Veio buscar no Rio de Janeiro e, mais especificamente no Fluminense, que lhe abriu as portas, a sua Pasárgada. Regiamente remunerado, cercado de bajuladores aos borbotões e de mulheres disponíveis à sua lascividade, tornou à sua mansão, a “casa da mãe Joana”, pretendendo fazer do Fluminense a sua extensão
Mas não quero admitir um meio de tabela com um clube cheio de interesses fora de jogo. Não quero admitir ficar no meio da tabela e ver membro da diretoria se promover com gol no meio de campo
O principal problema é outro, muito outro: nossas estruturas internas estão há muito tempo corroídas. É isso que tem nos impedido em voos de grande porte, levando a uma beliscada ali, outra aqui. O sentido de grupo, de valorização do coletivo, capaz de transformar o Flu em uma verdadeira representação de sua imensa torcida, acaba não sendo prioridade
Logo mais tem mais na provável complicação no Couto Pereira, contra um adversário que busca recuperação. Tomara que o Flu faça valer sua tradição de se superar nos momentos mais improváveis. Se cabe um consolo, pelo menos não estamos enfrentando o Coxa na rodada 38 em 2009. A situação pontual era muito pior, por incrível que pareça. O que está longe de significar que os momentos atual e logo adiante estejam sob controle
Depois de manter Cristóvão e contratar Ricardo Drubscky, prestigiar um técnico que perdeu oito dos últimos dez jogos (repito para crer), mostra que seu departamento de futebol está novamente tropeçando nas próprias pernas e retirando as chances do Fluminense fincar-se nos trilhos
Em menos de 15 dias, um mesmo árbitro cometeu dois erros graves contra Fluminense e Vasco. Para um mesmo clube. Nenhuma menção a essa pequena coincidência
Não nos importa saber quem é o culpado, quem contribui para essa situação. O ponto é resolvê-la o quanto antes. Não se constrói uma transição para o futuro sem os pés no presente. Se acabarmos com o presente do Fluminense, não haverá quem possa usufruir de seu futuro glorioso
Como se vê, o problema é bem maior do que o Ronaldinho. Cavalieri foi o melhor homem tricolor do começo ao fim. Como sofre o dedicado e incansável Scarpa. No fim, teve até expulsão rubro-negra
Enderson Moreira é um cara sortudo. Tem contado com a infeliz coincidência das arbitragens catastróficas que nos prejudicam para justificar seu pífio comando técnico à frente do Fluminense. E quando não são as arbitragens, tem uma falha aqui, outra ali, um cansaço, ou outra qualquer desculpa para atenuar a sua incompetência
Não, Fluminense! Não e não! Amanhã é vencer ou vencer. Façam o possível e o impossível. Dêem o que tem e o que não tem. Suem sangue naquele gramado e tragam três pontos que moralmente valerão 10
Mesmo antes da chegada de Ronaldinho, o Fluminense já vinha se acovardando em campo, entregando para times pequenos ou em situação crítica no campeonato. E hoje, Deus e o mundo nos ultrapassando
E estamos nós, debruçados sobre resultados, remoendo as possibilidades e querendo o que já dispensamos. Somos a insatisfação em forma de torcida. A incoerência patológica em gritos passionais. Um caso freudiano, sem dúvida ou com dúvidas, certamente. Queremos a saída do treinador dos maus resultados das últimas rodadas. Volta Abel. Volta Cuca. Amamos hoje aqueles que pedimos para sair no passado
Mas já deu no saco essa falta de autocrítica: num dia a culpa é do Marcos Júnio, noutro dia é a foto do Ronaldinho, noutro é o árbitro. O Atlético e outros times tiveram problemas semelhantes e estão aí. Vamos reduzir oito rodadas a três lances?