sentar com Fernando Diniz e montar um projeto para que ele fique à frente do nosso futebol pelos próximos cem anos. Diniz é um sonho que não pode ser interrompido. Acene-se para ele com a estruturação de seu modelo de jogo como paradigma de toda estratégica futebolística do Fluminense para a eternidade. Que seja implantado já no fraldinha e permeie toda a formação do Fluminense, de modo a garantir que noites como a de ontem se perpetuem.

Eu sei que algumas de minhas afirmações podem parecer um pouco exageradas. Não há dúvidas de que são, só um pouquinho. O exagero vem do fato de ver o meu pensamento espelhado naquilo que estou vendo. Vem, mais que isso, do desejo ardente, intenso e incontrolável de ver o Fluminense gigante e protagonista, uma Máquina.

Que time, amigas, amigos, que time!

***

O nosso querido presidente Pedro Abad se esforça de todo jeito para se enquadrar no personagem de Romário, o famoso “calado é um poeta”. Eu não tenho a menor dúvida de que Abad é uma pessoa íntegra e bem intencionada. Não compactuo, de forma alguma, com a tese esdrúxula de que Abad é o pior presidente da história do Fluminense. Não é.

Em que pesem suas limitações, vai nos deixar como legado um dos melhores times do mundo, com um dos melhores treinadores do mundo. Vai nos deixar um Fluminense, ainda que em posição financeira delicada, salvo da falência. Abad, financeiramente, trouxe o Fluminense à realidade e vai deixar um clube administrável, ao contrário daquela bomba relógio que recebeu. Deveria, inclusive, completar seu mandato, mas aí é uma questão pessoal.

O problema é que o Abad é o retrato da Flusócio, uma visão limitada de Fluminense, embora muito mais ampla do que aquela que estava em vigor e até ameaça retornar. As declarações de Abad sobre o projeto de revitalização das Laranjeiras e sobre o projeto de “vender” Xerém mostram claramente essa limitação. A gestão da Flusócio de 2011 a 2013 foi um degrau superado na subida do Fluminense ao patamar dos clubes atualizados. Só que não vai passar disso, como não passou a partir de 2014, exceto pela construção do CT, apesar das condições como isso foi feito.

Se você analisa a ideia de atrair investidores para Xerém, isso se aproxima, de alguma forma, daquilo que venho pregando há séculos como um eremita falando com as pedras. Tem que usar Xerém como ativo econômico, sim, mas para pagar a dívida, para gerar investimentos, e não para pagar despesas. A ideia de atrair investidores passava bem distante do que tenho pregado por aqui, mas tinha e tem fundamento. Teríamos recebido um aporte financeiro de R$ 110 milhões no início ou meio de 2017, mais um aporte indireto de R$ 30 milhões, já que os investidores bancariam os investimentos em Xerém durante dois anos.

O que nós ganharíamos com isso? Capital de giro, renegociação de dívidas e valorização comercial de nossos ativos. Não precisaríamos ter vendido Richarlison por quarenta e poucos milhões. Não teríamos, com isso, brigado contra o rebaixamento em 2017. Teríamos vendido Richarlison, no mínimo, pelo dobro. Não teríamos vendido João Pedro por um valor risível de no máximo R$ 40 milhões.

Vou parar por aqui, porque esse é um assunto para ser tratado dentro do contexto econômico. Por ora, fiquemos com a conclusão que já é mais velha que o Ford Bigode. Peter deixou o Fluminense engatilhado para sobreviver – eu não disse viver – da venda de jogadores, nada mais que uma fábrica e, ao mesmo tempo, uma vitrine. Essa é a visão da Flusócio. Seria mais recomendável abrir um supermercado ou um e-commerce.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade