Tirando a ferrugem (por João Leonardo Medeiros)

Magnata Shakthar

O título não se refere aos jogadores. Refere-se a mim mesmo: depois de um ano falando praticamente de bastidores de um clube que fez tudo menos jogar bom futebol e de um merecido recesso, pretendo cumprir uma determinação de ano novo. A promessa é simples: falar de dois temas que eu adoro – Fluminense e futebol. O problema é que, depois de tanto tempo tratando de coisas bem menos interessantes, estou mais enferrujado que o Wellington Nem. Espero não fazer feio nas linhas que seguem. 

Gostei muito da pelada de casados contra solteiros de domingo, muito embora tenha tido uma certa dificuldade em distinguir o time dos casados do time dos solteiros. Na verdade, considerando o número de substituições dos dois times, creio que tenham jogado solteiros, casados, divorciados e viúvos, sem ordem definida. Numa confusão daquelas, é difícil tirar alguma conclusão definitiva, mas não arriscar alguns palpites. 

Primeiro, acho que Gum fica e vai ser titular. Sei que a maior parte dos tricolores preferia ver nosso antigo guerreiro jogando no time do Conca, na China. De minha parte, acho que, depois de um ano terrível, em que lutou contra tudo e contra todos, desde a cirurgia até a bola, Gum vai se firmar na zaga, junto com Henrique. Marlon deve sair, vendido e não vejo Renato Chaves, Elivélton ou Nogueira em condições de barrar Gum (ao menos se ele voltar a jogar o que jogou em 2014 antes de se machucar). Se voltar à forma de 2012, nem Marlon barra Gum. Claro, em 2013 foi pavoroso, mas em 2015 o cara passou o ano se recuperando de vários problemas de saúde. 

Certo seria ter um zagueiro confiável em 2015 para que Gum pudesse se recuperar. Mas até Marlon, que é promissor, entregava a rapadura a cada duas partidas, contabilizando diversos gols contra inclusive (lembro de dois no Flu e um na Seleção), de maneira que o cara teve de voltar a campo. Pessoalmente, preferia ver outro zagueiro no lugar de nosso ídolo, até para poupar a imagem do cara, mas não creio que esse zagueiro esteja em nosso elenco. 

Segundo, creio ser justificado o temor da galera pelas laterais. Dependemos de muitos “se” (ou seu plural) aqui: se Jonathan parar de fazer a dieta de Walter, se Wellington Silva aprender a diferenciar futebol de pelada, se Leo vingar, se Giovani e Airton forem trocados os dois por um bom lateral. Enfim, a situação é nebulosa. Mas, sendo otimista, vai dar Jonathan magrinho e Leo cracaço na cabeça. E aí o resto vira até reserva razoável, embora tenhamos de combinar com os dois titulares que eles não se machuquem jamais. A propósito, sei que o pessoal ficou meio apavorado com a entrada de Jonathan no Dentinho. Foi esquisita, mas longe de ser a tentativa de homicídio que Junior e Escobar afirmaram ter sido. A propósito, em outra demonstração de recalque, o primeiro comentário do Junior, espinafrando gratuitamente o Henrique, foi digno de pena. 

Terceiro, acho que estamos cheios de ótimas opções do meio para a frente. Com toda honestidade, se o Fluminense não montar um bom meio e um bom ataque com o elenco que tem à disposição, a culpa exclusiva será do senhor Eduardo Baptista e precisaremos trocá-lo antes do Brasileiro. Minhas escolhas: Douglas, Cícero, Scarpa, Diego, Marco Junior (ou Nem) e Fred, com o Richarlison sendo testado desde o primeiro jogo, entrando no segundo tempo. Se corresponder, ganha a vaga ao lado do Fred, porque parece ser excelente, lembrando um pouco o estilo do Ronaldo em começo de carreira, bem dentuço ainda. Antes que alguém pergunte: eu testaria o Edson na zaga ou na lateral direita, como titular mesmo. Lembro que já jogou em ambas as posições e foi muito bem.

Enfim, temos um elenco razoável que, bem comandado, pode dar um ótimo time. Ou seja, um time capaz de disputar a Copa do Brasil e a Primeira Liga, além de, com poucos ajustes, entrar na briga pelo Brasileiro. Só não temos time para ganhar o Estadual do Rio, uma competição que exige talentos de que, realmente, não dispomos, até porque se concentraram todos nos rivais (os três, dos quais um está meio escanteado, mas já, já, volta ao centro do poder local). Para quem começou o ano passado numa grande crise, com uma camisa remendada, com um “jogador” de 200 kg no comando de ataque e tomando uma goleada, a mudança é radical. 

Estou otimista. Só dá Flu.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: Rods

PANORAMA 2016 2

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